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AEP

Batem à porta. Quem será?

1000 668 Aliança Evangélica Portuguesa

Tocavam à campainha da nossa casa com muita frequência. Eram os nossos amigos, os conhecidos e, tantas vezes, pessoas que precisavam de desabafar os seus problemas e ouvir conselhos e palavras de ânimo. No seu ministério pastoral os meus pais as recebiam, escutavam, conversavam, disponibilizavam o telefone, enfim, quantas vezes recebiam crianças enquanto os pais iam trabalhar, jovens que precisavam de tempo para arranjar casas onde ”servir” (como se dizia na época) e, até, recordo-me de uma idosa, sem abrigo que se recusava a tomar um bom banho…

Revisitando esse tempo guardado na memória, sinto saudades daquela casa.  Tinha um corredor comprido ladeado pelos vários quartos onde dormíamos aos pares (porque oito a dividir por dois dá quatro) mais o principal que era dos pais, quase sempre com um berço para mais um bebé que chegava à família. Ainda sinto o conforto daquele primeiro andar onde os anos passavam devagar, as férias da escola eram longas, os amigos entravam e saíam num corrupio para as brincadeiras, para estudarem connosco, e chegada a hora, lanchavam connosco. Havia sempre mais um prato na mesa para um deles ou para quem chegasse de improviso.

… Como era possível que, do pouco, ainda houvesse alguma coisa para partilhar além do carinho e compreensão para com vidas tão sofridas!

Nesta visita a tempos distantes e preciosos, recordo um fim de tarde, quase noite, em que alguém batia à porta da rua e tocava à campainha ao mesmo tempo, num sinal de aflição e desespero. Era uma senhora chorando copiosamente, com uma criança pela mão. Abraçou-se à minha mãe sob o olhar atento e preocupado do meu pai e foi encaminhada para uma sala para conversarem. Fechada a porta, ficámos sem saber de que perigo fugia.

Recordo que mãe e filha ficaram connosco. A senhora ajudava nas tarefas diárias, já não chorava e a pequenita entrou nas nossas brincadeiras. O que a trouxera ali “não era assunto para as crianças”. Houve telefonemas, cartas para lá e para cá…

Quanto tempo passou não sei, mas a nossa curiosidade teve parcial resposta quando, numa tarde igual a tantas outras para mim, a campainha voltou a tocar. “Quem será?” Foi o meu pai quem desceu as escadas para abrir a porta, enquanto o nervosismo da hóspede inesperada foi bem visível. Era o seu marido que a abraçou, em lágrimas, assim como à menina e foram encaminhados, sozinhos,  para a mesma sala onde ela estivera no dia da sua chegada. Quando saíram estavam reconciliados, partindo juntos entre abraços tranquilos e sorrisos felizes dos meus pais e o espanto, algo envergonhado, dos que por ali estávamos.

Batem à porta! Quem será?

Regresso ao presente e pergunto-me: quantas vezes batem à minha porta!  Quem será e do que necessita? De que forma escuto, abraço, ajudo?

Dirigindo a mesma pergunta aos leitores, será que disponibilizamos alguma parte do que somos e temos? Será que os nossos filhos, aqueles com quem convivemos, poderão voltar atrás no tempo e ter o testemunho da nossa partilha, do “amar o próximo como a nós mesmos”? Sobretudo, será que falamos aos desvalidos e sofridos sobre Alguém que deseja entrar nas suas vidas e nelas morar até à eternidade?

“Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo.” (Ap. 3:20)

Quem bate assim, com voz suave?

Jesus Cristo, o único Amigo sempre disponível, que quer sentar-se à nossa mesa, conversar e cear connosco, suavizando as nossas dores e secar as nossas lágrimas.

“… se … estiver atento à voz … e abrir a porta” …

Como será abençoadora a Sua entrada pela porta da nossa vida!

