“Ora, o Deus da paciência e da consolação vos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que concordemente e a uma voz glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.”
Romanos 15:5-6
A Aliança Evangélica Portuguesa congrega e representa perante terceiros os evangélicos portugueses, herdeiros da Reforma Protestante que tem as Escrituras como única regra de fé.
É com grande alegria e gratidão que estamos a celebrar o Centenário da Aliança Evangélica Portuguesa! As comemorações começam a 13 e 14 de Novembro 2021 no Porto (ver aqui o programa) e prolongam-se durante o ano de 2022.
Para conhecermos melhor a nossa história, convidamos cada um a visitar, de seguida, a nossa Exposição virtual “Aliança Evangélica Portuguesa: 100 anos de História e Comunhão”.
Os Antecedentes da AEP
A Evangelical Alliance, renomeada World’s Evangelical Alliance em 1912, foi fundada em Inglaterra num contexto político, social, económico e religioso muito peculiar, durante uma série de encontros, com louvor, pregação e assuntos administrativos, realizados no Freemason Hall, em Londres, de 19 de agosto a 2 de setembro de 1846. Participaram representantes de Inglaterra, Escócia, Irlanda, País de Gales, Suécia, Alemanha, França, Países Baixos, Suíça, Estados Unidos da América e Canadá. Herdeira do entusiamo do Segundo Grande Despertamento (1791-1842), movimento espiritual que havia marcado muitas comunidades e personalidades protestantes, em particular no mundo anglo-saxónico, esta organização procurou desde o seu início fortalecer os laços de fraternidade cristã, sem fronteiras geográficas ou denominacionais. Para além dos valores centrados na defesa de um cristianismo bíblico, a Evangelical Alliance desde cedo manifestou a sua preocupação com a condição humana, incluindo nas suas discussões temas como a escravatura, os problemas sociais causados pela Revolução Industrial, a liberdade religiosa, etc.
Neste espírito universalista, as relações da Evangelical Alliance com a incipiente comunidade protestante em Portugal tiveram início logo no ano da sua fundação. Sem presença social organizada entre cidadãos portugueses por mais de três séculos, a contar desde que o movimento eclodira em 1517 na Alemanha, o protestantismo em Portugal experimentava em meados do século XIX um tímido arranque, graças ao pioneirismo do andaluz Vicente Gomez y Tojar (1796?-1878) que fundara uma comunidade de rito episcopal, a partir da sua chegada a Lisboa em 1834, e que se viria a inscrever como o primeiro membro em Portugal da Evangelical Alliance. Sem ligação conhecida a Gomez, o escocês Robert Kalley (1809-1888), com origens no movimento presbiteriano mas com fortes ligações ao florescente congregacionalismo britânico, tinha começado a reunir aquela que se viria a constituir como a primeira igreja protestante portuguesa na ilha da Madeira, a partir da sua chegada à região em finais de 1838. Todavia, este grupo de fiéis viria a experimentar um duro revés que levou à sua desativação e dispersão, em virtude da perseguição católica que lhe foi movida em agosto de 1845 e nos meses seguintes, facto a que a Evangelical Alliance não ficou indiferente logo no seu primeiro relatório.
A despeito das fortes ligações institucionais entre as igrejas evangélicas em Portugal e o movimento britânico, associado a um espírito fraterno nacional muito pujante, seria necessário esperar mais de sete décadas, até que se constituísse formalmente em Portugal um ramo da Evangelical Alliance. Isso só viria a acontecer a partir da primeira sessão plenária da Aliança Evangélica Portuguesa, que decorreu em Lisboa a 14 de novembro de 1921.
1846-1919
1846
É fundada na Inglaterra a Evangelical Alliance, mais tarde. Ainda nesse ano, a organização dava conta das perseguições sofridas pelos protestantes na Madeira, convertidos pela ação do médico escocês Robert Kalley.
1853
O pioneiro espanhol Vicente Gomez y Tojar, antigo cónego católico, fundador da primeira comunidade protestante (1839) e primeiro membro da Evangelical Alliance (1849) em Portugal, passa a ser apoiado por esta organização no desenvolvimento do seu trabalho evangelístico junto à Capela da Propagação Evangélica do Filho de Deus, em Lisboa.
