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AEP

A vida numa palavra

960 640 Aliança Evangélica Portuguesa

A vida tem o seu jeito de nos levar a reflectir sobre ela, seja pela nossa própria personalidade, as circunstâncias pelas quais passamos ou as pessoas com quem nos cruzamos. Essa reflexão pode, no sentido positivo, ajudar-nos a orientar ou a focar de novo a nossa existência, tal qual uma bússola. Nos últimos anos, e talvez influenciada pelo facto de ter passado a barreira dos 50 e ter consciência que não viverei neste planeta tantos anos como aqueles que já tive oportunidade de viver até aqui, tenho reflectido sobre o que é que se resume a vida. O que é essencial, sem o qual não é possível viver, no seu sentido mais significativo e profundo?

Cada um de nós responde de forma pessoal a essa pergunta e a minha resposta é a de que o fundamento da minha existência é inquestionavelmente Deus. Não me estou a referir a um conceito abstracto ou a um Deus distante, ditador, carrancudo, mas a Alguém que é relacional por natureza, está próximo e continua envolvido com a Sua própria criação (tanto quanto esta Lhe permite) capacitando os relacionamentos não somente com a Divindade, mas também entre as criaturas. É este Deus que me leva a pensar, talvez de forma simplista que a vida – a vida que Ele desejou/deseja para a Sua criação (humana e não-humana) – é um entrelaçado de relacionamentos.

É certamente a minha crença nesse Deus que fundamenta a minha convicção que os seres humanos desfrutam de relacionamentos construtivos quando estes são imersos na vivência contínua do amor de Deus. É deste amor que fluem o compromisso, a confiança e o perdão, que são componentes importantes em qualquer relacionamento. O próprio Jesus – Deus na forma humana e a personificação daquilo que é ser-se humano – afirmou sobre o que é mais importante: “Ama o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças; e ama o teu próximo como a ti mesmo”. (Mar. 12:30-31, BT09). Amor – este tipo de amor que vem de Deus, aceite por mim e que enche a minha vida – é o que caracteriza os meus relacionamentos com Deus, outros e a mim mesma.

A cada pausa na música (para os amantes desta linguagem universal) ou da história (para os apreciadores de enredos) da vida maravilho-me pela percepção, mesmo que ténue, de que o relacionamento maior de amor – aquele com Deus – foi iniciado por Ele e continua a ser cultivado por Ele diariamente. Enternece-me saber que sou amada – sou filha amada de Deus! Esse amor não depende do que eu faça ou deixe de fazer, embora compreenda na minha mente finita, que os meus pensamentos, palavras e acções, ou a falta deles, alegram ou entristecem o coração do meu Amado. Como não amar este Deus que me conduz com amor (Oseias 11:4, OL) do princípio ao fim dos meus dias e para além deles? É esta imensidão e certeza de amor, que prefere morrer (como aconteceu na pessoa de Jesus) do que perder a oportunidade de se relacionar comigo/connosco, que me leva a amá-l’O de volta e fundamenta os relacionamentos com a Sua criação, a começar com as pessoas.

Quando a minha identidade está alicerçada nesse amor divino percebo que o outro é igualmente e unicamente amado por Deus.  Não é o facto de nos darmos bem ou de ‘irmos com a cara do outro’ que firma os relacionamentos entre humanos, mas é sim a afinidade de sermos filhos/filhas do mesmo Pai, mesmo que alguns não reconheçam e consequentemente não vivam essa filiação. Quando percebemos/vivemos esta verdade, as lutas baseadas no amor ao poder, sejam em que dimensões ou níveis forem, tornam-se pelo contrário em oportunidades de observar e actuar no poder do amor. É este poder/dínamo que transforma os estranhos em conhecidos, os conhecidos em amigos e os amigos em irmãos.

Não há muito tempo fui levada a pensar no relacionamento com outros numa outra perspectiva ao ler o pensamento de Juliana de Norwich (que viveu durante a primeira e segunda vagas da Peste Negra e cuja experiência de vida tem algo a dizer acerca do sofrimento). Ela referiu que o verdadeiro bem-estar nas nossas vidas é encontrado em relacionamento. Por outras palavras, o bem-estar em todas as dimensões (física, mental, espiritual, social) da pessoa humana revela-se intrinsecamente ligado ao ser-se transformado no melhor ser humano possível, o que é concretizado através do relacionamento com os outros. O que me leva de volta às palavras de Jesus: ‘ama a Deus com todo o teu ser, e ao teu semelhante como a ti mesmo’.

Em tempos idos, o amor a mim mesma era indubitavelmente associado ao egoísmo, cujo conceito e vivência sempre foram considerados errados, e sobretudo num contexto de colocar os outros sempre em primeiro lugar. Como então compreender a vida, no seu desígnio divino, no que respeita ao amor por mim mesma, já que este parece estar ligado ao amor pelo outro? Devo confessar que esta tem sido (continua a ser) uma jornada de desconstrução e reconstrução de ideias e concepções em mim arraigadas. A maneira de hoje olhar e viver esse amor a mim mesma, sem roçar o egoísmo, é colocar no centro (de novo) o amor de Deus. Dizendo de outra maneira: é amar-me através dos olhos de Deus – o que por si só é um exercício só possível pelo modelo de vida encontrado em Jesus e pela capacitação providenciada pelo Espírito Santo. A lente através da qual olho para mim mesma, me relaciono comigo mesma, é a perspectiva de Deus, não a minha, nem a dos outros acerca de mim. E como é que Ele me vê? Deus vê-me como filha (João 1.12), como amiga de Cristo (João 15:15), como justificada (Rom. 5:1), como pertencendo a Ele (1 Cor. 6:20), como estabelecida, ungida e selada por Ele (2 Cor. 1:21-22), como cidadã dos céus (Fil. 3:20), como templo da Sua própria habitação (1 Cor. 3:16), como ministra de reconciliação (2 Cor. 5:17-20)…entre muitas outras facetas que me fazem ser uma pessoa aceite, segura e com significado em Deus.