Lídia Pereira

Gestora de Recursos Humanos e Administrativos

Aposentada

A MORTE NA PERSPETIVA DOS EVANGÉLICOS

1510 1004 Aliança Evangélica Portuguesa

Com base nas Sagradas Escrituras, os evangélicos afirmam que o crente que se arrepende dos seus pecados e confia sem reservas na morte de Cristo, oferecida como sacrifício único para a sua salvação, recebe a vida eterna na altura da sua conversão (João 5:24). A ressurreição de Jesus é uma vitória sobre o “último inimigo”, a morte física, e garante a futura ressurreição do crente para viver com Ele em “novos céus e numa nova terra em que habita a justiça” (2 Pedro 3:13). Entretanto, a morte física significa uma passagem imediata do seu espírito para a presença do Senhor (Lucas 23:43), não por causa dos seus próprios méritos, mas com base no dom gratuito da vida eterna que Jesus lhe confere pela graça de Deus, e que ele recebe por meio da fé.
A morte física é uma realidade que aguarda todo o ser humano. Surge por vezes de formas repentinas e trágicas, outras vezes como o fim de um processo de enfraquecimento e velhice que envolve muita dor e sofrimento, ou outras vezes ainda de uma forma tranquila. Mas ela traz sempre questões às quais – tanto o próprio que a antecipa como os seus entes queridos – têm dificuldade em responder. Sendo Jesus o único caminho de salvação (João 14:6) como cristãos evangélicos não acreditamos que os que não confiam n’Ele possam escapar da condenação eterna, da qual as Escrituras falam claramente (Marcos 9:45 a 48, 2 Tess 1:4-9). Nós não podemos, no entanto, conhecer o íntimo do coração dos outros, sobretudo na fase em que estes vêem a morte a aproximar-se – fase em que a pessoa pode depositar a sua fé em Jesus, independentemente da igreja a que possa pertencer, ou mesmo que não tenha pertencido a nenhuma. Só a Deus compete julgar. A noção do Purgatório, não sendo ensinada nas Escrituras Canónicas, não faz parte da fé dos evangélicos. Os crentes encaram os funerais como momentos privilegiados para poderem agradecer e celebrar a vida do que faleceu, sobretudo em casos em que o defunto era um crente de testemunho convincente. Para muitos o Dia dos Defuntos, mesmo não sendo uma altura em que se possa ou se deva orar a favor de entes queridos falecidos, pode ser um bom momento para os recordar e agradecer a Deus o legado moral e espiritual que deixaram.


Alan Pallister

Momentos Preciosos

737 491 Aliança Evangélica Portuguesa

Dei comigo a caminhar para o refeitório, pensativa. Estava numa Conferência, a que tinha vindo com muitos outros jovens como eu, num ambiente tranquilo e animado de Verão, e reflectia sobre aquilo que ouvira na sessão da manhã.

O orador acabara de nos deixar um convite que tinha tanto de inesperado como de aliciante. Dissera que quem quisesse falar com ele em particular poderia ter essa oportunidade a seguir ao almoço, numa sala que nos indicou.

Apreciara muito o que ele partilhara connosco e poder conversar com ele parecia-me uma oportunidade incrível! Nunca antes vira um orador internacional abrir-nos essa possibilidade. Contudo, ao entusiasmo veio-se misturar alguma insegurança. O convite despertara também os meus receios pessoais. O que pensaria quem me visse a dirigir-me para lá? Iriam imaginar-me como uma pessoa “cheia de problemas”, frágil? Deveria ir ou não?

Sentei-me à mesa e fui comendo e pensando. A certa altura, no meio daquela teia de ruminações, surgiu uma ideia que me agradou porque me pareceu conciliar a vontade de ir com a minha insegurança… Sim, depois do almoço eu iria caminhar na direcção da tal sala onde ele iria estar. Iria assim “como quem não quer a coisa”, como se estivesse apenas a passear por ali, e logo avaliaria o que sentiria no momento, se deveria entrar ou não, se estaria alguém a observar ou se poderia acontecer discretamente.

Confortável com o plano que traçara, terminei a refeição. Depois levantei o tabuleiro da mesa, fui colocar no lugar certo, e saí do refeitório. Caminhei em direcção à sala e, ao aproximar-me, tive uma surpresa! Rapidamente descobri que, de facto, não precisaria mais de me preocupar com a decisão de ir ou não falar com o orador. Eu não teria essa oportunidade. A fila à porta da sala era longa! Ali estavam muitos jovens, à espera do seu momento, certamente único, de falar pessoalmente com aquele orador!