1878
Entre 23 e 25 de abril, numa conferência realizada em Madrid, representantes das igrejas protestantes de Portugal e Espanha, formam a Aliança Evangélica Hispano-Lusitana. De Portugal estiveram presentes Robert Stewart (presbiteriano), Robert Moreton (metodista) e Manuel dos Santos Carvalho (congregacional). Nas bases adotadas por esta organização afirmava-se que não era sua intenção «criar uma nova seita ou denominação, nem tão pouco efetuar uma amálgama de igrejas, sendo tão somente o seu objeto facilitar o trato pessoal e as mútuas boas relações».
1879
É realizada em Portugal pela primeira vez, entre 5 e 12 de janeiro, a Semana de Oração Unida e Universal, promovida pela Aliança Evangélica.
1901
Por ocasião da ausência do rei D. Carlos em Londres, para participar nas exéquias oficiais da rainha Vitória, durante a regência da rainha D. Amélia, foram enviados guardas a diversas casas de culto evangélico em Lisboa, impedindo-as de realizar os seus serviços religiosos. Tomando conhecimento do sucedido, o monarca português garantiu aos representantes da Evangelical Alliance em Londres que tal situação seria revertida.
1906
Sai do prelo a primeira edição da obra Manual Político do Cidadão Português, da autoria de Trindade Coelho, reputado magistrado de ideologia republicana, que dá conta da existência de 55 comunidades evangélicas disseminadas pelo continente e pelas ilhas, 30 escolas de ensino primário mantidas por essas igrejas, e ainda 3 livrarias e 8 publicações periódicas evangélicas.
1909
É formalmente constituído, com estatutos oficialmente aprovados a 31 de julho, o primeiro organismo de cooperação das igrejas protestantes no país. No seu artigo 1.º declarava-se: «Entre a população das igrejas evangélicas portuguesas, que aceitam as bases da “Aliança Evangélica Universal”, é organizada, em conformidade das disposições do título VI do Código Civil e da Carta de Lei de 14 de fevereiro de 1907, uma sociedade que se intitula “Associação Protestante Portuguesa”». Esta associação tinha por fins pugnar pelo respeito da liberdade religiosa, desenvolver a formação bíblica e teológica, promover uma nova edição da Bíblia, criar um museu e uma biblioteca, e ainda manter cooperação com as suas congéneres de outros países. A sua Comissão Organizadora ficou constituída por diversos evangélicos proeminentes da época entre os quais Eduardo Moreira (congregacional), Guilherme Santos Ferreira (episcopal lusitano), João d’Oliveira Coelho (congregacional), José Augusto Santos e Silva (congregacional).
1914
Continua a realizar-se a Semana Universal de Oração, iniciada neste ano a 4 de janeiro, que se centrou na intercessão pela atividade missionária, principalmente entre povos não-cristãos. Alguns dos pedidos de oração incluíam: «- Para bênçãos sobre todos os empreendimentos missionários evangelísticos, médicos, educativos e industriais; – Para que nas igrejas das terras pagãs se conservem fiéis ao ensino das Escrituras; – Para um maior aumento de agentes nativos, tanto para o trabalho pastoral como evangelístico nas igrejas nacionais das terras pagãs, e também como colegas e cooperadores valiosos e indispensáveis na obra missionária das igrejas ocidentais. – Para que as grandes campanhas evangélicas da Índia sejam bem guiadas.»
1916
Não se conhecendo até hoje qual foi a verdadeira penetração e ação da Associação Protestante Portuguesa, os líderes evangélicos em Portugal começam a envidar esforços para a criação de uma Aliança Evangélica nacional. Para esse efeito começam a reunir-se alguns representantes das igrejas evangélicas da região de Lisboa a que se juntariam no ano seguinte os líderes das igrejas da área do Porto.
1918
São estabelecidas a 22 de março as bases provisórias da Aliança Evangélica, no Porto. O documento então aprovado é novamente discutido e aprimorado em sucessivas reuniões que juntam os mais destacados líderes evangélicos da época.
1919
É estabelecida a primeira Comissão Executiva da Aliança Evangélica, ficando assim constituída: presidente – Joaquim dos Santos Figueiredo (episcopal lusitano), vice-presidente – Alfredo Henrique da Silva (metodista), secretários – Eduardo Moreira (congregacional), António Maurício (batista), Motta Sobrinho (presbiteriano), tesoureiro – José Augusto dos Santos e Silva (congregacional), vogais – Frederick Flower (episcopal lusitano), Robert Moreton (presbiteriano / Sociedade Bíblica), tendo em conta que 4 elementos provinham do Sul, enquanto 4 residiam no Norte do território continental.
