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Livre para vestir-se de si mesma

Livre para vestir-se de si mesma

959 537 Aliança Evangélica Portuguesa

Que atire o primeiro cabide quem nunca ficou a olhar para o guarda-roupa sem saber o que vestir ou nunca comparou a sua roupa com as de outras pessoas ao chegar a determinado lugar, ou que  achou que deveria vestir determinada roupa porque estava “na moda”. A roupa está presente desde que o homem e a mulher foram expulsos do Éden, quando Deus, o primeiro estilista do mundo, fez roupas de pele para os cobrir. A partir de então, a roupa sempre fez parte da história da humanidade, desde as primeiras civilizações do Oriente e da Antiguidade clássica (Grécia e Roma) até chegar à Europa Ocidental, da Idade Média aos dias de hoje, sempre com inúmeros significados e funcionalidades.

Para se proteger do frio, de predadores, para estabelecer funções hierárquicas e religiosas, como instrumento de segregação social e de identidade cultural, manifestação política, artística, entre outros, a roupa ocupa um lugar imprescindível na nossa vida cotidiana.
O conceito de moda, segundo a Professora de História da Indumentária da Universidade de Bolonha, Daniela Alanca, “é um dispositivo social definido por uma temporalidade muito breve e por mudanças rápidas, que envolvem diferentes setores da vida coletiva”. O termo moda, segundo ela, não é uma palavra antiga, apesar de sua etimologia ser latina. Vem de modus (modo, maneira).

Na sociedade moderna, entende-se como uma ferramenta de comunicação entre as pessoas. Nós reconhecemo-nos, também, pela forma como estamos vestidos. As décadas passadas foram marcadas por movimentos onde a moda esteve inserida nos mais diversos contextos. Podemos citar, por exemplo, o Movimento Hippie, que marcou os anos 1960, movimento esse de contracultura, político-social, que contestava o sistema vigente, capitalista. A moda hippie ficou marcada pelas roupas coloridas, batas indianas, flores no cabelo… e é usada até hoje. Algumas peças de roupa, como a mini saia, considerada um clássico da moda com sua origem em Londres, representava a emancipação das mulheres e era vista como um sinal de rebeldia com suas coxas e joelhos de fora,  marcando o fim de um período de repressão sexual, no qual a roupa era usada para esconder o corpo. No entanto, a roupa diz muito mais do que os motivos citados acima. Ela revela a nossa personalidade, a nossa visão de mundo e diz quem somos sem precisarmos de dizer uma só palavra.
Porém, a indústria da moda e a sociedade, ao longo do tempo, vem impondo a forma como devemos nos vestir. Termos como “está na moda” ou “tendência”, celebridades e novelas, desfiles nas semanas de moda em diversas capitais do mundo, com o único intuito de nos mostrar o que devemos consumir, têm minado a nossa forma de nos expressarmos como verdadeiramente somos e isto tem resultado no “efeito manada”, onde todos se vestem da mesma maneira.
Porém, se Jesus veio para reconciliar todas as coisas, como diz em Colossenses 1:3, por que não pensar que isto também inclui a moda, a nossa identidade e a maneira como nos vestimos?
Quando paramos para pensar que fomos feitas por um Deus criativo, de forma única, podemos manifestar essa consciência através do vestir. Vestir-se de si mesma é conectar a nossa essência, identidade, com a nossa aparência de maneira visível, palpável. Isso só é possível quando sabemos quem realmente somos. Por vezes somos levadas por motivações erradas ao escolhermos uma roupa e aos poucos vamos nos diminuindo para caber num padrão que não leva em conta quem somos, as nossas particularidades, mantendo-nos num estado de “escravidão”, inclusive do consumo
irresponsável que exaure os recursos da terra.

A boa notícia é que em Jesus somos livres. Sim! A liberdade que Ele veio nos dar, a vida plena que Ele veio nos oferecer, se aplica a todas as esferas da nossa vida e, o vestir, como algo essencial a nós, faz parte disso também. Somos livres para nos vestirmos de nós mesmas. Livres para usarmos as roupas que falam sobre nós. Livres para misturar padrões, cores, texturas, acessórios… ou não. Livres da imposição do que a sociedade ditou e dita como regra.
Pois, é na diversidade, expressa a partir das nossas singularidades, que mora a beleza. E onde há beleza, Deus está presente.

Suellen Figueiredo
Designer de Moda, especialista em Consultoria de Imagem e Estilo

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