A vida numa palavra? Relacionamentos – imersos e fundamentados no amor de Deus! O Deus relacional que nos criou e nos possibilita viver como o ser humano verdadeiro que ele planeou sermos, através do que Jesus fez e o Espírito Santo continua a fazer, almeja que nos relacionemos com Ele, com os outros e connosco mesmos, e até com a Sua restante criação, em Amor. Este calibre de vivência manifesta-se num bem-estar e relacionamentos correctos que Deus sonhou para toda a Sua criação.

 

Raquel A. Espinhal Pereira

Secretária académica e professora em instituição bíblica-teológica (www.eunc.edu)

Portugal em Estado de Calamidade

1480 609 Aliança Evangélica Portuguesa

Comunicado Direção da AEP

Portugal em Estado de Calamidade

Portugal passou a partir das 0h00 do dia 15/10 a estar em estado de calamidade, devido ao agravamento do número de infeções diárias e do crescente número de pessoas internadas em hospitais.

A propósito, a AEP esclarece que:
1) As nossas condições para as Celebrações religiosas mantêm-se iguais.

2) Devemos continuar a cumprir com todas as medidas de segurança estipuladas pela DGS (Clique aqui para ver as diretrizes da DGS para os serviços religiosos de Maio de 2020)

3) A saída das reuniões nos recintos exteriores deve respeitar as novas regras de não se aglomerem em número superior a 5 pessoas e que usem sempre a máscara.

Não houve qualquer alteração aos cultos, exceto cerimónias como casamentos, em que o convívio familiar não pode ultrapassar as 50 pessoas.

Oremos por proteção e que o Senhor tenha misericórdia da nossa nação, proteja nossos ministros de culto, cristãos bem como todos aqueles que trabalham na linha da frente ao combate a esta pandemia.

Rádio Transmundial de Portugal com novos desafios!

2309 1131 Aliança Evangélica Portuguesa

A RTM é uma organização cristã especializada em comunicação multimedia, com o objetivo de transmitir esperança a quem a escuta.

Online em rtmportugal.org

A RTM também produz programas de conteúdo cristão, emitidos em diferentes rádios locais espalhadas por todo o país.

Pela frente estão novos desafios. Para saber como se tornar parceiro deste projeto ou receber mais noticias, inscreva-se em noticia@rmportugal.org

 

Por que pode contar com a Trans World Radio e os seus parceiros?

Somos uma organização nacional, afiliada à Aliança Evangélica e de acordo com a sua confissão de fé, a servir as igrejas cristãs e ao país!

Somos ligados à maior rede de comunicação cristã do planeta

Esta rede transmite mais do que qualquer outra, no número de idiomas e dialetos utilizados nas suas transmissões – 275 (mais do que a Voz da América, a China Internacional e a Voz da Rússia e BBC juntas) e está presente em mais de 160 países!

Somos uma organização cristã especialista em comunicação multimédia

Transmitimos por todos os meios disponíveis – nós e a nossa parceira – por satélites, OC, OM, FM, webrádio, podcast, literatura e através de conteúdo de vídeo.

Contamos com uma equipa de experts na área capazes de cooperar com igrejas, comunidades e organizações cristãs, a servir como consultora capaz de ajudar nas várias demandas abrangidas por essa área, cujo objetivo maior é servir a Igreja cristã toda, a atuar no alcance, no evangelismo, na formação através de ensino bíblico de qualidade, na plantação de igrejas e na promoção da cultura segundo uma cosmovisão cristã para o homem de hoje.

O nosso conteúdo é produzido por cristãos de reconhecido valor!

Somos pioneiros no país, pela promoção massiva através dos media seculares, de novos valores da sua igreja, tais como cantores, compositores, bandas, autores e organizações.

Para além disso, pelos nossos microfones, já passaram Corrie Ten Boom, Itamir Neves, Charles Swindoll, Luis Sayão, J. Vernon McGee, Russell Shedd, Billy Graham, Nelson Bomílcar, James Dobson, Francis Schaeffer, Davi Nunes, Luis Palau, Paulo Chaveiro, Samuel Rodrigues Pinheiro, Danilo Gujral, Charles Stanley, Nelson Leite, Israel Mazzacorati e muitos outros…

Somos muito mais do que uma emissora de rádio. Nós produzimos conteúdos cristãos de qualidade!

Gerimos uma webrádio 24/7, para além de transmitir também os seus programas através de uma rede de estações de rádio FM seculares (cerca de 10 no país e mais 4, em África e Europa) através da compra de hora de antena e de parcerias.

A RTM Portugal é uma organização fiável!

Ela não possui um cariz lucrativo e é não personalista – não promove a outro nome a não ser o de Cristo Jesus, ou alguma denominação em particular e é firmada na centralidade da Sua Palavra. A sua rede parceira possui mais de seis décadas no mundo, sem pedir nenhum tipo de oferta ou vender as suas 24 horas diárias de transmissões. Além disso, é auditada nas suas contas e administração por consultores independentes.

O foco principal da RTM são as pessoas!

Ela lança mão da tecnologia de comunicação mais atual, de congressos e de eventos, para alcançar vidas com a mensagem do Evangelho, e conta com o corpo de Cristo para cumprir a sua missão. Dia após dia oferece muito mais do que entretenimento, mas ensino de qualidade produzido por nomes respeitáveis da igreja cristã para os cristãos de hoje em Portugal.

Chame a RTM para qualquer demanda ou possibilidade de cooperação consigo e a sua comunidade!

Estamos cá para si! E para que Portugal creia!