1921-1939
1921
Em agosto são criadas as bases definitivas da Aliança Evangélica Portuguesa (AEP), discutidas por representantes das denominações evangélicas então existentes. A 14 de novembro tem lugar, em Lisboa, a sua 1.ª Sessão Plenária, dando assim concretização a este organismo; nessa ocasião, é confirmada a Comissão Executiva eleita em 2019. Uma das mais importantes resoluções então tomadas diz respeito à constituição de uma comissão organizadora do 1.º Congresso Evangélico em Portugal, formada por Joaquim dos Santos Figueiredo (episcopal lusitano), Mota Sobrinho (presbiteriano) e João Jorge de Oliveira (batista).
1925
Decorre em Lisboa, em junho, a 1.ª Assembleia Nacional da AEP, com a eleição da Comissão Executiva que passa a integrar 5 elementos do Norte e 5 elementos do Sul. Eduardo Moreira, um conhecido pastor congregacional, que já fazia parte da Direção, assume interinamente a presidência da AEP, destacando-se pelo seu empenho na causa protestante.
1927
A AEP dirige uma missiva ao ministro das Colónias, já do governo da Ditadura Militar, em que manifesta a estranheza dos cristãos evangélicos portugueses perante o conteúdo do Estatuto Orgânico das Missões Católicas de África e Timor, o qual punha seriamente em causa o relevante trabalho que as missões protestantes vinham a realizar nos territórios coloniais portugueses, desde o século anterior.
1931
É constituído o Fundo de Socorros a Órfãos da Aliança Evangélica Portuguesa. Em Sessão Plenária da AEP realizada a 13 de maio, em Lisboa, é renovada a presidência de Eduardo Moreira; foi ainda aprovada uma moção no sentido de os obreiros evangélicos «não deverem dar a sua colaboração ao sabatismo, russelismo e seitas semelhantes».
1935
Ao fim de mais de meio século de atividade em Portugal, a AEP vê finalmente reconhecida em termos oficiais a sua existência, através da formalização dos seus estatutos no Governo Civil de Lisboa, assinados por Eduardo Moreira e Robert Moreton a 26 de janeiro. A AEP assumia-se com o objetivo de representar «o Evangelismo Português nas suas relações com o Estado, na defesa daqueles princípios que são comuns a todos eles e no exercício da sua liberdade de consciência e de culto, representando-os também para com as agremiações evangélicas estrangeiras em manifestações coletivas de fraternidade».
1936
É criado a 1 de janeiro o Centro de Cooperação Cristã, sendo apresentado à comunidade evangélica como delegação no país Aliança Evangélica Mundial, oferecendo-se como sede para a AEP e para a Liga Evangélica de Ação Missionária e Educacional, embora as duas entidades se mantivessem autónomas. Este Centro foi, assim, um espaço comum que acolhia diversos ministérios cristãos evangélicos em Portugal.
1939
Por iniciativa de um grupo de jovens evangélicos encabeçado por Marcos Mata, é apresentado à AEP o projeto de criação de uma «estação emissora evangélica», tendo sido nomeada uma comissão para estudar o assunto. Ainda neste ano, a AEP admite mulheres como associadas pela primeira vez.
1940-1952
1940
A AEP decide associar-se às celebrações do chamado Duplo Centenário de Portugal através da programação de diversas iniciativas, designadamente: «a) Um movimento de oração pela Pátria e seus destinos; pela obra missionária; pela liberdade de consciência garantida na Constituição e pela sua crescente compreensão da parte dos executores desta; pela educação e instrução cristã dos nossos filhos. b) O censo geral dos Evangélicos Portugueses no território nacional, e nos Estados Unidos e nas ilhas Bermudas e Havai. c) Promoção dum Congresso Bíblico Português, com sessões públicas e sessões de trabalhos, nas maiores sedes de igrejas de Lisboa. d) Publicação dum folheto com os locais e horários dos cultos no país.» O Congresso Bíblico Português viria a realizar-se entre 25 e 29 de maio. O presidente da AEP é recebido pelo presidente da República, Óscar Carmona, a quem oferece um disco com hinos gravados pelo Orfeão da Associação Cristã da Mocidade do Porto.