Não me senti triste, talvez por não ter sido um plano muito vincado em mim. Fiquei, sim, impressionada. Tanta gente, como eu, a precisar de falar e de se sentir ouvida! Aquela imagem acompanhou-me para sempre.

Muitos anos são decorridos desde aquele dia mas a necessidade mantém-se, na generalidade: precisamos de nos sentir ouvidos e aceites.

Há conteúdos que ora se agitam em nós, ora parecem atenuar-se, mas que precisariam de ser falados para ser saudavelmente processados. Por serem situações nossas, são sentidas com uma intensidade própria e adquirem naturalmente uma densidade emocional que facilmente pode traduzir-se num amontoado de pensamentos que, quantas vezes, atrapalham mais do que esclarecem, como um nevoeiro confuso, que dificulta o discernir de um caminho ou até nos oferecem uma sensação de encurralamento, como se não houvesse saída.

Nem todas as pessoas têm maturidade ou recursos pessoais para conhecer as nossas dores. Não deve ser para elas o nosso desabafo.

Outras há que, reconhecendo-lhes idoneidade para acolher os nossos conteúdos mais delicados, poderão estar a viver um momento pessoal exigente/desgastante e, por esse motivo, não têm em si espaço emocional para oferecer ao nosso desabafo.

Por vezes também acontece ser menos confortável fazê-lo com familiares ou no círculo de amigos, pela grande proximidade. Aquele orador desconhecido, vindo de outro país, trazia consigo essa distância que também se tornara atraente, por certo.

Na verdade, há pessoas capazes de tomar a nossa carga e, de forma sábia, caminhar connosco e ajudar-nos a descobrir caminho. Como diz um provérbio antigo: “Os lábios do justo apascentam a muitos.” (Provérbios 10:21)

Criar oportunidades de conversar e partilhar é uma verdadeira bênção. São momentos que Deus pode usar para nos fazer sossegar, para curar feridas e desenhar caminho diante de nós. E nesse apoio se cumpre o que há de mais precioso: “Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo.” (Gálatas 6:2)

Bertina Coias Tomé

Psicóloga

Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e em Psicologia Comunitária

25 anos da “Fé dos Homens” na RTP 2

768 576 Aliança Evangélica Portuguesa

Foi a 15 de setembro de 1997 que a televisão pública passou a emitir o programa “Fé dos Homens” pela primeira vez, com a participação das diferentes confissões religiosas. Desde então, nasceu o “Luz das Nações” da responsabilidade da Aliança Evangélica Portuguesa, ininterruptamente ás 3ª e 6ª feiras (RTP 2), atualmente entre as 15.00 e as 15.30h. Um programa de 7,30 minutos em que damos a conhecer a nossa identidade evangélica e fé em Jesus.

Aqui fica o testemunho de Samuel R. Pinheiro, que esteve na origem destes programas e foi responsável pelos mesmos entre 2003 e 2011.

“GRATIDÃO. É a primeira palavra que me ocorre quando penso em revista estes 25 anos. Um tempo de aprendizagem para mim que não tenho nenhum curso de comunicação social. Gratidão em primeiro lugar para Deus que nos dá o que nós necessitamos para desenvolvermos as oportunidades que Ele mesmo coloca nas nossas mãos. Gratidão para com um grande número de pessoas envolvidas do qual não me atrevo a citar os que lembro sempre com reconhecimento pelo compromisso, porque nestas lides não se pode falhar no cumprimento dos prazos.

OPORTUNIDADE. É outra palavra que me ocorre. A grande oportunidade que Deus concedeu para que a liberdade religiosa alcançasse um outro patamar ainda antes de existir lei, de modo a que este meio da comunicação social e do serviço público, continuar a alcançar uma população cujo desconhecimento do evangelho e da pessoa de JESUS é tão gritante tanto em termos culturais como na dimensão espiritual. Conhecemos alguns testemunhos que são evidencia do que apenas Deus sabe na íntegra aconteceu nestes 25 anos.