Os nossos projetos à disposição das igrejas de Portugal:

Os recursos da CV (Christian Vision/Yes He is)

Estamos a disponibilizar para todo o país até ao final deste ano, os recursos Audiovisuais e tecnológicos de Evangelismo e Discipulado com o objetivo de ajudar as igrejas locais a compartilharem as Boas Novas, a fim de igualmente mobilizarmos os cristãos a compartilharem a sua Fé. Estes recursos são Vídeos, Aplicações para aparelhos móveis, (telemóveis, tablets, etc…) que foram produzidos pelo Ministério Christian Vision, o qual mantém o projeto Yes He Is, totalmente adaptados à nossa cultura como também usando o português de Portugal!

O Som do Livro

Um programa de estudos bíblicos expositivos, capítulo a capítulo, livro a livro, em cinco edições semanais, por cinco anos, do Génesis ao Apocalipse!

A criação imortal do Dr. J. Vernon McGee, na tradução e adaptação primorosa de Paulo Chaveiro, nos nossos estúdios. Uma verdadeira escola bíblica!

No ar, em dez FM pelo país, em estações de Angola, Moçambique, França, Bélgica, pela webradio e por podcast. Também disponibilizamos os comentários por texto, no site www.twr.org/home/day,288/language,POR-EUR

Mulheres de Esperança

O programa que busca levar esperança, informação e cura para o coração da mulher. Os mais diversos temas são abordados por meio de uma conversa descontraída a apontar para o amor de Deus e para a esperança em Cristo Jesus.

Celebrando a Restauração – Singles

O programa da RTM que agora passa a organizar grupos a buscar ajudar as igrejas e as comunidades pelo país e de língua portuguesa no estrangeiro, a serem instrumento de Deus, para a renovação da esperança dos “Singles” (solteiros, divorciados e viúvos), de viverem intensa e apaixonadamente o Seu Reino, numa perspectiva interconfessional, e inter-denominacional.

Cada Homem Um Guerreiro

O projeto que busca que os homens cristãos possam ser tudo o que Deus os chama para ser e que terminem bem as suas corridas, através de grupos de discipulado e comunhão nas igrejas locais. Homens cristãos conscientes da sua vocação, produzem famílias – esposas e filhos – sadios, para além de exercerem com fidelidade o seu ministério pessoal junto às suas igrejas.

Academia Bíblica Transmundial

A escola bíblica por correspondência, que pretende a formação nas doutrinas elementares da fé cristã (a deixar para as igrejas as suas particularidades teológicas ou eclesiológicas). Em lições e avaliações básicas e com a certificação ao final de cada módulo.

Foolish Life Academy

A escola que busca alcançar e discipular uma nova geração de adolescentes cristãos e prepará-los para o testemunho numa sociedade cada dia mais distante de Deus e entrincheirada contra os valores do evangelho. As disciplinas básicas da fé cristã, numa argumentação inicial na ciência, na história, na filosofia e cheia de humor, numa linguagem adequada para esta nova geração de jovens que se tem perdido tão logo sai da primária.

PitStop

Uma ampla Plataforma (com programas em Podcast, Aconselhamento Presencial, Eventos de Formação/Atualização ministerial…) para o Atendimento integral a Pastores e Missionários, em conjunto com outras Organizações parceiras e Profissionais Especializados no cuidado a quem cuida de outros.

Em breve, teremos à disposição de toda a Igreja Portuguesa, Programas e Conteúdos em PODCAST numa vasta Biblioteca para ouvir quando e onde desejar.

Conteúdos

Apologética – Inteligência Espiritual, com Samuel Pinheiro

Aconselhamento – Programas PitStop, Ponto de Encontro

Devocionais – Café com Deus, a Palavra para Hoje e Presente Diário

 

Solicite-nos hoje ainda, mais informações sobre como podemos ajudar a si e à sua igreja!

Agradecemos que divulgue o nosso trabalho! Estamos cá por si e pela igreja Portuguesa!

 

Contate-nos hoje mesmo:

Rua Ribeiro dos Reis, lote 17 loja 4 2725 – 175 Mem Martins – Sintra

Telefones: +351 211 581 128 – 808 201 932 (linha azul)

www.facebook.com/rtmportugal

geral@radiotransmundial.org

 

LUTO E RESILIÊNCIA

960 540 Aliança Evangélica Portuguesa

Este é um tema muito difícil de ser abordado, pois fujimos até sermos confrontados com esta triste realidade. Como diz a famosa música de Gonzaguinha: “Ninguém quer a morte, só saúde e sorte!”. Mas o Brasil está passando por um luto coletivo. No momento em que escrevo, já são cerca de 138.000 mortes. Trata-se também de um luto de encontros, trabalho, sustento, sonhos, projetos, às vezes até casamentos. O mais doloroso, porém, é a perda de pessoas queridas. Não são números. Neste campo a teoria ajuda pouco. Primeiro, porque cada experiência é única. E segundo, porque é muita arrogância tentar explicar o sofrimento, como fizeram os amigos de Jó. A racionalização e a espiritualização são mecanismos de fuga do sofrimento nocivos. Tentamos buscar um culpado em vez de sentir a dor. A resposta de Cristo foi encarnar e sofrer junto. Mesmo sabendo que ia ressuscitar Lázaro, ele chora ao ver o sofrimento de Marta e Maria! E sofrer é o preço do amor, pois só sofre quem ama. Foi a cruz que garantiu a Criação. Cristo já se dispôs a morrer por nós antes da fundação do mundo e seu amor sacrificial nos proporcionou um caminho de volta para a casa do Pai antes mesmo de existirmos.    