1941
Foram nomeados como primeiros sócios honorários da AEP, em assembleia geral de 9 de junho, «pelos seus longos anos de ação evangelística», os missionários George Howes (irmãos), Frederick Flower (episcopal lusitano) e Pascoal Luiz Pitta (presbiteriano).
1944
A AEP promove o Concurso Nacional de Arte Cristã Reformada, ao qual podiam concorrer trabalhos de música, pintura, gravura, desenho, aguarela, romance ou novela, poesia, arquitetura ou marcenaria de aplicação ao culto cristão, etc.
1946
A 8 de março tem lugar pela primeira vez em Portugal o Dia Universal de Oração da Mulher Cristã, por iniciativa da missionária Katherine Tucker, juntando-se para o efeito 43 mulheres. Realiza-se ainda, por iniciativa da AEP, uma série de conferências subordinadas ao tema Cristianismo Construtivo, integrada na celebração do centenário da Aliança Evangélica Mundial, que se cumpriu a 16 de agosto.
1949
Ao fim de 30 anos nos corpos diretivos da AEP, Eduardo Moreira, que havia apresentado a sua demissão no ano anterior, cede lugar a Paulo Irwin Torres, pastor batista, eleito presidente a 4 de abril. Desde o ano anterior que a assembleia geral da organização vinha a ser confrontada com a discussão em torno da proposta de a AEP abandonar o caráter individual dos seus associados, passando a adotar uma base representativa das várias denominações que constituíam o mosaico protestante nacional. Votada a proposta, foi deliberado por escassa maioria manter apenas membros individuais.
1951
Nas instalações da Igreja Evangélica Lisbonense, a AEP promove a 29 de abril um culto especial de homenagem à memória do chefe de Estado que havia falecido recentemente, marechal Óscar Carmona.
1952
Após mais de duas décadas de apoios prestados é extinto pela assembleia geral da AEP, o Fundo de Apoio aos Órfãos, devido à falta de verbas.
1955-1967
1955
Após alguns anos de atividade reduzida a AEP experimenta nova dinâmica com a adesão de um maior número de associados. Conforme então se reportava aos membros: «notou[-se] manifesto e crescente interesse […] da parte de Pastores e Oficiais de Igrejas diversas que, em grande número se têm vindo filiar na Instituição. Ao mesmo tempo há renovado interesse da parte de prestigiosos elementos evangélicos, que sentem a necessidade de todos nos unirmos, cada vez mais, em obediência ao Senhor e para maior eficiência do nosso testemunho coletivo, num ambiente adverso». Na mesma assembleia geral, reunida 19 de março, Guido Waldemar Oliveira, ancião das igrejas dos irmãos, é eleito presidente.
1956
A AEP começa a reunir trimestralmente um grupo de dirigentes evangélicos interessados na produção e distribuição de literatura cristã, dando concretização aos esforços iniciados no ano anterior no sentido de haver uma maior coordenação entre os diferentes agentes que atuavam neste campo.
1958
Apesar de a AEP manter como base a filiação individual dos seus membros, é alargada a Junta Consultiva, eleita pela primeira vez em 1955, passando a integrar um representante de cada uma das principais correntes denominacionais e organizações evangélica presentes no país, designadamente: igreja lusitana, igreja metodista, igrejas batistas, igrejas congregacionais, irmãos, igrejas pentecostais, igreja presbiteriana, Liga Missionária, igrejas independentes (TEAM), Sociedade Bíblica, Ação Bíblica, Juventude Evangélica Portuguesa, Federação Portuguesa das Escolas Dominicais, Aliança Pró-Evangelização de Crianças, União Bíblica.
1961
A AEP dirige um ofício ao ministro da Educação, Leite Pinto, em que se queixava das discriminações sofridas pelos estudantes evangélicos de escolas públicas e particulares que eram muitas vezes obrigados a frequentar as aulas de ensino religioso católico, prática essa que era contrária à lei vigente.
1964
Apesar das reportadas dificuldades colocadas por autoridades administrativas à ação dos evangélicos em diferentes partes do território, a AEP congratulava-se pelo despacho do Ministério da Saúde e Assistência que facilitaria a assistência religiosa a doentes internados nos hospitais civis e bem assim noutros estabelecimentos dependentes daquele Ministério, incluindo nela a prestada pelos pastores evangélicos.
