Quando penso neste tema penso, inevitavelmente, no cuidado que Deus teve para com as pessoas que cuidam na Bíblia.
Lembro a história de Noemi, que cuidou dos seus filhos e do seu marido, e, num país estrangeiro, onde tinha procurado o pão, a felicidade, a paz… perdeu os seus amados. Com grande amargura na sua alma quis voltar para a sua terra Natal, Belém a terra do pão. Noemi, perdera os seus amados, mas não perdeu o amor nem a misericórdia de Deus. Nunca perdemos. Ela, que tinha cuidado de tantos, agora chegara a vez de Deus cuidar dela. Deus colocou então no coração da sua nora, a moabita Rute, uma estrangeira, cuidar dela. “O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus”. Acompanhou-a então por 80 km até uma terra que nunca conhecera. Rute, apesar de não ter crescido nas verdades do Deus de Israel, colocou em prática uma (ou mais) leis espirituais: Semear para colher, cuidar para ser cuidado, cuidar dos mais vulneráveis e experimentar o cuidado de Deus. Foi então que Rute, conheceu a maior transformação da sua vida. Cuidando da sua sogra, sem qualquer esperança de futuro, buscando alimentos para ela, ela própria foi cuidada por Deus, encontrando o amor da sua vida, Boaz, um terno e expressivo exemplo de Cristo.
Lembro também a tragédia da viúva de Naim. Em Lucas 7 diz que Jesus se moveu de íntima compaixão por ela. Pense nesta frase: nos últimos tempos, tem olhado para alguém e isso fá-lo mover-se de íntima compaixão, por essa pessoa? No seu interior, surge um desejo profundo de cuidar, de restaurar? Era isso que movia Jesus, e é isso que nos deve mover.
Jesus sabia que, para esta mulher, perder o marido, perder o único filho, significaria no futuro uma profunda carência emocional, financeira e social. Sujeita a descriminações, e sem suporte familiar, haveria pouca esperança para a mulher, além de viver na miséria. Mas Deus cuida dos que cuidam, e restituiu-lhe à vida o seu amparo, como um abraço do alto que revigora a alma.
A Viúva de Sarepta é mais um episódio que nos mostra o cuidado de Deus para com os que cuidam. Numa altura de fome, esta mulher e o seu filho só tinham um pouco de farinha e azeite. O profeta Elias desafia-a a fazer primeiro um bolo para ele, dizendo que depois, nunca haveria de se acabar o alimento para ela e seu filho. Porque haveria ela de acreditar? No entanto, sem qualquer outra esperança onde se agarrar, a viúva de Sarepta optou pela obediência, em vez da desconfiança. Cuidou do homem de Deus, do profeta, e Deus cuidou dela e do seu filho, durante aquele tempo de escassez, nunca lhes faltando alimentos.
Por última, quero referir a viúva dos filhos dos profetas, um episódio que se passou com o profeta Eliseu. A mulher ficara viúva, e o marido, havia deixado dívidas. Os credores queriam levar-lhe os filhos como escravos, deixando-a sem nada. Mas, mais uma vez o cuidado de Deus para com esta mulher que cuidou do seu marido e filhos, foi evidente e milagroso. O profeta disse-lhe que procurasse junto dos seus amigos e vizinhos tantas vasilhas quantas pudesse, pois o pouco azeite que ela tinha, iria ser suficiente para encher todas elas, pagar as dívidas e servir de sustento para os seus dias.
Vamos orar:
Senhor,
Ajuda-me a sempre ser cuidadora dos que estão ao meu redor. A ter especial atenção aqueles que cuidam de crianças, de idosos, de portadores de deficiência, de doentes. Ajuda-me a ver o seu desgaste, o seu cansaço, as suas impossibilidades, as suas lágrimas escondidas, os seus anseios calados, e a ser, como os profetas de Deus foram, como Jesus foi, cuidador destes.
Ajuda-me também a crer que, cuidando eu dos que cuidam, tu cuidarás de mim. Se semear, tu me ajudarás a colher, se me faltar tu proverás, se não for suficiente, tu multiplicarás, em nome de Jesus e para Tua glória. Amém.
Elsa Correia Pereira
Socióloga