Amor e luto são as duas faces da mesma realidade. Assim como a vida e a morte. Só morre quem está vivo. O medo de morrer e perder alguém próximo pode paralisar e impedir de viver. O luto antecipado leva a pessoa a distanciar-se para se proteger da perda em vez de desfrutar da presença. Cada vez mais pessoas têm medo de amar e de se apegar por medo de sofrer. Foi a experiência de C.S.Lewis. Perdeu a mãe ainda criança e fechou-se para relacionamentos profundos. Quando finalmente baixou as suas defesas e entregou-se ao amor de uma mulher, ela teve uma doença oncológica e faleceu. Ele, que era catedrático e dava palestras sobre o sofrimento, mergulhou na dor da perda pela segunda vez. Mesmo assim, concluiu que é melhor amar e perder do que não amar (esta experiência é muito bem contada no filme Terra das Sombras). A nossa essência e a nossa missão é amar! Se Descartes cunhou o famoso: penso, logo existo, a nossa sociedade diz: consumo, logo existo. E a nova geração: sou conectado, logo existo. O lema do cristão deveria ser: Amo, logo existo. O contrário do amor não é o ódio ou a indiferença, é o medo. Por isso, o perfeito amor de Deus lança fora o medo. Cristo nos alerta que vamos sofrer, mas Ele está conosco todos os dias. Ele chama os que choram de bem aventurados, não porque chorar é bom, mas porque serão consolados.

Antigamente, e ainda hoje no interior, nascimento e morte eram processos naturais e até festivos. Hoje nossa sociedade censura a tristeza e esconde a morte. A teologia da prosperidade propõe um ídolo que livra do sofrimento. Vivemos a ditadura da felicidade. Uma sociedade patologizada e medicalizada. O Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais está na 5.ª edição. A primeira em 1952 tinha 130 pg e listava 106 desordens mentais. A 5ª em 2013 tem 992 pg e mais de 300 desordens mentais. Uma das discussões foi sobre o luto, pois pode ter sintomas parecidos com a depressão: tristeza intensa e desinteresse em atividades habituais. Mas o luto saudável não é depressão. No luto saudável, há uma alternância de tristeza pela perda e de leveza ao lembrar da pessoa amada. Luto não é doença, embora abale o sistema imunológico. É um processo emocional multidimensional. Traz uma desorganização em várias áreas: identidade, projeto de vida, rotina, finanças… São conhecidas as 5 fases identificadas por Elisabeth Kubler-Ross: negação, raiva, barganha, tristeza e aceitação. Diz respeito a pacientes terminais. Quando a pessoa já faleceu, não há mais barganha possível. Raiva, culpa (achar que devia ter cuidado mais, que transmitiu a doença…), medo, dúvida, tristeza são emoções que precisam de ser acolhidas e digeridas. A raiva e a tristeza são legítimas e necessárias para chegar a uma aceitação que não seja apenas resignação, mas permita reerguer-se. Despedir-se e reorganizar a vida requer muito tempo. Ninguém supera a perda de um filho, por exemplo. É uma amputação! Mas é possível assimilar, integrar, desfrutar da vida, mesmo com momentos de muita saudade, e cuidar de quem está vivo.

Na contramão da nossa cultura, Salomão aponta 3 benefícios do luto (Eclesiastes 7:2-4):

1. “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque ali se vê o fim de todos os homens; e os vivos o aplicam ao seu coração”. A morte é uma inimiga, fruto da desobediência de Adão. Mas a consciência da nossa morte nos desafia a viver mais plenamente: fazer escolhas, não ter pendências, desfrutar do presente, não guardar para depois (expressões de apreço, gratidão e afeto, presentes de casamento, viagens, encontros, celebrações), não procrastinar. Somos chamados a viver de tal forma que a morte só leve o corpo, de forma a deixar um legado vivo. A morte não pode levar aquilo que ficou vivo nas outras pessoas. O amor é eterno. Como diz Jacques Elul, a gente vincula-se para a eternidade a quem a gente ama.

2. “Melhor é a tristeza do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor ao coração”. A tristeza nos capacita a sentir compaixão. Só quem está em contacto com as suas dores é capaz de sentir empatia pela dor do outro. Quem nega as suas próprias emoções não consegue chorar com os que choram nem se alegrar com os que se alegram. Quem quer poupar-se da tristeza acaba privando-se da alegria!

3. “O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos, na casa da alegria”. O luto é transformador: transforma a dor.  Gera resiliência e sabedoria. Quem passa pelo luto não se deixa mais abalar por coisas pequenas e não quer mais desperdiçar a sua vida. Sente um desejo urgente de se dedicar a fazer o bem como forma de honrar a pessoa que morreu e dar sentido à sua própria existência. A rica condessa Albina du Boisrouvray perdeu o seu único filho no acidente do avião que ele pilotava. Ela vendeu a maior parte dos seus bens para criar uma Fundação que já tirou mais de 100.000 pessoas da pobreza. E comenta: “Foi uma forma de manter o meu filho vivo. Realizando os seus sonhos, ele me acompanha. E isso dá-me muita serenidade”.

Porque cada experiência é única, a melhor maneira de apoiar uma pessoa enlutada é ouvi-la e disponibilizar-se. Não tente tirar a pessoa do luto ou distraí-la, fique ao seu lado. Amigos enlutados sugerem que compartilhe lembranças pessoais da pessoa que morreu, músicas, fotos. Deixe a pessoa falar da sua dor. Respeite quando ela quer falar ou calar. Cada um tem o direito de viver o seu luto no seu tempo e do seu jeito, de forma que a dor seja vivida na sua intensidade e a pessoa possa deixar a Graça juntar os seus cacos. A pessoa fica muito sensível, por isto é preciso tratá-la com muita delicadeza. Se não se sentir capacitado para acompanhá-la, respeite os seus próprios limites e encontre uma forma criativa de expressar o seu afeto, orando pela pessoa e cuidando de suas necessidades práticas, como comida, apoio financeiro, providências administrativas.

