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MULHER

MULHER

878 539 Aliança Evangélica Portuguesa

“O mundo de Deus é dos humanos, mas não dos homens” (Caio Fábio)

Desci do púlpito, cansada e feliz. A mensagem que entregara tinha sido, na minha óptica, muito importante. Quando a reunião acabou, um cavalheiro cumprimentou-me e disse: “Parabéns! Falou como um homem”!

Não sei se me estava a criticar porque perdi o meu jeito de mulher ou se me elogiava…não havia maneira de compreender o que queria dizer, também não tenho a certeza se ele saberia o que é uma mulher…

A frase levou-me a uma longa reflexão. Afinal, gosto de ir às compras, de cozinhar, de limpar a minha casa, de telefonar ás minhas amigas, de “apaparicar” a minha família…mas também gosto de ler, de ouvir um bom debate político, de discutir assuntos actuais, de fazer pesquisas, de escrever e (espantem-se!) de assistir a um bom jogo de futebol!

Será que ser mulher tem a ver com fraqueza, medo, competência, inteligência… (acho que como mulher, já estou a misturar tudo…)?

A reflexão levou-me ao livro dos princípios da Bíblia. Especialmente fez-me pensar o que estaria no coração do Criador quando disse:

“Não é bom que o homem esteja só…”

Como é que alguém se atreve a por em causa uma declaração do Deus Todo-Poderoso? Foi Ele que afirmou não ser bom o estado de solidão do homem. Adão tinha visto todos os animais criados por Deus, tinha dado nomes a todos eles, mas não havia um único que lhe fosse compatível, que estivesse à altura de quebrar essa solidão, de preencher esse vazio na sua vida.

Fico feliz porque ser mulher não tem a ver apenas com o facto de preencher uma lacuna na vida física de um homem, de trazer para o lar o conforto e o calor necessários para a família, mas com a afirmação divina de que fui criada para preencher a vida de alguém, o que infere que esse estaria para sempre só, se eu não tivesse chegado à sua vida.

“…farei para ele alguém que o auxilie…”

Ao pensar nesta palavra “auxílio” vem à minha mente a imagem de alguém que procura fazer uma determinada tarefa, mas não tem mãos a medir…precisa de ajuda. É isso mesmo, Deus fez-me mulher não para ser escrava do homem, subordinada do homem, mas colocou-me num lugar de honra – auxiliadora. Significa que sem a mulher o homem não seria capaz de cumprir as suas tarefas, chegar onde almeja, carregar a responsabilidade que lhe foi entregue.

”…e lhe corresponda”.

Esta foi a razão pela qual Deus se deu ao trabalho de tirar do corpo do homem algo que lhe correspondesse: um ser da mesma natureza, com a mesma inteligência, com os mesmos desejos e anseios. Tudo o que os homens têm feito e desfeito à mulher ao longo dos séculos, é absolutamente contrário ao desejo e plano divinos ao criar este ser tão especial. Deus fez a mulher para uma correspondência, que no original significa “face a face”, para ser igual ao homem na tarefa de dominar o mundo, de frutificar e abençoar.

A razão por que Deus não fez a mulher igual ao homem, além das diferenças físicas necessárias para a tal correspondência, tem a ver com o facto maravilhoso que Deus nunca cria seres em série, cada uma das Suas obras é única e perfeita. Mas fez a mulher da mesma espécie. Com o mesmo sentido de eternidade e com a mesma capacidade de alcançar um mesmo patamar de domínio e de governo, de produzir e encontrar como o homem, meios de subsistir.

Infelizmente vemos sempre a história humana depois do capítulo 3 do Génesis, quando deveríamos focar-nos naquilo que Deus planeou antes e que o pecado sujou e estragou.

Ainda há muitas mulheres que se sentem diminuídas junto dos homens, incapazes de exprimir a sua opinião, castradas por pais e maridos que as colocaram num lugar que nunca foi o desejo de Deus.