CONTEÚDO. Esta é outra indicação no meu entender essencial no processo comunicacional. A consciência que não se trata apenas de preencher uma rubrica de alguns, normalmente poucos, minutos, com uma estética agradável e apelativa, mas com a perspetiva de como em bandeja de prata levar a realidade da vida de JESUS e em JESUS, nos dias em que vivemos com todos os seus desafios, com os olhos colocados na reconciliação do homem com Deus.

DIÁLOGO. Aprender num processo continuo a conviver como sempre a comunidade evangélica em que me reconheço, a conversar sobre a fé, que como a Escritura nos exige, a apresentar a verdade em amor. Numa cultura que tende a considerar que a verdade é o que cada um entende como tal, mas que no sentido espiritual, ético e moral, social e cultural, é JESUS que se nos apresenta como a verdade.

FUTURO. Termino com esta consciência de que Deus não é prisioneiro de nenhum tempo ou geração, mas que permeia todas elas numa renovação constante. Olho para trás apenas para com mais firmeza e expetativa encarar os desafios do presente num voto sincero pessoal de que estes 25 se perpetuem na bênção de Deus sobre todos os que continuam ativos, empenhados, comprometidos com a visão e o serviço a Deus através da RTP2 e da Antena 1. As minhas orações estão convosco, o meu estímulo e encorajamento, e a minha gratidão. “

Conheça toda a programação do “Luz das Nações” e “Caminhos” aqui – https://aliancaevangelica.pt/site/tv/

Leia aqui o Comunicado da Comissão do Tempo de Emissão das Confissões Religiosas

Estamos muito gratos a Deus por estes 25 anos de programas e de oportunidades de partilhar esperança. E agradecemos muito por todos os irmãos que ao longo dos anos têm tornado possível estes programas. Sem dúvida, é tempo de celebrar!

Samuel R. Pinheiro

Coordenador da Assessoria de Comunicação da AEP entre 2003 e 2011

https://samuelpinheiro3.wixsite.com/omelhordetudo

As artesãs do tabernáculo

960 640 Aliança Evangélica Portuguesa

No livro de Êxodo, nos capítulos 31 e 35, encontramos o relato da projeção da construção do tabernáculo, que é extraordinário. Convido-a a fazer uma leitura atenta dele e certamente será abençoada. Por vezes estes capítulos passam-nos um pouco ao lado porque a distância cultural dificulta a nossa perceção. No entanto, este é um texto rico em detalhes tão importantes para nós.

No capítulo 31, Deus apresenta a Moisés o seu projeto de construção do tabernáculo. Deus era o arquiteto que havia projetado uma obra tremenda cujo propósito era habitar com Sua presença no meio do povo. Ele é Deus de perto e não de longe e apesar de todo o pecado que afastava o povo de Deus, Ele mesmo projetou um plano de aproximação e revelação da Sua glória. Contudo, Deus queria que o seu projeto fosse concretizado pelo Seu povo, por mãos e recursos de homens limitados, mas sobrenaturalmente capacitados por Seu Espírito. Que graça constrangedora!

“O Senhor lhes deu habilidade especial (…)” (Êxodo 35:35)

Deus escolheu os artesãos mais talentosos de entre o Seu povo e os encheu com o Seu Espírito,  dando-lhes sabedoria e perícia para os trabalhos artísticos. Haviam alguns com um reconhecido talento para os trabalhos artesanais. No entanto, para além desse talento natural de alguns, Deus conferiu ainda habilidades especiais a todos os artesãos para que pudessem participar na concretização deste Seu projeto.

Quando Moisés foi convocar o povo para a realização desta obra, ele convidou a todos aqueles que tinham um coração generoso a darem dos seus recursos, talentos e habilidades para juntos cooperarem na obra do Senhor. A Palavra de Deus diz que “todos os que tinham o coração disposto, tanto homens como mulheres, vieram e trouxeram suas ofertas para o Senhor.” (Êxodo 35:22)

Não se tratava apenas de uma questão de talento ou habilidade. Era preciso ter um coração disposto e almejante por dar de si. Fossem homens ou mulheres, todos estavam incluídos no projeto, na missão. O projeto de Deus seria realizado com muitos ou com poucos mas só os de coração disposto poderiam ser participantes da grande missão de Deus de trazer o céu à terra.

