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Nuvens de Outono

Nuvens de Outono

740 506 Aliança Evangélica Portuguesa

Foi vista por centenas, talvez milhares de pessoas, naquele dia. Pequena, ou assim parecia por estar lá no alto, era uma nuvem que deslizava lentamente sobre o fundo azul-claro do céu, num caminhar suave, do litoral para o interior. A única nuvem.Para a maioria das pessoas que repararam nela, nada mais era do que uma pequena “quantidade de algodão” lá em cima, de aspecto macio, a maneira como o vapor-de-água se organizara na atmosfera, num formato qualquer. Iria seguir o seu trajecto, comandado por alguma brisa fora do alcance da mão humana. Decorava um céu limpo e, umas horas depois, já não seria alcançável pelo olhar dos habitantes daquela cidade, por certo. Não constituía novidade nem alimentava esperança. Quantas nuvens daquele tamanho já haviam cruzado o céu, como se passeassem sobre Samaria, sem que oferecessem uma gota de chuva sequer? Era mais uma nuvem…


Contudo, naquela cidade houve um homem que teve sobre ela um olhar diferente. Naquela pequena nuvem, ele entendeu uma mensagem. Representava o início do cumprimento de uma promessa de Deus. E apressou-se a avisar:”Vá dizer a Acabe: prepare o seu carro e desça, antes que a chuva o impeça.” (I Reis 18:44)


Porque é que ele alcançou um significado que teria escapado a outros? A resposta é simples: porque ele tinha orado! Pedira a Deus, insistentemente, que fizesse chover, depois de mais de três anos de tempo seco. 


E veio a comprovar-se que o profeta tinha razão. Aquela foi apenas a primeira de um exército de nuvens que se reuniram rapidamente, enegreceram os céus e derramaram uma chuva abundante sobre a terra, devolvendo-lhe vida. “Enquanto isso, nuvens escuras apareceram no céu, começou a ventar e começou a chover forte,” (I Reis 18:45)


A oração constrói expectativa em nós e oferece-nos uma visão diferente acerca daquilo que vai acontecendo ao nosso redor. Desperta-nos o olhar para minúsculos grãos de mostarda, um raminho de oliveira no bico de uma pomba, uma vara de amendoeira, um amontoado de ossos secos, uma estrela que se move, duas moedas de cobre, uma nuvem pequena… Refiro-me a pequenos detalhes de histórias que quem conhece a Bíblia saberá identificar: elementos que, aparentemente insignificantes, foram o princípio de algo verdadeiramente grande.

 
É fácil olhar à nossa volta e concluir rapidamente que está tudo na mesma, nada mudou, não há perspectivas novas… Sem oração, é comum irmos dar aí. Contudo, é possível inverter essa condição, permanecendo em oração e deixando que Deus amplie visão em nós. Ele far-nos-á contemplar muito mais. Iremos saborear os Seus “mimos” que nos mantêm de pé, desenvolvendo um coração agradecido até por aquilo a que antes chamaríamos sorte ou boa coincidência.  Ele far-nos-á escutar o clamor silencioso de alguém, sentir necessidades discretas à nossa volta, entender respostas à oração ainda no início, alegrarmo-nos em fé.


O mês de Setembro anuncia uma nova estação e tem sabor a recomeço. Vamos envolvê-lo em oração e deixar que Deus crie em nós um olhar diferente sobre a nossa vida, sobre os outros, o emprego ou os estudos, os projectos futuros. Ele tem novas nuvens a lançar no nosso céu, e chuvas abundantes prometidas: “Conheçamos o Senhor; esforcemo-nos por conhecê-Lo. Tão certo como nasce o sol, Ele aparecerá; virá para nós como as chuvas de Inverno, como as chuvas de Primavera que regam a terra.” (Oséias 6:3) 

Um Feliz Outono para si! 

Bertina Coias Tomé

Psicóloga

Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e em Psicologia Comunitária

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