Porque velórios estão proibidos e enterros presenciais limitados, é preciso encontrar outros rituais para iniciar o processo de luto. Um amigo ficou grato porque os médicos permitiram que ele se despedisse da esposa junto com os seus dois filhos apesar das restrições oficiais. O luto adiado ou inibido pode gerar depressão ou somatização. A pessoa fica presa emocionalmente e continua carregando o morto dentro dela. É possível fazer um velório online, um culto online em memória com depoimentos, ou recolher testemunhos e homenagens para fazer um vídeo ou um livro que se tornem memoriais. O requiem é uma música composta especificamente para este fim. É importante incluir as crianças.

Termino com uma reflexão da minha mentora Ago Burki cuja memória eu cultivo com gratidão: quanto mais fundo a ferida, mais fundo penetra a Graça de Deus. Assim, não tenhamos medo de visitar estes vazios deixados pelos que se foram, para que sejam preenchidos pelo amor e nos tornem pessoas mais sábias e compassivas.

 

Isabelle Ludovico

 

Psicóloga clínica

isabelle@ludovicosilva.com.br    

TEMOS OUSADIA?

626 417 Aliança Evangélica Portuguesa

De vez em quando, o Senhor faz-me parar em algum ponto da passagem que estou a ler.

Há algum tempo, ao ler o versículo 12 do capítulo 3 de Efésios, parei nas palavras ousadia” e “confiança”.

«No qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé n’Ele.»

Em Cristo, por causa da obra da cruz, que nos fez nova criação, pela fé, temos acesso a Deus – porque não tínhamos, devido à nossa condição de pecadores perdidos.

Aqui surgem as duas palavras que me fizeram parar:

  • Ousadia
  • Confiança

Gostaria, então, de destacar estes dois aspetos.

  1. Para mim a confiança é mais clara, lógica! É com essa credencial – a obra que Cristo realizou na cruz –  que eu acedo à presença do Pai.  É a minha Carta de Apresentação: Helena Pais Martins, apresenta-se para entrar no Lugar Santo, porque foi lavada e purificada, assim tornou-se filha de Deus e adquiriu o privilégio de acesso direto ao acesso à Sua presença. Para ela já não existe véu, foi rasgado como parte integrante do sacrifício do Filho de Deus, Jesus Cristo.

Em Hebreus 4:16 vemos que podemos, com confiança, chegar junto ao Trono da Graça de Deus. Temos acesso a algo determinado – o Trono da Graça de Deus.

Ao fazê-lo encontramos 3 coisas:

  • Misericórdia – sem ela não teríamos tido a oportunidade de salvação.
  • Graça – só ela nos coloca na nova posição de filhos, quando cremos em Jesus.
  • Ajuda em tempo oportuno – nunca mais estamos sós!
  1. Mas porquê ousadia?

Isto já implica uma atitude da nossa parte. É fruto de eu saber o que Ele fez e quem sou n’Ele. É ir à presença de Deus sabendo que a mesa está posta e me posso servir de tudo. Sem medo, sem complexos. É para meu usufruto!

Isto trouxe-me à memória uma história que li, passada já há muitos anos, quando as viagens de barco eram ainda uma grande novidade e aventura! Conta-se que um jovem andou a juntar dinheiro para a viagem (creio que para os EUA) durante anos. Conseguiu e lá chegou o dia de comprar o seu bilhete e em devido tempo embarcar.

Entrou no seu camarote. Tudo era novo! Saía um pouco e voltava. Já quase a meio da viagem, um colega de camarote perguntou-lhe porque não ia almoçar com os outros passageiros. ‘Não posso’, foi a resposta. ‘Só tinha dinheiro para a viagem…’

Nem sabia que as refeições estavam incluídas no bilhete!

Creio que nós, muitas vezes, não usufruímos tudo o que Deus tem para nós porque ignoramos as verdades da Palavra! O que Deus tem para nós não são as migalhas! É o que está na mesa! E aí posso circular à vontade, tirar não apenas o que preciso, mas também o que me dá prazer!

Que lemos em Hebreus 10:19?

“Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus,” (ARA)

“Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Lugar Santíssimo pelo sangue de Jesus” (NVI)

“Tendo pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus,” (ACF)

Ousadia é ir além do normal, sabendo que em Deus há essa abundância, há a capacidade de resposta!

Ousadia é não ficar no átrio, é não permanecer no Lugar Santo.

Ousadia é entrar no santuário = Lugar Santíssimo (onde estava a arca da aliança, onde o sumo sacerdote só entrava uma vez por ano – depois de se purificar e levando sangue para ungir as pontas do propiciatório que cobria a arca).

CONCLUSÃO

Estamos a ver o privilégio?

É onde Deus nos espera numa manifestação de ousadia confiante. Cumprimos os requisitos da lavagem, purificação e sangue! E podemos entrar a todo o momento. Não apenas para obter ajuda, mas para estar em comunhão, é participar no banquete por Ele preparado!

Como é bom entrar no Lugar Santíssimo com ousadia!

Pertencemos a esse lugar!

OUSADIA PARA ENTRAR, PARA PEDIR, PARA ESTAR!

 

 

Helena Pais Martins

 

Coordenadora do ministério Desperta Débora em Portugal.

Igreja sem alterações às respetivas normas de segurança da DGS

1480 609 Aliança Evangélica Portuguesa

COMUNICADO AEP

11/09/2020

Igreja sem alterações às respetivas normas de segurança da DGS

Na próxima terça-feira, dia 15 de setembro 2020, o país passará do estado de alerta, para o estado de contingência com medidas de restrições mais apertadas conforme já anunciado pelo governo.

No que diz respeito aos nossos cultos, não existe qualquer alteração, a não ser o cuidado na saída dos locais, para não ser feito em simultâneo nem criar grupos à entrada e saída.

Em todo o caso, desde o primeiro momento que recebemos as normas da DGS que contestamos a distância de 2m, entre outras medidas, que não foram acolhidas pela DGS, por esse motivo estamos em conversações para emitir um pedido conjunto de diversas entidades religiosas a solicitar a alteração de 2m para 1 metro de distanciamento entre pessoas individuais ou entre famílias o que corresponderá à distancia aproximada de duas cadeiras.