E as mulheres não quiseram ficar de fora, pois diz que “todas as mulheres sábias de coração fiavam com as suas mãos, e traziam o que tinham fiado, o azul e a púrpura, o carmesim e o linho fino. E todas as mulheres, cujo coração as moveu em habilidade fiavam os pêlos das cabras.” (Êxodo 35:25,26) Que Deus tremendo, que olha e procura por corações dispostos, que capacita e chama todos os que querem ser participantes!

Se temos realmente corações dispostos para “construir” o reino, qualquer uma das nossas habilidades glorificará o Rei. Juntos estamos envolvidos no mesmo projeto, sendo cada um capacitado pelo Espírito de Deus para com distinção cumprirmos a nossa missão.

Homens e mulheres em Israel estavam envolvidos na grande obra que traria a habitação da presença de Deus entre os homens, mas aquele tabernáculo era apenas um símbolo que apontava para Jesus – “o verdadeiro tabernáculo”.

“E o verbo se fez carne e “ tabernaculou” entre nós” (João 1:14). Não precisamos mais de “construir” um tabernáculo físico pois o verdadeiro tabernáculo já veio em Jesus, manifestando a glória de Deus. Ele subiu aos céus, mas através do Seu Espírito, que o Pai enviou, somos feitos morada de Deus, onde a Sua presença se manifesta. Qual é então nossa missão? Somos chamadas a “construir tabernáculos”. Sim, Deus tem um projeto de construção, de fazer morada nos corações de homens e mulheres. O projeto é D´Ele, a missão é D ´Ele mas Ele conta com “artesãos” dispostos. Homens e mulheres que por meio de suas habilidades e capacitados pelo Seu Espírito possam preparar o terreno, levantar as estacas e montar a tenda no coração dos homens para que Ele possa vir e habitar.

Que sejamos como as artesãs do tabernáculo que se dispuseram e usaram a sua habilidade para que o projeto de Deus fosse concluído, a presença de Deus manifesta e a Sua glória revelada.

Sara Rosa

Missionária em Cabo Verde

LEMBRAR UM AMIGO

740 493 Aliança Evangélica Portuguesa

Aquele foi um dia extraordinário: o homem saiu da prisão! Imagino-o a correr pela estrada, de novo, e a sensação de liberdade a envolvê-lo, num conforto inexplicável, como uma brisa de Primavera. Abraçar a esposa e os filhos, rever amigos, voltar a dormir na sua cama, a alimentar-se melhor, num ambiente feliz…

Ah, e não perdera o seu precioso emprego. Voltava ao ambiente requintado do Palácio, onde retomava as suas funções, com o sabor de vinhos caros a chegar-lhe aos lábios, como copeiro. Tantas emoções juntas, tantos rostos e situações a chamar a sua atenção!

E, neste turbilhão de entusiasmo e actividade, perdeu-se um detalhe importante. Esqueceu-se de um amigo que ficara para trás. Sim, ainda na prisão, José pedira-lhe que falasse nele a Faraó, para que considerasse a possibilidade de ser libertado. Contudo, “o copeiro-mor, porém, não se lembrou de José, antes se esqueceu dele.” (Génesis 40:23).

Provavelmente, já sucedeu com todos nós. Na corrida do dia-a-dia, no dissabor ou no entusiasmo de momentos, algum amigo ficou esquecido lá atrás, algures no tempo.

Este copeiro seria a pessoa chave na história de vida de José, capaz de fazer a ponte com Faraó, mas esqueceu-se dele. Contudo, o plano de Deus não deixou de se cumprir, pois Ele criou circunstâncias que levaram o copeiro a, dois anos depois, lembrar-se de José. E refere-se a esse lapso com consternação: “Então o chefe dos copeiros disse ao Faraó: “Hoje me lembro das minhas faltas.” (Génesis 41:9)

No plano de vida que Deus tem para nós, Ele usa pessoas como chave para abrir portas. E não só as escolhe mas promove circunstâncias que as levam a pensar em nós.

Por outro lado, também nos faz lembrar amigos antigos. Recordo-me que os meus pais levavam muito a sério as pessoas que lhes vinham à mente, e o telefonema acontecia, indo ao seu encontro no momento oportuno. Quantas vezes assim foi!