1967
Guido Waldemar Oliveira falece subitamente a 6 de junho, deixando vago o lugar de presidente da AEP, que tinha ocupado nos últimos 12 anos, mas muitos mais na direção do organismo. A 23 de outubro Augusto Esperança, pastor presbiteriano, é eleito em assembleia geral extraordinária como novo presidente da AEP. A sede provisória da organização passa para a rua da Prata, em Lisboa, nas instalações da Livraria Alegria.
1968-1975
1968
Realizam-se dois grandes concertos de Música Sacra em Lisboa, a 13 e 14 de junho, com a participação do Coro Masculino da Universidade de Wheaton (EUA), que estava em digressão por vários países da Europa. Com o patrocínio e a intervenção da AEP estes concertos puderam ser realizados no Pavilhão dos Desportos, juntando cerca de 4.500 pessoas. A receita de bilheteira obtida foi destinada a obras de beneficência, incluindo as vítimas das inundações de novembro do ano anterior.
1969
Por intermediação do magistrado evangélico José Dias Bravo, que à época prestava serviço militar como oficial do exército na Guiné, a AEP promove uma campanha para oferta de um Novo Testamento a todos os soldados portugueses que combatiam naquele território.
1971
A AEP intervém ativamente a propósito da aprovação da Lei da Liberdade Religiosa, votada na Assembleia Nacional a 21 de agosto, lamentando que as comunidades e entidades protestantes se viam «diminuídas nos seus legítimos direitos quando lhes são negados os Estatutos que legalmente têm solicitado»; os dirigentes e responsáveis evangélicos olhavam com algum pessimismo para o texto da nova lei, considerando que podiam ficar ainda mais diminuídos do que anteriormente na expressão da sua fé. A 10 de junho é formalmente constituído o Conselho Português de Igrejas Cristãs (COPIC), pelas igreja lusitana, igreja presbiteriana e igreja metodista, cujos representantes haviam já diminuído o seu envolvimento na AEP.
1972
Em assembleia geral realizada a 8 de janeiro, Jaime Torre Vieira, pastor indenominacional, sucede a Augusto Esperança como presidente da AEP. Ainda neste ano surgem alguns problemas relacionados com a chegada a Portugal de novos missionários que não estavam integrados nas denominações evangélicas tradicionalmente representadas na AEP.
1974
Com o golpe de Estado, a 25 de abril, e com o início do processo de «descolonização» começam a chegar a Portugal centenas de milhares de «retornados», muitos dos quais pertencentes a igrejas evangélicas, a quem a AEP procurou prestar assistência social, em particular aos desalojados. Entre 16 e 25 de julho realiza-se o primeiro Congresso Internacional para a Evangelização Mundial, em Lausanne, na Suíça, com representantes portugueses; os evangélicos portugueses estiveram novamente presentes nesta iniciativa em Manila, Filipinas (1989) e na Cidade do Cabo, África do Sul (2010).
1975
Ao fim de 40 anos de existência legal em Portugal e após acaloradas discussões nos cerca de 30 anos precedentes, a AEP decide finalmente alterar os seus Estatutos, em assembleia geral realizada a 8 de dezembro, no sentido de abandonar a exclusividade da base individual dos seus membros, passando a aceitar também como associadas «congregações e instituições cristãs evangélicas». Os novos Estatutos previam ainda a criação de uma Associação de Pastores Evangélicos, a qual não se veio a efetivar. É formada pela AEP a Comissão Evangélica de Ajuda aos Desalojados de África (CEADA).
1977-1986
1977
É criada na alçada da AEP a Comissão de Assistência e Desenvolvimento da Aliança (CADA), cujos objetivos eram: uma atividade de ajuda social; a promoção do bem-estar e a melhoria das condições de vida dos mais desfavorecidos; a criação e o apoio de projetos de desenvolvimento, em ordem a estimular as potencialidades individuais e coletivas dos membros das várias comunidades. Em assembleia geral realizada a 2 de maio é deliberado que a AEP passe a integra a Aliança Evangélica Europeia e a Aliança Evangélica Mundial.