Assim os nossos cultos continuam a poder realizar-se dentro das regras definidas pela DGS. (Podem ler-se aqui as orientações da DGS para as celebrações religiosas de 29/05/20)

Quando, porém, terminar o culto, os crentes não podem ficar à porta a conversar uns com os outros, porque finda a cerimónia religiosa já se aplicam aos crentes as medidas que limitam o número de pessoas a grupos de 10.

Queremos dar um apontamento especial em relação às atividades com crianças e jovens, para afirmar que as normas aplicáveis são exatamente as mesmas, pelo que nos casos em que as instalações não permitam a realização das atividades em simultâneo com o culto principal, sugere-se que as atividades com crianças e jovens sejam realizadas no espaço do culto em momentos que o culto principal não se esteja a realizar.

Damos graças a Deus por esta liberdade e pela proteção sobre nossas vidas e Igrejas, mas é tempo de continuar a orar!

Oremos para que o nosso Senhor possa continuar a proteger nossas igrejas, comunidades e ministros de culto que exercem funções de risco!

Oremos para que Deus possa ter misericórdia da nossa nação!

Oremos pelas nossas autoridades, profissionais de saúde e todos os que trabalham para que a nossa economia não pare!

Que o Senhor abençoe nossa nação!

A Direção da Aliança Evangélica Portuguesa

5 mitos sobre a solidão

960 640 Aliança Evangélica Portuguesa

Se há fenómeno sobre o qual devemos falar neste tempo é a solidão.

Para muitos, e à primeira vista, a solidão pode ser pensada como aquela situação em que uma pessoa (1), singular, não tem com quem partilhar a vida, falar ou para ser sua companhia.

Contudo, se a solidão fosse isto “simplesmente”, e não algo mais complexo, estariam excluídas da categoria dos solitários uma série de pessoas: as que têm família (são casadas, têm filhos, etc.), as que têm muitos amigos, as que frequentam uma igreja, as que têm elevado estatuto social e as que têm muito dinheiro.

Porém, sabemos que não é assim, A solidão pode chegar a todos. Há, muitas vezes, emoções ambíguas por trás da solidão, as quais é importante conhecer, falar sobre elas, exteriorizá-las.

Por isso, trago-vos hoje 5 mitos sobre a solidão. Pensando sobre eles, descobrimos que os seres humanos têm muito em comum, ao mesmo tempo que vivem a mesma situação de formas tão individualizadas e particulares.

Entender isso ajuda-nos a não julgar, e a ser mais empáticos com os outros, sabendo que o mesmo pode acontecer connosco.

MITO 1 – Pessoas casadas, com família, ou com filhos, não se sentem sós.

A Bíblia conta uma linda história sobre Ana. Ela era muitíssimo amada pelo seu marido, mas o facto de não ser mãe fazia-a sentir-se tão triste e só… Lágrimas caiam da sua face dia e noite. Ela vivia o desgosto da esterilidade sozinha, entre ela e Deus. Até mesmo o seu marido, que a amava tanto, não conseguia compreender as suas emoções: “Não te sou eu melhor do que 10 filhos?” perguntava ele. Até que… Alguém atentou para a tristeza e a solidão de Ana, e esta transformou-se numa oração respondida! Ana foi mãe do profeta Samuel, um homem muito especial!

De facto, há muitas fases na vida familiar em que nos podemos sentir sozinhos. Pessoas solteiras, viúvas, divorciadas, mesmo com pais, irmãos ou filhos podem sentir um vazio interior por preencher.

E a maternidade? Que fase tão linda da vida de uma mulher! Contudo, especialmente se for a primeira vez que a vive, pode levar a um sentimento de solidão, no conjunto de todos os medos, inseguranças, angústias, dúvidas sobre os cuidados com o bebé, amamentação, entre outros. Não falar sobre isso pode levá-la a fechar-se em si e a pensar que é uma má mãe, ou a ter outras concepções erróneas da sua imagem, entrando numa espiral de tristeza.

MITO 2 – Pessoas com muito dinheiro não se sentem sós.

Pessoas com muito dinheiro podem pagar festas e diversões, podem estar onde quiserem, com quem quiserem, quando quiserem, e por isso não se sentem sós – nada mais errado.

Há pessoas que, para se dedicarem ao trabalho, não cultivam relacionamentos. E por isso, em certos momentos, apesar da abundância material, não têm com quem a partilhar. Nabal era um homem muito rico mas de temperamento difícil (I Samuel 25). Preferia estar sozinho a partilhar a sua abundância com alguém. E isso quase lhe valeu uma guerra, não fosse a sua mulher (Abigail) apaziguar a situação. Acredito que Abigail se sentiria, por vezes, muito só, apesar de viver com abundância. Possivelmente não poderia ter muitos relacionamentos de amizade pois o temperamento do seu marido não permitiria. Há situações em que o dinheiro não pode comprar o que precisamos: saúde, amigos, sabedoria, paz. Isto é quase um lugar comum mas, de facto, por mais recursos que tenhamos nunca temos tudo. E Deus permite isto mesmo para que precisemos uns dos outros. Sim, Deus criou a humanidade para viver em fraternidade e interajuda. Sentir solidão, neste caso, pode significar uma coisa boa: que nos lembramos do que realmente importa: pessoas! Relacionamentos fortes e saudáveis. E eles são tão preciosos na nossa vida.

MITO 3 – Pessoas rodeadas de muita gente, não se sentem sós.

Podemos estar rodeados de muita gente, ter muitos “amigos” mas ainda assim sentirmos uma profunda solidão. Há momentos em que as escolhas, os passos a tomar, são decisões nossas e connosco mesmos e com as nossas escolhas que temos de conviver e prosseguir.