Assim, esta passagem bíblica pode conduzir-nos a dois pedidos de oração:

“Senhor, lembra-me de pessoas para quem poderei ser canal da Tua bênção neste tempo. Conheces cada vida em detalhe e as necessidades de cada um. Se há alguém que ficou esquecido e a quem deverei ajudar, traz-me à mente e dá-me sabedoria para que eu seja realmente um apoio dirigido por ti.

“Senhor, traz o meu nome à mente de alguém que nesta altura possa ser usada(o) por Ti em meu favor, numa área em necessidade. Uma porta que se abra, mediante o contacto de alguém que pensou em mim, no leque infinito de possibilidades de sermos bênção na vida uns dos outros.”

E, neste movimento de lembranças e ajudas, assim se cumpre o mandamento de Jesus: “Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.” S. João 15:12.

Bertina Coias Tomé
Psicóloga, Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e Psicologia Comunitária

25 anos da “Fé dos Homens” na RTP 2

1920 1080 Aliança Evangélica Portuguesa

Foi a 15 de setembro de 1997 que a televisão pública passou a emitir o programa “Fé dos Homens” pela primeira vez, com a participação das diferentes confissões religiosas. Desde então, nasceu o “Luz das Nações” da responsabilidade da Aliança Evangélica Portuguesa, ininterruptamente ás 3ª e 6ª feiras, atualmente entre as 15.00 e as 15.30h. Um programa de 7,30 minutos em que damos a conhecer a nossa identidade evangélica e fé em Jesus.

Conheça toda a nossa programação mensal aqui – https://aliancaevangelica.pt/site/tv/

Leia aqui o Comunicado da Comissão do Tempo de Emissão das Confissões Religiosas.

Estamos muito gratos a Deus por estes 25 anos de programas e de oportunidades de partilhar esperança. E agradecemos muito por todos os irmãos que aos longo dos anos têm tornado possível estes programas. Sem dúvida, é dia de celebrar!

Aproveite a oportunidade

960 488 Aliança Evangélica Portuguesa

“A vida é feita de oportunidades”, ouvimos regularmente. Até parece que vivemos meio à deriva, à espera de encontrar uma boa oportunidade, ao acaso, para alcançarmos algo que desejamos, ir a um lugar onde nunca fomos, ou adquirir um bem que de outra forma seria impossível de ter.

Mas… E quando surge a oportunidade de impactar a vida de alguém, conhecendo ou não essa pessoa, num impulso natural de beneficiar o outro sem esperar nada em troca?

Acredito que Deus coloca em nós esse sentido de oportunidade e não, nunca é aleatório, pois Deus, que dirige a nossa vida, cria as oportunidades certas e os desejos certos no nosso coração.

Hoje deixo aqui um testemunho breve de alguém que aproveitou uma oportunidade (por acaso é a minha mãe) para abençoar a vida de uma estranha, alguém que nunca tinha conhecido e provavelmente nunca voltará a ver. Contudo, aproveitou a oportunidade e fez o que sentiu no seu coração. Aqui está:

“A pensar que hoje foi um dia agitado, finalmente chegámos a casa já em cima das 20 horas. Tive uma consulta de Reumatologia no hospital Sta. Maria e quem era o médico? O mesmo que na sexta-feira passada o meu marido consultara, na mesma especialidade. Muito atento, muitas perguntas, muitos esticões e mais exames e medicamentos. Antes de sair de casa, senti levar comigo o meu livro “Minha história Meus poemas”. Hesitei, mas levei-o.

Já sentada na sala de espera, perguntava-me: Porque é que trouxe o livro? Vou oferecer a quem? Ao meu lado, sentou-se uma senhora talvez de 40 anos, alta, magra. De máscara, é difícil identificar e não nos olhámos de frente. Continuei inquieta: Deus, a quem vou dar o livro? Se essa senhora falar contigo por qualquer motivo, é esse o sinal.

