“Eu tenho um sonho” é o título famoso de um discurso de Martin Luther King. Todos nós temos sonhos. E não falo daqueles que temos a dormir. Todos nós temos sonhos, desejos íntimos que gostaríamos de realizar. Alguns sonhos têm muitos anos no nosso coração, outros foram já esquecidos ou mudados pelo tempo e maturidade… Há sonhos que não passam de caprichos, porém há outros que são legítimos e nascidos no coração de Deus para nós.
José é o sonhador mais conhecido da Bíblia: os sonhos foram-lhe dados na infância, talvez por isso não os tenha guardado para si, o que precipitou uma série de eventos aparentemente prejudiciais. Por causa dos seus sonhos foi atirado para um poço, vendido como escravo, lançado na prisão… Tudo parecia apontar para o fracasso desses sonhos ou para, com aparente bom senso, se dizer que eram sonhos de criança. Contudo, havia uma constante na vida de José, “o Senhor estava com ele” (Génesis 39) e tudo o que ele fazia prosperava, quer enquanto escravo, quer enquanto prisioneiro. E os sonhos realizaram-se, no tempo certo… Entre os sonhos de criança e o tempo de concretização houve um trajeto de fidelidade a Deus, de desenvolvimento de caráter e resiliência que o prepararam para ser a pessoa certa no momento certo.
Deus também nos dá sonhos. Muitas de nós, por circunstâncias da vida, deixaram de sonhar, outras desinvestiram nos seus sonhos por impedimentos e deceções. Se não nos lembramos de sonhar, ainda é tempo pois a vida de cada uma de nós é preciosa ao Senhor e Ele, certamente, tem algo mais… Ainda é tempo de ressuscitarmos ou darmos lugar a novos sonhos. Os de José não ficaram no poço, porque eram sonhos de Deus. Cabe-nos a nós não deixarmos o que Deus nos tem falado no “poço” ou abafado por tempos difíceis. O Senhor da seara chama-nos a algo mais e, felizmente, é Ele que capacita e faz um caminho novo para a nossa vida, independentemente do “poço”, “escravidão” ou “prisão” onde pensamos encontrar-nos.
Creio que Deus sonha com um exército de mulheres que, cientes da sua Identidade em Cristo, se levantam neste tempo como intercessoras, mulheres que não se conformam com o que estão a viver, antes decidem clamar ao Senhor da Seara. Sonhemos uma Igreja forte, cujas mulheres buscam estratégia divina para os seus casamentos, filhos, circunstâncias… Mulheres que se juntam não para falar de banalidades mas para se entreajudarem, orarem e ministrarem umas às outras… Mulheres que ousam, apesar dos constrangimentos das suas vidas, reavivar os sonhos que deixaram para trás em “poços” e que se levantam, como Débora, para fazer o que Deus as chamou para fazer…
Todos os reavivamentos começaram por sonhos de homens e mulheres que ousaram e oraram. E isso fez toda a diferença, na sua vida, família, igreja e geração. Por isso, talvez seja o momento de dizer “Eu tenho um sonho!” e orarmos e agirmos em conformidade para vermos acontecer.

Leonor Reis
Professora