A Bíblia fala-nos do filho pródigo. A certa altura ele tinha muito dinheiro porque pediu a sua parte da herança ao seu pai. Então, pelo que percebemos da Bíblia, nessa altura ele deveria ter muita gente à sua volta. Muitas diversões, muitas festas. Mas logo que se acabou o dinheiro tudo isso se desvanece como uma nuvem. Então ele percebe que, realmente, estava sozinho. Foi tão grande a sua solidão que ele disse “vou voltar para a casa do meu pai, não como filho, mas como empregado. Não quero ser miserável e só.” E o pai recebeu-o de braços abertos.

Estar rodeado de muita gente não significa necessariamente ter verdadeiros amigos, e não estar só. Mais do que ter muita gente conhecida, procure ter alguém de confiança e temente a Deus, que a/o possa ouvir e aconselhar quando é preciso.

MITO 4 – Pessoas com fé, ou que pertencem a uma igreja não sentem solidão.

A igreja e a fé são uma poderosa fonte de relacionamentos, sentido de identidade e pertença. Por outro lado, ter uma relação pessoal com Deus, ajuda-nos a ter sempre com quem falar. Gosto de pensar que Jesus deixou o Seu poder a um grupo de pessoas imperfeitas que se reúne em Seu nome.

No entanto, isso não nos impede de atravessar “desertos” enquanto indivíduos: desertos emocionais, profissionais, e esses sentimentos são tão nossos que facilmente não nos sentimos compreendidos pelos que nos rodeiam, apesar, muitas vezes, da sua boa vontade em ajudar. Aqui, é importante saber: 1) Deus sempre nos ouve. E sempre devemos falar com Ele em primeiro lugar. 2) Haverá sempre alguém que Deus pode usar para nos ouvir e aconselhar. 3) Poderão haver desertos de solidão, mas Deus é Aquele que abre rios no deserto (Isaías 41:18). Deixe-se surpreender pelo Seu amor mostrado através de alguém, que pode encontrar, por que não, numa igreja.

MITO 5 – Pessoas de elevado estatuto social não se sentem sós.

Pensamos vulgarmente que pessoas de influência terão sempre amigos, dinheiro e tudo o que alguém precisa para ser feliz e não se sentir sozinha. No entanto, lugares de destaque são normalmente lugares de muitas decisões, e lugares de decisões e liderança são, normalmente, lugares muito solitários. Por vezes, as decisões que estas pessoas tomam são como o relógio da torre: influenciam a muitos, para o bem e para o mal. Por isso, o relógio da torre nunca deve estar parado ou com as horas erradas. Assim sendo, pessoas de estatuto elevado, vivem normalmente o peso da pressão, da responsabilidade e das decisões, sozinhas pois, apesar de poderem ter muita gente capacitada que as rodeie, em última instância, a decisão é delas, bem como o todo o peso das suas consequências.

O segredo aqui é: não levar o peso do mundo sobre os nossos ombros sozinhos, todos precisamos de alguém para repartir as alegrias e as tristezas, os sucessos e os fracassos.

Com tudo isto, o que aprendemos? O valor dos relacionamentos verdadeiros. De poder contar com alguém quando precisamos. Aprendemos que os devemos cultivar “Mais vale um vizinho perto, do que um irmão longe” (Provérbios 27:10). Aprendemos também que por mais que as coisas nos corram de feição, haverão sempre desertos a atravessar, e momentos de solidão. Neles, aprendemos a confiar em Deus, a chegarmo-nos a Ele, a saber que Ele nos ouve.

 

 

Elsa Correia Pereira
Socióloga
Membro da EFN

Ajuda-me, Deus!

960 640 Aliança Evangélica Portuguesa

Há uma memória que me acompanha e da qual me lembro muitas vezes sempre que alguém diz que não crê em Deus. Por mais estranho que possa parecer, essa memória aconteceu na maternidade onde nasceram os meus filhos, nos Açores. Naquele lugar, ouvi várias mulheres clamar pelo nome de Deus, enquanto sofriam as terríveis dores de parto. “Ajuda-me, Deus!” – ficou-me gravado. No meio daquela aflição tão grande, quando as suas forças começavam a falhar, muitas lembravam-se daquele que tudo pode e de quem todos precisam – Deus.

Quando em janeiro passado celebrávamos a chegada do ano 2020, com tanta alegria e com tantos novos planos traçados, nenhum de nós podia imaginar que dali a dois meses estaríamos todos fechados em casa, lutando contra um vírus terrível, que faria parar o mundo, ceifando tantas e tantas vidas.

De facto, como disse Tiago, irmão de Jesus, “Não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como uma neblina que aparece por instante e logo se dissipa.” (Tiago 4:14)

Até aqui, muitas pessoas têm vivido os seus dias certas de que têm o controlo de todas as coisas e têm excluído Deus das suas vidas. Porém, quando chegam os dias maus, com tantas adversidades, muitas delas percebem, com humildade, a sua vulnerabilidade e que a vida não faz sentido longe de Deus.

No meio desta luta tão grande, que fechou inclusivamente as portas das nossas igrejas, temos visto coisas lindas a acontecer. Os nossos cultos passaram a ser transmitidos na Internet e agora alcançam muito mais pessoas. Muitos amigos, colegas e familiares dos crentes, que nunca tinham entrado num templo evangélico, estão agora a assistir semanalmente aos cultos e a ouvir a mensagem de esperança do Evangelho. Muitos corações têm sido tocados pelo testemunho dos cristãos, pela paz e segurança com que enfrentam uma pandemia, confiando em Jesus. Muitos estão a compreender que precisam de Deus.

Por estes dias, um dos meus colegas de trabalho, até aqui ateu e com um coração muito fechado ao Evangelho, partilhou comigo que tem sentido estar a receber um “banho de humildade”. Fiquei profundamente tocada ao ouvir estas palavras.