Um tempo depois a senhora levantou-se e perguntou se eu olhava pelos seus pertences que ficaram na cadeira. Fiquei mais nervosa… Quando a senhora voltou, peguei no livro e numa caneta e perguntei: “A senhora gosta de ler?” Um pouco hesitante, respondeu: “Sim, gosto”. Perguntei, então: “Posso oferecer-lhe um livro?” Acenou com a cabeça num gesto que interpretei como um sim e perguntei-lhe o nome. “Chamo-me Ana”. Escrevi uma pequena dedicatória e entreguei.

“Não trouxe os óculos, mas um pouco ao longe consigo ler”, disse timidamente.

Expliquei-lhe: “É um pouco da minha história de vida, desculpe a simplicidade, ofereço com carinho.” Começou a ler. Passados uns 10 minutos, abriu a mala à pressa e tirou um lenço para enxugar as lágrimas. Pouco depois, saiu a indicação para a consulta dela, agradeceu e não a vi mais.

Interessante o que o nosso Pastor tem falado acerca do que devemos arriscar no que sentimos ser de Deus, mas eu tenho sempre muito medo. Semeei e agora fica nas mãos do Pai.” Carlota Roque

No dia seguinte, a minha mãe ligou-me e contou-me que já nem se lembrava que tinha escrito o número do telemóvel dela num canto de uma página do livro. Então a senhora enviou-lhe uma mensagem na qual agradecia o livro, contando que já tinha terminado a leitura e que tinha encontrado algo que há muito procurava e precisava: fé. A minha mãe ficou muito feliz. Ela disse-me que, de futuro, irá enviar algumas mensagens à senhora, quem sabe ela irá encontrar paz e segurança em Jesus.

Que oportunidades vamos aproveitar hoje?

Rute Lopes

Serve a Deus, com o seu marido, Pr. Samuel Lopes, na igreja em Vila Chã

O caminho para a liberdade financeira

960 640 Aliança Evangélica Portuguesa

Há muito que a escravidão foi abolida. Contudo, há uma escravidão oculta que aflige muitas famílias: a escravidão financeira. De facto, as estatísticas são alarmantes. As finanças têm impactado os nossos relacionamentos e a nossa saúde física e mental. Com tristeza, vemos cada vez mais famílias em stress financeiro e isso tem resultado em mais conflitos, divórcios e doenças.

É possível alcançarmos a liberdade financeira? Sim, há esperança. No entanto, primeiro precisamos entender o que é a liberdade e o que é a escravidão.  Um escravo não tem escolha na gestão dos seus bens. Ele trabalha apenas para sobreviver e para pagar os seus credores. No século XXI, o escravo é aquele que o seu salário já está destinado e não tem qualquer liberdade de escolha. Não tem oportunidade para usufruir e partilhar os seus bens com outras pessoas e não consegue poupar para os seus sonhos e objetivos. Acima de tudo, o escravo vive com medo dos dias de crise. A liberdade é o oposto. Quando somos livres financeiramente podemos tomar decisões financeiras sobre o nosso orçamento, sentimos paz em situações de emergência, podemos usufruir da alegria de dar e ainda definimos objetivos importantes para o nosso dinheiro. A liberdade financeira traz acima de tudo paz.

Como posso alcançar a liberdade financeira?

Há milhares de anos foi escrito um livro que contém tudo o que necessitamos para as nossas finanças pessoais: a Bíblia. Deus sempre esteve interessado na nossa vida financeira e o Seu desejo sempre foi que fossemos livres. Não fomos criados para sermos escravos e por isso, na Bíblia, encontramos muitos princípios financeiros para que vivamos uma vida financeira próspera. Buscar a liberdade financeira é fundamental e é um processo de aprendizagem para todos. Com toda a certeza, precisamos assumir o comando e o domínio sobre o dinheiro para que ele não se torne senhor e nos escravize. A questão é se dominamos ou se somos dominados.

Quais são os princípios bíblicos essenciais para ser livre?