1979
A 8 de maio a AEP entrega ao presidente e aos responsáveis dos grupos parlamentares da Assembleia da República uma exposição em que alertava aquele órgão de soberania para o que considerava ser as «gritantes discriminações, há muito abolidas em todos os países democráticos, não só em matéria de comunicação social, como em muitos outros domínios da nossa vida pública e administrativa» a que estavam sujeitas as confissões não católicas em Portugal. Pede-se ainda a promulgação de uma nova Lei da Liberdade Religiosa.
1982
A propósito da primeira revisão da Constituição, a AEP expõe novamente a sua preocupação à Assembleia da República pelas lacunas que continuavam a existir na legislação portuguesa em relação à proteção dos direitos das minorias religiosas e a uma verdadeira liberdade religiosa no país.
1983
O quinto centenário do nascimento do reformador Martinho Lutero (1483-1546) é assinalado com uma série de conferências na qual participaram diversos oradores pertencentes a igrejas da AEP e do COPIC. Este ciclo é encerrado com uma sessão realizada a 12 de novembro no Pavilhão dos Desportos, em Lisboa, a que acorre numerosa assistência.
1986
Após 9 anos sem reuniões da assembleia geral, a 7 de abril os associados da AEP aprovam novos Estatutos, mantendo-se Jaime Vieira como presidente. Nesses Estatutos, é instituído o Conselho Geral e estabelecido que a assembleia geral se passe a reunir todos os anos. Por iniciativa da AEP e do COPIC é criada a Comissão Evangélica de Rádio e Televisão (CERET) com o objetivo de preparar programas para exibição nos canais públicos de rádio e televisão. Mesmo sem enquadramento legislativo o departamento de Programas Institucionais da RTP começou por emitir um magazine preenchido com conteúdos e atividades das confissões religiosas não católicas, tendo nascido a 19 de outubro, domingo, às 13 horas, o programa televisivo Caminhos, com a sua primeira emissão na RTP2 sob o tema Quem é Jesus.
1989-1997
1989
É publicado em Diário da República o despacho normativo n.º 104/89 de 16 de novembro, o qual admite a possibilidade de serem lecionadas em escolas do ensino básico e secundário «aulas de formação religiosa das diversas confissões religiosas com implantação em Portugal»; esta norma abriria a porta à constituição da Comissão para a Ação Educativa Evangélica nas Escolas Públicas (COMACEP), que juntava representantes da AEP e do COPIC. Em ambiente de contestação interna, a assembleia geral, reunida a 22 de abril e continuada a 2 de outubro, elege os novos órgãos da associação, passando Luís Reis, pastor da assembleia de Deus, a ser o novo presidente da AEP, a partir de 4 de novembro, em substituição de Jaime Vieira, que ocupara o cargo durante quase 18 anos.
1990
A AEP passa por um processo de profunda renovação que inclui uma maior participação dos seus órgãos no governo da associação, a renovação dos Estatutos, a reorganização dos serviços internos e da prestação dos colaboradores, para além de uma maior intervenção junto das entidades oficiais na reivindicação dos direitos dos evangélicos na sociedade portuguesa; inicia-se ainda a renovação dos espaços e a redistribuição das valências da sede da AEP em Lisboa. São formadas as primeiras quatro turmas de Educação Moral e Religiosa Evangélica, em quatro escolas do país.
1992
Opera-se uma reestruturação a nível interno da AEP, passando a funcionar diversas assessorias, criadas a fim de se ocuparem do tratamento de assuntos específicos no contexto da sua ação institucional. A 25 de janeiro toma posse como novo presidente da AEP José Dias Bravo, ancião de uma igreja dos irmãos, que à época era vice-procurador-geral da República. No mesmo ano, a 23 de maio, realiza-se pela primeira vez a Marcha por Jesus, em Lisboa, que reúne milhares de evangélicos a desfilar por várias artérias da capital, ao mesmo tempo que iniciativas semelhantes aconteciam por outras cidades da Europa.
1993
Surge a comunicAE que passa a coordenar a produção dos programas televisivos da responsabilidade da AEP, o que inclui o programa mensal Caminhos – 3.º Domingo e participação no Caminhos Informativo, emitido ao primeiro domingo do mês.
1994
Tem lugar a 18 de outubro a primeira reunião a juntar representantes da AEP, COPIC e Conferência Episcopal Portuguesa. Nos anos seguintes manter-se-iam encontros regulares entre estas entidades.
