A importância da relação com Deus na vida de uma mulher
E foi ali, à beira das águas cálidas do outro lado do Atlântico, numa areia branca e suave, que eu e Deus nos sentámos a falar!
Aquela viagem, que tinha sido a resposta a um desafio de amigas: “Vamos?” – “Vamos!”, tornou-se num tempo de regeneração e de encontro com Deus e comigo!
Com uma vida repleta de prazos para cumprir, tarefas para completar, filhos para cuidar, agendas para conciliar, a possibilidade de, por uns dias, tudo ficar para trás e simplesmente ir, pareceu-me uma lufada de ar fresco num momento de exaustão iminente!
Sem dúvida que terá sido o ato mais egoísta que vivenciei mas, de facto, foi profundamente reparador!
Quando me sentei no avião, com 8 horas de viagem pela frente, senti um profundo descanso. Naquelas horas eu teria a possibilidade de fazer coisas para as quais não tinha tido tempo nos dois últimos anos! Ler!! Levei dois livros, um deles o “Aromas da Manhã”, que devorei com todo o apetite de quem não comia há vários dias!!
Só a possibilidade de fazer uma coisa tão simples como ler sem ser interrompida por choros, telefonemas ou pela sensação de culpa de estar a “perder tempo” essencial para outras coisas, trouxe-me uma sensação de prazer que me invadiu de uma profunda gratidão a Deus e ao meu marido por me terem permitido viver aquela experiência de uma forma tranquila.
E assim fomos, eu e Deus, numa viagem até ao outro lado do mundo!!
É curioso pensar que também Jesus, em diversas situações da sua vida, sentiu a necessidade de se afastar! Sempre que Ele tinha de tomar uma decisão ou estava a passar por um momento difícil, Ele retirava-se para um lugar reservado com o propósito de orar, tal como vemos em Lucas 22:39-45.
Noutra ocasião, Jesus sentiu-se tão pressionado pela multidão que O seguia que teve necessidade de se afastar para continuar a cumprir o Seu propósito que era ensinar!
Também nós temos as nossas próprias multidões que, por vezes, são os colegas de trabalho, os filhos, a família, os problemas, entre outros!
É importante, desde logo, ter a capacidade de reconhecer que multidões é que “apertam” a nossa vida pois só quando reconhecemos quais são os nossos problemas é que teremos a capacidade de os solucionar!
Depois importa tomar uma atitude e essa atitude deverá ser, numa primeira linha, algum afastamento dessas multidões!
Quando nos afastamos das multidões que nos rodeiam, as coisas passam a ter uma dimensão menor, a distância dá-nos uma perspetiva diferente do que nos rodeia e ajuda-nos a ver mais para além do que está diante de nós!
Por último, não devemos perder os nossos objetivos de vista, para podermos prosseguir com eles mas já de uma forma mais forte e com uma nova atitude!
Há alturas, nas nossas vidas, que temos que reconhecer que somos incapazes de fazer tudo aquilo a que nos dispomos a fazer e temos que reconhecer a necessidade de nos afastarmos um pouco e nos recolhermos para estar com Deus.
Desde a criação do mundo que Deus quis estar com o homem e com a mulher e por isso, em Génesis, vemos que Deus tinha um relacionamento diário e pessoal com Adão e Eva mas o pecado afastou-nos desse relacionamento.
Ainda assim, Deus não desistiu de nós e enviou Jesus para morrer na cruz do Calvário e restaurar o nosso relacionamento com Ele!
No tempo em que vivemos, em muitas situações os relacionamentos são efémeros, fugazes. Importa apenas o aqui e o agora, viver o momento. Ninguém se predispõe a dar mais do que recebe e apenas tem em vista o que pode ser bom e benéfico para si próprio. A essência do relacionamento que Deus quer ter connosco vai além disso, porque Ele amou o mundo de tal maneira que enviou Jesus para morrer por nós na cruz, João 3:16.
E este ato tão altruísta só prova a imensa e profunda vontade de Deus em ter um relacionamento connosco.
Para podermos ter um relacionamento com Deus, temos que tirar tempo para estar com Ele, procurar ler e meditar na Bíblia e, sobretudo, orar para podermos falar com Ele e termos a plena confiança que Ele estará sempre disponível para ouvir, responder e enxugar as nossas lágrimas. Isso vai-nos ajudar a ser mulheres mais fortes, seguras e confiantes de que são amadas e respeitadas e que não dependem de outros mas sim de Deus!
Creio que nós mulheres, na generalidade, gostamos de viver todos os relacionamentos, de forma mais romântica, mais floreada. Queremos conversar, passear, queremos amar e sentirmo-nos amadas, ter uma relação de companheirismo. Vivemos tudo de forma muito intensa e, por vezes, há situações em que a não correspondência das nossas exigências se traduz num sentimento de frustração porque os outros, em determinado momento, não vão conseguir estar à altura das nossas expectativas.
Com Deus é diferente! Nunca será Ele a desapontar-nos. Talvez seremos sempre nós que não seremos capazes de manter o relacionamento com Ele na mesma medida que Ele o mantém connosco! Porque relacionamento implica correspondência, afinidades, convivência, implica um envolvimento diário e Deus está sempre disponível para nós e recetivo a dar-nos o Seu colo!
Este colo de Deus evoca-me a memória de um momento nesta viagem que fiz a Cuba, em que passeei por aquela praia de areia branca, com o mar a banhar a areia e as palmeiras ao fundo a contornarem o areal, tudo tal como num postal, e quase que consigo ouvir recitar o famoso poema:
“Pegadas na areia
Uma noite eu tive um sonho.
Sonhei que estava a passear na praia com o meu Senhor
e através do Céu, passavam cenas da minha vida.
Para cada cena que se passava, percebi que eram deixados
dois pares de pegadas na areia;
Um era meu e o outro do Senhor.
Quando a última cena da minha vida passou
Diante de nós, olhei para trás, para as pegadas
Na areia e notei que muitas vezes, no caminho da
Minha vida havia apenas um par de pegadas na areia.
Notei também, que isso aconteceu nos momentos
Mais difíceis e angustiosos do meu viver.
Isso entristeceu-me deveras, e perguntei
Então ao Senhor.
“- Senhor, Tu me disseste que, uma vez
que eu resolvi Te seguir, Tu andarias sempre
comigo, todo o caminho mas, notei que
durante as maiores tribulações do meu viver
havia na areia dos caminhos da vida,
apenas um par de pegadas. Não compreendo
porque nas horas que mais necessitava de Ti,
Tu me deixaste.”
O Senhor me respondeu:
“- Meu precioso filho. Eu te amo e
jamais te deixaria nas horas da tua prova
e do teu sofrimento.
Quando viste na areia, apenas um par
de pegadas, foi exatamente aí que EU,
nos braços…Te carreguei.”
O poema Pegadas na Areia foi escrito em 1964 por Margaret Fishback

Sara Ramalho Pereira
Advogada