Essas são as mulheres que hoje devem olhar para a eterna Palavra de Deus e rejeitar a mentira que lhes foi imposta por erro, maldade e ignorância, aceitando a verdade que ela afirma: e lhe corresponda”.

”…o Senhor Deus fez a mulher e a levou até ele”

Imagino eu, que enquanto o homem dormia um sono de anestesia divina, o Criador construía com as Suas mãos e o Seu saber, um novo ser. Colocou nele órgãos semelhantes aos do homem e depois… deteve-se nos detalhes. À medida que a mulher era moldada (esta é a tradução do original hebraico), o Senhor Deus foi retocando ali e acolá uma obra que seria a última da criação perfeita que efectuara. Não diz a Palavra se Ele soprou nela o fôlego da vida ou se, à medida que a moldava, a própria vida era parte da construção, tal como um embrião, que ainda sem tudo o que necessita para funcionar, já a mãe pode ouvir deliciada o seu pequeno coração a bater. Mas a parte que mais me fascina é que foi Deus que a levou junto do homem. Já pensou no valor deste gesto? Na importância que Deus colocou no ser correspondente, necessário, chamado mulher? Nem sempre a mulher se deixa guiar pela mão bendita do seu Criador. O pecado fez de nós seres da mesma rebeldia, por isso quantas vezes erramos nas escolhas e na pessoa que nos corresponderia…

O importante do gesto de Deus, é que Ele tinha um propósito para a vida da mulher, tudo aquilo que já foi dita atrás, um projecto único, maravilhoso e honroso, por isso fez questão de ser Ele mesmo a levá-la ao homem.

A mulher não ficou abandonada, no meio do jardim, perdida, sem saber o que estava a acontecer-lhe, Deus levou-a ao seu destino, ao seu propósito.

Tudo o que for dito e argumentado sobre a mulher além do que a Palavra de Deus afirma, é obra de ficção. Esta é a verdade. Uma verdade que nos honra, nos eleva e nos coloca não abaixo do homem, nem mesmo ao seu lado, mas face a face, para ser para ele o que Deus tinha em mente.

”Esta é afinal, osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porque do varão foi tomada”

Foi a resposta maravilhada do homem, quando acordou e viu na sua frente um ser novo, único e que lhe era compatível. Ele não viu a mulher como o “sexo frágil” (afinal estes preconceitos vieram por causa do pecado e eles ainda não tinham desobedecido), mas entendeu que aquele ser era igual, parte de uma mesma ordem biológica. Estava habituado a dar nomes à criação de Deus e aqui, mais uma vez, deu um nome ao ser que Deus lhe apresentava: varoa, visto ele ser o varão. Viu-a como companheira da sua humanidade, observou-a nas suas diferenças e compreendeu que elas não eram outra coisa senão um plano divino para que existisse entre eles uma perfeita compatibilidade e correspondência. Não há uma única expressão na boca do primeiro homem que diminua, subjugue ou submeta a mulher; a expressão de espanto do homem foi de alegria e de completação. O homem seguiu o pensamento de Deus que procurou criar uma pessoa idónea, responsável e parceira.

Jesus Cristo veio para redimir uma criação caída. Esta redenção foi efectuada pela Sua morte vicária na cruz. Por causa dela os humanos podem encontrar paz, comunhão com Deus, coisas que tinham ficado impossíveis por causa do pecado e da desobediência, mas a implementação desta redenção onde está incluída a restauração da imagem de Deus – macho e fêmea, ainda é um processo em curso.

Diz a Bíblia que Ele está a preparar uma Noiva, sem mácula, sem defeito, sem ruga, uma esposa composta de homens e mulheres que entendem o Seu plano e que caminham juntos, face a face para uma restauração final.

Na compreensão do nosso papel de mulher e na aceitação do plano de Deus pelo homem, reside parte desta restauração.

Eu já decidi: sou um ser único, criado por Deus, com um propósito honroso e sublime e quero fazer parte de uma outra Mulher – a Noiva de Cristo, essa, para sempre gloriosa e amada.

Sara Catarino

Ex-presidente da Aglow Internacional Portugal.
Ex-conferencista

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