1997
É criado, a 24 de fevereiro, o Fórum Evangélico Jovem, que passava a reunir líderes jovens e de organizações de juventude evangélicas na esfera da AEP. A partir de 16 de setembro dá-se início às emissões do programa integrado no serviço público de televisão Luz das Nações, da responsabilidade da AEP, como parte do bloco diário A Fé dos Homens.
1998-2005
1998
Sob o tema Estamos a Fazer História realiza-se na aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, organizado pela AEP, o I Encontro Nacional Evangélico, a 10 de janeiro, ao qual assistiram mais de 3.000 pessoas de todo o país; esta foi a primeira vez em que um chefe de Estado português, o presidente da República Jorge Sampaio, esteve num encontro público de evangélicos, marcando ainda presença o ministro da Justiça, Vera Jardim, e o procurador-geral da República, Cunha Rodrigues. No mesmo ano, a AEP está representada no Pavilhão Inter-Religioso da EXPO’98, em Lisboa, durante 4 semanas, com distribuição de literatura bíblica e programas musicais. A comunidade evangélica voltaria a reunir-se a 19 de setembro, em Lisboa, no Pavilhão dos Desportos, para o seu Dia Nacional Evangélico onde tomaram posse os novos titulares dor órgãos da AEP, passando Moisés Gomes, pastor batista, a ser presidente; esta reunião foi seguida da Marcha por Jesus que juntou cerca de 4.000 evangélicos, desde a praça Marquês de Pombal até à praça do Comércio.
2001
É finalmente aprovada pela assembleia da República e publicada a Lei da Liberdade Religiosa, Lei n.º 16/2001, de 22 de junho, para a elaboração da qual a AEP contribuiu ao longo dos vários anos que levou a sua preparação; mas só três anos mais tarde seria empossada a Comissão da Liberdade Religiosa e seria preciso esperar até 2006 para que a AEP viesse a ser considerada Pessoa Coletiva Religiosa Radicada. A 10 de novembro, realiza-se em Coimbra o primeiro colóquio conjunto entre católicos e evangélicos com representação da AEP, do COPIC e da Conferência Episcopal Portuguesa.
2002
Passa a presidir à AEP, a 6 de maio, João Cardoso, pastor do centro cristão Vida Abundante. A nova Direção empreende uma reflexão alargada a várias pessoas da comunidade evangélica e aos responsáveis das várias assessorias da organização, no sentido de criar um plano estratégico a 5 e a 15 anos.
2003
Fica online o Portal Evangélico que se apresentava como «ponto de encontro da comunidade evangélica no espaço digital». No dia 25 de outubro, a AEP leva a cabo no pavilhão Atlântico, em Lisboa, o Dia do Evangélico, o mais participado acontecimento desta natureza jamais realizado em Portugal, contando com mais de dez mil presenças; esteve presente Nikolay Nedelchev, o presidente da Aliança Evangélica Europeia, sendo José Dias Bravo, presidente honorário da AEP, homenageado nesta ocasião.
2005
É constituída a AEP Edições Produções, uma sociedade comercial dedicada à edição e distribuição de publicações da AEP. Pela primeira vez, decorre em Portugal, de 19 a 23 de outubro, a assembleia geral da Aliança Evangélica Europeia e o Fórum Jovem europeu, em Tavira, com cerca de 200 pessoas em representação de 36 países.
2008-2019
2008
No dia 10 de maio tem lugar em Queluz, com a presença de cerca de cinco mil pessoas, a primeira ExpoEvangélica, sendo na mesma ocasião realizado o Dia Global de Oração, promovido pela Aliança Evangélica Mundial, que havia começado a ser assinalado em Portugal dois anos antes. Jorge Humberto Nobre, pastor da assembleia de Deus, passa a ser o novo presidente da AEP, a partir de 10 de dezembro.
2009
Nasce o Grupo de Trabalho Inter-Religioso Religiões-Saúde (GTIR), com representação da AEP, na sequência da entrada em vigor do decreto-lei n.º 253/2009, de 23 de setembro, relativo à Assistência Espiritual e Religiosa do Serviço Nacional de Saúde; a partir de 2011 verificar-se-ia um incremento na constituição das capelanias hospitalares com presença de evangélicos. Passam a ser emitidos na Antena 1 os programas radiofónicos Luz das Nações.
2011
Com o apoio da AEP, a Associação Evangelística Billy Graham realiza a iniciativa Minha Esperança em Portugal; durante três noites do mês de dezembro são emitidos programas televisivos evangelísticos em canal aberto.
