Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão. Galatas 5:1
O mês de abril em Portugal cheira à lliberdade. Na história recente desta nação, passos gigantes foram dados ao som de uma canção que entoava nas rádios e que falava de uma tal “vila morena, terra da fraternidade”. Os cravos vermelhos, ao invés de armas, representaram e representam a liberdade conquistada. Portugal é dividido entre o antes e o depois do 25 de Abril de 1974.
Ao analisarmos a origem do significado da palavra liberdade, as definições são pelo menos três. Do grego a palavra “eleutheria” significava liberdade de movimento de um corpo sem qualquer restrição externa, ou seja sem qualquer ausência de limitações físicas. No alemão, a palavra “freiheit” de onde se origina a palavra “freedom” em inglês, significa “um pescoço livre” o que se refere à ausência das correntes que aprisionavam os escravos, numa clara oposição à escravatura. Já do latim, a palavra “libertas” que dá origem a palavra em português “liberdade” nasce em oposição a outra palavra “dependere” cujo significado é “estar preso a” “pender de”. Assim, liberdade, assume o significado de não estar preso a nada ou não ser propriedade de ninguém.
No entanto, nos nossos dias, a palavra liberdade assume significados mais abrangentes e não se refere apenas a prisões externas (físicas ou de subjulgação), mas internas, ligadas às prisões relativas as histórias de vida, sofrimento psicológico e emocional e que podem funcionar como correntes que impedem o individuo de fazer escolhas e de experimentar a liberdadde
Faz-me lembrar a história de uma mulher relatada nos evangelhos no capítulo 4 de João. A mulher de Samaria. Ela era uma prisioneira. Podemos dizer que para ela, não havia liberdade de movimentos, ia ao poço apenas ao meio dia, na hora mais quente do dia, pois assim não tinha a possibilidade de encontrar ninguém. Correntes invisíveis faziam-na escrava dos julgamentos, do apontar de dedos e da aceitação de alguém. Também era dependente das suas próprias circunstâncias e se movia presa a um jugo pesado e a um cântaro vazio e que nunca a satisfazia.
Outra mulher descrita na Bíblia também no evangelho de João e que me reporta a liberdade, é a mulher apanhada em adultério. Ela também era prisioneira. Não havia liberdade de movimentos, apenas o julgamento de uma lei que a condenava sem a Graça. Não sabemos em que contexto ela foi apanhada, mas a verdade é que correntes invisíveis faziam-na também prisioneira dos julgamentos, do apontar de dedos e estavam a levá-la a morte por apedrejamento.
Podiamos falar aqui de outras tantas mulheres cujo apedrejamento invisível, através da rejeição, do abandono, dos abusos físicos, psicológicos e morais estão descritas na Palavra de Deus e ainda de tantas outras no decorrer da história da humanidade.
Mas, prefiro “trazer a memória aquilo que nos dá esperança”. Lembro-me de Maria que poderia ser também rejeitada, considerada impura por estar grávida sem ser casada, apedrejada, por ter “adulterado” sendo já prometida como esposa para José. Porém, esta mulher escolheu a liberdade. Os seus movimentos faziam-na bendizer ao Seu Salvador. As correntes da escravidão de uma lei sem a Graça, foram quebradas quando ela foi capaz de enfrentar os medos externos de julgamento e rejeição e internos que poderiam tê-la paralizado e impedido de ser agraciada.
Porém, precisamos lembrar que cada uma dessas mulheres encontrou a liberdade, não porque eram fortes, ou tinham em si mesmo a capacidade de serem livres. Houve um encontro. No poço de Jacó, o encontro foi com os pecados, as consequências e um cântaro vazio. À frente da mulher estava a Fonte de Agua Viva onde toda sede é saciada. No quase apedrejamento da mulher adultera, o encontro foi com o Único que podia cumprir toda a Lei, para que ela pudesse ser livre e a única recomendação foi: “vai e não peques mais”! Ele não disse vai e não adulteres mais. O encontro com o libertador, muda o rumo e as escolhas, e os homens que queriam apedrejá-la, não compreenderam a liberdade.
No caso de Maria, o encontro deu-se em seu ventre. Ela acolheu em seu útero, aquele que tinha vindo para libertá-la. Foi a primeira pessoa no Novo Testamento que chamou o Senhor de Seu Salvador. O encontro de Maria mudou a sua história e chegou até nós. Mérito dela? Não, claro que não. O mérito é todo Daquele que desenhou um plano perfeito de redenção, antes mesmo da fundação do mundo.
É verdade, vivemos num país livre. Portugal celebra neste mês a liberdade que historicamente, muitos lutaram para que pudesse acontecer, porém a verdadeira liberdade celebrámos também neste mês de abril, a morte e a ressurreição de Jesus, também um acontecimento histórico e que marca a história da humanidade entre o antes e o depois e a história individual de milhões de pessoas, que como as mulheres que aqui descrevemos, escolheram a liberdade de andar onde Ele andou.
Arlete Castro Coordenadora de Cuidado e Desenvolvimento Integral de Missionários Transculturais Sepal – Servindo aos Pastores e Líderes Escritora: O Livro de Salema, Simplesmente Sofia, Mulheres com História, e o livro Pérola (ficção baseada numa história real)