“A vida é feita de oportunidades”, ouvimos regularmente. Até parece que vivemos meio à deriva, à espera de encontrar uma boa oportunidade, ao acaso, para alcançarmos algo que desejamos, ir a um lugar onde nunca fomos, ou adquirir um bem que de outra forma seria impossível de ter.
Mas… E quando surge a oportunidade de impactar a vida de alguém, conhecendo ou não essa pessoa, num impulso natural de beneficiar o outro sem esperar nada em troca?
Acredito que Deus coloca em nós esse sentido de oportunidade e não, nunca é aleatório, pois Deus, que dirige a nossa vida, cria as oportunidades certas e os desejos certos no nosso coração.
Hoje deixo aqui um testemunho breve de alguém que aproveitou uma oportunidade (por acaso é a minha mãe) para abençoar a vida de uma estranha, alguém que nunca tinha conhecido e provavelmente nunca voltará a ver. Contudo, aproveitou a oportunidade e fez o que sentiu no seu coração. Aqui está:
“A pensar que hoje foi um dia agitado, finalmente chegámos a casa já em cima das 20 horas. Tive uma consulta de Reumatologia no hospital Sta. Maria e quem era o médico? O mesmo que na sexta-feira passada o meu marido consultara, na mesma especialidade. Muito atento, muitas perguntas, muitos esticões e mais exames e medicamentos. Antes de sair de casa, senti levar comigo o meu livro “Minha história Meus poemas”. Hesitei, mas levei-o.
Já sentada na sala de espera, perguntava-me: Porque é que trouxe o livro? Vou oferecer a quem? Ao meu lado, sentou-se uma senhora talvez de 40 anos, alta, magra. De máscara, é difícil identificar e não nos olhámos de frente. Continuei inquieta: Deus, a quem vou dar o livro? Se essa senhora falar contigo por qualquer motivo, é esse o sinal.
Um tempo depois a senhora levantou-se e perguntou se eu olhava pelos seus pertences que ficaram na cadeira. Fiquei mais nervosa… Quando a senhora voltou, peguei no livro e numa caneta e perguntei: “A senhora gosta de ler?” Um pouco hesitante, respondeu: “Sim, gosto”. Perguntei, então: “Posso oferecer-lhe um livro?” Acenou com a cabeça num gesto que interpretei como um sim e perguntei-lhe o nome. “Chamo-me Ana”. Escrevi uma pequena dedicatória e entreguei.
“Não trouxe os óculos, mas um pouco ao longe consigo ler”, disse timidamente.
Expliquei-lhe: “É um pouco da minha história de vida, desculpe a simplicidade, ofereço com carinho.” Começou a ler. Passados uns 10 minutos, abriu a mala à pressa e tirou um lenço para enxugar as lágrimas. Pouco depois, saiu a indicação para a consulta dela, agradeceu e não a vi mais.
Interessante o que o nosso Pastor tem falado acerca do que devemos arriscar no que sentimos ser de Deus, mas eu tenho sempre muito medo. Semeei e agora fica nas mãos do Pai.” Carlota Roque
No dia seguinte, a minha mãe ligou-me e contou-me que já nem se lembrava que tinha escrito o número do telemóvel dela num canto de uma página do livro. Então a senhora enviou-lhe uma mensagem na qual agradecia o livro, contando que já tinha terminado a leitura e que tinha encontrado algo que há muito procurava e precisava: fé. A minha mãe ficou muito feliz. Ela disse-me que, de futuro, irá enviar algumas mensagens à senhora, quem sabe ela irá encontrar paz e segurança em Jesus.
Que oportunidades vamos aproveitar hoje?

Rute Lopes