  • Antes de mais, estabeleça um orçamento. À primeira vista, pode parecer algo limitativo ou trabalhoso mas é o oposto. Um orçamento provê informação e permite a liberdade de dizermos ao nosso dinheiro para onde ele deve ir. Jesus instruiu os seus discípulos a fazer um orçamento. (Lucas 14:28). Se não investirmos tempo em gerir o nosso dinheiro, depois vamos ter que descobrir para onde ele foi.
  • Viva com uma margem. A regra central para a liberdade financeira é gastarmos menos do que ganhamos. Abdicar de consumir no presente é um desafio mas produz frutos preciosos. Em Provérbios 21:20, o rei Salomão equipara a poupança a um ato de sabedoria. Uma margem produz menos ansiedade e mais paz.
  • Construa um fundo de emergência para estar preparado para os momentos difíceis. A nossa vida financeira é cíclica. José, governador do Egito, demonstrou sabedoria quando acumulou mantimentos nos dias de prosperidade para os dias de crise. Tenha uma visão de longo prazo e desenvolva o hábito de planear.
  • Não acumule dívidas. A Bíblia considera a dívida uma forma de escravidão. (Provérbios 22:7). Ela tem destruído famílias e tem tirado a paz de muitos. Quanto mais dívidas e prestações acumulamos, menos liberdade temos para gerir o nosso dinheiro. Portanto, viva dentro das suas possibilidades pois a paz vale mais do que qualquer bem temporário.
  • Desenvolva o contentamento, a gratidão e a generosidade. Estes pilares vão manter o nosso coração no foco certo. Quanto mais olhamos para as necessidades dos outros e somos gratos pelas bênçãos que já recebemos, menos vamos desejar o que não temos. O descontentamento precisa ser travado para que possamos usufruir livremente daquilo que nos é dado e também encontrar a satisfação nas nossas finanças.

Para finalizar, é crucial recordar o princípio central da nossa vida financeira: Deus é o dono de tudo e nós somos seus administradores. Recebemos a responsabilidade de gerir todos os recursos terrenos e precisamos procurar fazê-lo com excelência. O objetivo de termos liberdade financeira não é adquirirmos tudo o que queremos, pois isso iria levar-nos a uma espiral infinita de descontentamento e, em última instância, à falência. O objetivo é sermos livres para podermos servir melhor a Deus, cuidar da nossa família e estender a mão ao nosso próximo. O segredo está na ação e nunca é tarde para começar o caminho.

Se deseja aprender mais sobre finanças bíblicas, consulte o site www.gpsfinanceiro.com

Ana Bessa

Economista e fundadora do projeto GPS financeiro.

O quadro

960 540 Aliança Evangélica Portuguesa

Há largos anos, nos Açores, recebemos em nossa casa, num verão, dois amigos vindos de Barcelona. Foi um bom convívio.

Já em casa, reformados, fomos nós a Barcelona a convite deles – cinco dias fantásticos.

Não tenho jeito para desenhar, pintar, daí que gosto de apreciar o que não sei fazer.

Todas as manhãs daquele verão de agosto, um dos nossos amigos armava o cavalete e demais acessórios no espaço exterior da casa e todos os dias eu ia tentar perceber o avanço da obra que ele tinha em mente. Uma pincelada aqui e outra além, mantinha o segredo do artista.

Uma manhã, abri a porta e fiquei maravilhada. O pintor acordara cedo e partiu para os acabamentos, pensava eu. Uma cordilheira como fundo, um casario no sopé da mesma e árvores frondosas, mostraram-me um cenário maravilhoso.

No dia seguinte, lá estava ele de novo e perguntei: Então, ainda não está pronto? A mim, parecia-me que sim. Respondeu: “Os retoques são importantes e ontem não estavam cá.”

No tempo aprazado, os amigos partiram para a sua terra, mas o quadro ficou, como uma oferta fantástica.

Também é assim que Deus faz: vai desenhando a nossa vida não de uma forma abstrata, embora muitas vezes não entendamos os traços. Se deixarmos, Ele vai trazendo luz e cor para um propósito só Dele. Essa pintura, pode parecer ao princípio um “borrão” até que apareça algo bem definido e agradável.

Eu sinto que continuo a ser retocada, espero continuar a ser até ao dia em que me chamar para Si e aí, sim, a obra ficará completa nas mãos do grande Autor da Vida.

“Na verdade, toda a correção ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois, produz um fruto pacífico de justiça, nos exercitados por ela.” (Hebreus 12:11)

Carlota Roque

Missionária aposentada

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