Foi a 26 de fevereiro de 1886 que nasceu em Lisboa. Ficou órfão, primeiro do pai, José Henriques Moreira, com apenas 9 anos, e em 1897 morreu também a sua mãe, Maria do Carmo. A partir desta fatídica data, passou a ser acompanhado por familiares em diferentes localidades, designadamente Arraiolos, onde concluiu o ensino primário, passando também pelo Cadaval, até regressar a Lisboa. Moreira, que desde a sua infância tinha frequentado a congregação lusitana de S. Pedro, em Lisboa, acompanhando sua mãe, trabalhou então no comércio de 1905 a 1915 sob a orientação do suíço Júlio Mange, dirigente da Igreja Presbiteriana de Lisboa. Para além da sólida instrução normal, frequentou aulas noturnas no Ateneu Comercial e no Instituto Real de Lisboa, onde teve como professores Rosa Machado, Damasceno Nunes, Rosa Belo, entre outros. Aprendeu grego e, com Erasmo Braga, seu patrono intelectual, adquiriu alguns conhecimentos de hebraico. Mais tarde foi sócio correspondente do prestigiado Instituto de Coimbra, que juntava a mais fina escol de lentes da velha universidade, tendo também colaborado com a Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos. Demonstrou desde muito cedo apetência para a pregação, que praticou regularmente desde os 16 anos; manteve também boas relações com todas as denominações evangélicas na capital. Em 1912 assumiu o primeiro pastorado, em Braga, onde ajudou nos primeiros passos da igreja congregacional naquela cidade; serviu ainda nas comunidades congregacionais em Oliveira de Azeméis, Rossio ao Sul do Tejo e Ponte de Sor. Republicano empenhado, quando regressou a Lisboa iniciou uma intensa atividade pública e política, chegando a ser assessor do ministro do Trabalho, em 1917, chefe de gabinete do presidente do ministério e ministro do Interior, em 1920, e vice-presidente do Senado do município de Lisboa, entre 1921 e 1922, do qual já era vereador desde 1919. Em 1917 foi nomeado pelo ministro da Guerra Norton de Matos como o primeiro capelão militar evangélico, a fim de acompanhar as tropas do Corpo Expedicionária Português na Flandres, mas nunca chegou a partir para o local de conflito. Abandonando a militância política e a sua participação na maçonaria, dedicou-se em exclusivo à causa cristã, passando a ser secretário-geral da Associação Cristã da Mocidade do Porto, em 1922. Ao longo das décadas seguintes seria sucessivamente pastor presbiteriano, entre 1926 e 1939, de novo pastor congregacional e também presidente da União das Igrejas Congregacionais Portuguesas, de 1940 a 1945, e finalmente presbítero e cónego da igreja lusitana, desde 1948 até ao seu falecimento. Durante várias décadas exerceu a docência no Seminário Evangélico de Teologia, em Carcavelos. Foi o mais duradouro presidente da Aliança Evangélica Portuguesa, exercendo o cargo por quase 25 anos. Em 1936 fundou e dirigiu o Centro de Cooperação Cristã, para além de representar em Portugal organizações cristãs internacionais como a United Society for Christian Literature for Africa, World Dominion Movement e World’s Sunday School Association, mantendo ligação a todas as entidades do universo protestante nacional. Está ainda entre os fundadores do movimento escotista português, tendo mesmo sido um dos dirigentes da Associação de Escoteiros de Portugal. Foi o mais prolífico e erudito escritor protestante português de sempre, legando milhares de textos publicados, que vão desde a sua colaboração com praticamente todos os órgãos de imprensa protestante, mas também da imprensa generalista, até às suas obras de maior desenvolvimento, designadamente Crisóstomo Português, de 1957, e Vidas Convergentes, de 1958. Casou com Laura Ferreira d’Almeida em 1907, de quem teve dois filhos e uma filha, e após enviuvar em 1937, em segundas núpcias com Laura Castro, em 1942. Faleceu em Carcavelos a 24 de abril de 1980.