No meio desta adversidade tão grande, Deus continua a ser o Senhor, o Soberano, sempre cheio de misericórdia pelos homens. Deus tem os seus propósitos em todas as situações e, tal como aquelas mulheres na maternidade, muitos estão agora a perceber a sua fragilidade e a clamar por socorro.

Que Deus nos ajude a viver estes tempos com sabedoria, na Sua dependência e em espírito de missão.

 

Adriana Sabino

Jurista da Direção Regional do Turismo, do Governo dos Açores, é esposa do pastor Rui Sabino e servem na Igreja Baptista de Queluz

CONVERSA NO APRISCO

626 442 Aliança Evangélica Portuguesa

Aninhadas no calor e no conforto do redil, as ovelhas saboreiam uma noite de descanso. Bem alimentadas pelas ervas tenras e saborosas dos campos, sentem-se confortáveis e seguras. Uma vez por outra, ouvem o uivar de lobos, que vagueiam pela serra. É assustador mas nem tanto assim. Sabem onde estão e a quem pertencem. A voz do pastor conduz-lhes os passos. O seu amor é imenso, inexplicável. Sabem que por elas faria tudo. Seria até capaz de dar a sua vida.

A certa altura sentem-se despertadas por um ruído incomum àquela hora. Ouvem passos que se aproximam. Alguém está abrir a porta do curral. Logo a voz do pastor as tranquiliza. Com delicadeza, retira dos ombros uma ovelha ferida e assustada que traz consigo e coloca-a cuidadosamente junto das outras. Ela precisa de descansar. Andou perdida muito tempo e está exausta. O pastor fecha a porta com suavidade e firmeza e vai. A ovelha aninha-se confortável sobre a palha. Lá fora, ouve o pastor a falar com uns vizinhos. As palavras parecem sair entusiásticas, embora o adivinhe cansado, depois de fazer todo aquele percurso a pé, carregando-a aos ombros. Apura o ouvido. Ah, ele está a manifestar a sua alegria por tê-la encontrado. E agora todos parecem excitados com a notícia. O tom de voz alto e a forma rápida como falam denunciam isso mesmo. Embora debilitada, não deixa de se impressionar com o regozijo que a sua presença trouxe ao pastor. É tão importante para ele, mais do que pensava…

Sob uma claridade ténue do luar, que se infiltrou discretamente pelas frinchas da porta, olha à sua volta. Como desejou aquele lugar! O cheiro, o aroma e aquele silêncio tranquilo enchem-lhe a alma. Como se sente segura agora! As outras ovelhas parecem ter-se entregue ao sono de novo e ela fará o mesmo. De facto, não lhe apetece conversar, explicar o que quer que seja. Tudo o que deseja é saborear aquele descanso. E adormece rapidamente.

Algum tempo depois, ouve-se um ruído seco, sobre a madeira da porta. Alguém está a abri-la. Há ovelhas que acordam, sobressaltadas. É o pastor, de novo. Traz consigo outra ovelha. Esta vem a balir, ferida. Inclina-se, coloca-a suavemente sobre a palha macia e acaricia-a. De vez enquanto volta a gemer, pela dor. Ele começa a tratar-lhe o corte que sangra.

As ovelhas vão acordando, uma a uma, despertadas pelos sons inesperados ali dentro do aprisco. Olham o pastor e a ovelha ferida, acompanhando todos os movimentos e palavras.

Uma ovelha, não se contém: “Pastor, esta é outra ovelha perdida?”

“Sim, é.” responde o pastor, enquanto envolve a ferida com gaze limpo, e prende bem.

“Pensava que havia só uma, como na história.”

“Não. Há muitas ovelhas perdidas. Muitas.”

“Quantas são?” Pergunta outra ovelha, mais curiosa.

“São muitas, mais do que as que estão aqui dentro.” Responde o pastor, mantendo o seu ar apreensivo.

Ele olha para a ovelha recém-chegada e detém-se a observá-la. Alimentada e tratada, parece preparar-se, finalmente, para descansar. Aninha-se na palha, procurando a posição mais confortável, evitando que a zona dorida toque o chão. Ele esboça-lhe um sorriso suave, que ela retribui, como um cumprimento de despedida. Depois ergue-se, preparando-se para sair.

A outra ovelha ainda está intrigada com a resposta do pastor. Tem mais uma pergunta a fazer-lhe:  ”É por isso que o nosso curral é tão grande? É que aquele lado ali está vazio e às vezes penso porque é que é assim tão grande, porque…”

“É isso mesmo. Eu tenho aqui lugar para todas as ovelhas perdidas.”

A ovelha olha à volta com surpresa, como se observasse aquele espaço pela primeira vez. E salta-lhe outra pergunta: “E achas que o vais encher?”

“Gostaria… São tantas as ovelhas perdidas pelos montes… Umas afastaram-se tanto que perderam o rumo, outras enredaram-se no meio dos espinhos, outras correram para locais que lhes pareciam mais verdejantes, outras seguiram ovelhas já perdidas… Algumas têm feridas, estão magras e cansadas, mas o seu maior desejo é encontrar o caminho de volta.”

“E porque não voltam?”

O pastor fixa o olhar naquela ovelha, com carinho. Faz-lhe uma festa na cabeça. “Nunca te perdeste, pois não?”

“Não, nunca me perdi. Houve vezes em que estive quase, mas corri a tempo…”

“Uma ovelha que se perca não sabe voltar sozinha. Tem que ser alguém a ir buscá-la. É mesmo assim. “

O pastor ergue-se. A ovelha segue-lhe os movimentos com o olhar. Gostaria que ele continuasse ali. As suas palavras transmitem-lhe uma ternura fora do comum. Ele parece ler o seu pensamento e diz-lhe: “Dorme agora, descansa. Vou ter de ir.”

A ovelha adormece, embalada pelas palavras do pastor que ainda parece ouvir. E sonha com um redil cheio.

Bertina Coias Tomé
Psicóloga, Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e Psicologia Comunitária

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