Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará” (Salmo 1:1-3.) O título deste texto não é fácil de explanar uma vez que os versículos bíblicos acima, de algum modo, definem com princípio meio e fim embora resumidamente, os passos a dar para o sucesso, tanto no campo secular como no espiritual.
Podemos encontrar um desafio, uma equação, se quisermos: Rejeitando a roda do que nos prejudica, preferimos ter prazer naquilo que nos faz bem, ou seja, na lei do Senhor, na Sua Palavra, meditando no que é bom, de dia e de noite.
Seguindo o raciocínio do salmista, posso imaginar que sou “uma árvore plantada junto a ribeiros de águas”. A ideia é aprazível, porque certamente é o lugar ideal para eu crescer, a água é fonte de vida. Com o crescimento, as raízes estendem-se e procuram no solo os nutrientes que necessito para ter uma boa estrutura, a fim de dar “fruto na estação própria”, pois tudo vem a seu tempo.
As minhas “folhas não caem”, sou uma árvore perene, por natureza. Vem a flor, o fruto, a folha fica e assim atravesso as várias estações sempre verde, fresca e viçosa.
Plantada desta maneira, sou uma árvore próspera, tudo acontece naturalmente e não desiludo o agricultor.
Podia acabar aqui a minha dissertação e tudo ficaria perfeito e belo, mas não posso.
Não existem árvores só plantadas junto a ribeiros de águas: há árvores de folha caduca, há árvores que não dão fruto, há árvores que se não forem podadas não será garantido o seu crescimento correto. Algumas são pequenas, outras de grande porte e todas são importantes porque o Criador o designou assim.
Lembro algo que li há alguns anos, contrastando com a árvore que deu mote a este texto: “Cada tempestade para um carvalho é mais um desafio a ser vencido e não uma ameaça. Numa grande tempestade, muitas árvores são arrancadas, mas o carvalho permanece”.
Podemos ficar gratas se onde estamos plantadas as condições se oferecem amenas, frescas e seguras, senão, devemos tirar proveito de situações contrárias à nossa vida e ficar mais fortes apesar das aparentes marcas. As árvores de grande porte podem sofrer transformações resultantes das tempestades, penso que os Botânicos e os Geólogos saberão examinar os efeitos deixados, mas as profundas raízes que as sustentam, asseguram a sua resistência a cada temporal e ficam mais fortes.
Sinto que tenho sido muitas vezes podada e o Criador vai tirando ramos inúteis. Este ato, traz sofrimento, dor, mas é tão necessário para o crescimento, “a fim de dar mais fruto”.
“…quando somos corrigidos custa-nos muito. Mas depois é que se vêem os resultados, nos que foram disciplinados – uma vida justa e de paz”. (Hebreus 12:11 OL)
Vivemos tempos de grandes lutas, o solo é árido, os ventos fortes, as folhas escassas, mas qualquer tormenta não nos arrancará, porque estamos enraizadas no Criador, nosso Pai celestial.
Faço minhas as palavras do apóstolo Paulo: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente, não são para comparar com a glória que em nós há-de ser revelada”. (Romanos 8:18).
Quero ser bem-aventurada mesmo quando o terreno em que estou plantada me traz alguma dor. Aquele que acalma as tempestades está sempre por perto e há um lugar melhor que me espera no fim desta caminhada.
Carlota Fernandes Roque Missionária aposentada