2015
Atenta à enorme crise europeia, a AEP cria um grupo de trabalho, em articulação com a Plataforma de Apoio aos Refugiados, para coordenar o apoio que a comunidade evangélica pudesse dar aos migrantes que chegavam ao país. António Calaim, ancião de uma igreja dos irmãos, passa a ser o presidente da AEP a partir de 7 de dezembro.
2017
Com transmissão em direto pela RTP2, decorre em Lisboa a 31 de outubro a cerimónia comemorativa dos 500 anos da Reforma Protestante, organizada em conjunto pela AEP, COPIC, União Portuguesa dos Adventistas do Sétimo Dia e Sociedade Bíblica.
2018
Ao longo dos dias 7 e 8 de abril decorrem as quatro sessões do Festival da Esperança, promovido pela AEP a partir da iniciativa da Associação Evangelística Billy Graham; Franklin Graham foi o pregador, tendo ainda havido participações musicais de Héber Marques, Ana Paula Valadão, Tommy Coomes Band, Dennis Agajanian e do Hope Choir, um coro gospel com 450 vozes de diferentes igrejas de norte a sul do país. No total, participaram 27.800 pessoas, para além de cerca de 73.000 que acompanharam pela internet, em 58 países.
Reportagem do Festival de Esperança no programa “Luz das Nações” da AEP na RTP 2
Reportagem do Fórum Evangélico no programa “Luz das Nações” da AEP na RTP 2
2019
Em Lisboa, nos dias 22 e 23 de março, tem lugar o primeiro Fórum Evangélico, organizado pela AEP, pelo qual passaram cerca de 1.000 pessoas, com o objetivo de mobilizar as igrejas a estarem juntas, conectando ministérios e organizações, proporcionando comunhão entre famílias e a celebração conjunta a Deus.
A AEP em 2021
Os cristãos evangélicos em Portugal, há um século e de forma organizada, iniciaram juntos uma caminhada a fim de orarem e buscarem a vontade de Deus, procurando ter uma voz unida e representativa face às autoridades civis. Isto num tempo em que a perseguição e a segregação das comunidades religiosas tinham sido uma realidade em Portugal. A AEP começou por ser uma aliança de crentes evangélicos, na sua maioria pastores e missionários, que se propuseram cooperar na evangelização do país e lutar pelos direitos das comunidades a que pertenciam. Ao longo de sucessivas décadas e em diferentes contextos político-sociais, a AEP foi procurando a melhor forma de se apresentar, representar e lutar pela expansão do reino de Deus.
A visão da AEP é: Queremos ver movimentos de seguidores de Jesus glorificando a Deus e servindo as pessoas em Portugal. A sua missão é: CONECTAR para um propósito comum, EQUIPAR para missão integral e REPRESENTAR com uma voz unida. Procuramos promover como valores: a ORAÇÃO que é a nossa disciplina espiritual fundamental; a BÍBLIA (Sagrada Escritura) como a inspirada e autorizada Palavra de Deus; promover melhor RELACIONAMENTO com as comunidades evangélicas; realçar e amar a IGREJA nas suas diversas expressões; CAPACITAR as igrejas para cumprirem a sua missão e visão; trabalhar juntos de forma COLEGIAL e TRANSPARENTE; praticar a SUBSIDIARIEDADE e JUSTIÇA SOCIAL; demonstrar SERVIÇO por meio de um espírito GENEROSO.
O que fazemos na atualidade? CONECTAMO-NOS para um propósito comum. Como representante do movimento evangélico em Portugal, a AEP é uma federação cristã evangélica ligada à sua base onde estão representados crentes individuais, igrejas e comunidades eclesiásticas, assim como organismos de cooperação de igrejas e organizações interdenominacionais, ministérios e iniciativas, para um maior impacto estratégico.
Ficha técnica
Textos
Pesquisa e Organização
Timóteo Cavaco
Participação
António Calaim
Sara Narciso
Fontes
Celestino Torres de Oliveira
Ruy Santos
Samuel Pinheiro
Colaboração
João Tomé
Rúben Oliveira
Design e Grafismo
Sara Calaim
Grupo de Trabalho
António Calaim
Josué da Ponte
Osvaldo Castanheira
Sandra Raio
Sara Narciso
Timóteo Cavaco