Nos últimos tempos, devido à pandemia pela qual o mundo está a passar, muito se tem falado sobre quão benéfica tem sido essa paragem forçada para refletirmos acerca de como estávamos a levar as nossas vidas, rever as nossas prioridades e refazermos a rota.
Voltar à vida como levávamos antes, já não será possível. O mundo mudou. Voltar ao “normal” implica voltar a um estilo de vida diferente. O que é que isto quer dizer? Apesar dos dias estarem a ser maus e ter pessoas a sofrer seja pela perda de um ente querido que foi infectado pelo coronavírus ou pela perda do emprego, algo de muito bom está a acontecer. O Planeta Terra tem respirado aliviado e agradecido pelo isolamento social.
Um dos efeitos positivos da pandemia é a diminuição da emissão de gases que contribuem para as mudanças climáticas. Isso porque o fechamento temporário das indústrias e a diminuição da circulação de veículos tem resultado num ar mais limpo.
Numa reportagem da revista brasileira EXAME, é citada a redução de dióxido de nitrogénio (NO2) em fevereiro, na cidade de Wuhan, epicentro da pandemia do COVID-19. Cidades como Madrid e Barcelona, onde foram tomadas medidas drásticas acerca do isolamento social, também está a acontecer o mesmo.
De entre todas as mudanças que ocorrerão quando tudo isto acabar, uma delas será no hábito de consumo. Várias pessoas já se deram conta de que a forma como consumimos precisa de ser repensada urgentemente. O desmatamento das florestas e a exploração do solo são alguns dos males que o consumo desenfreado tem causado à natureza. De acordo com a ONG World Wide Fund for Nature (WWF), a população mundial consome cerca de 30% a mais do que o Planeta consegue repor. Vários são os motivos que nos levam a um consumo desenfreado. Desde ser aceite no meio em que convivemos, ou para preencher algum vazio existencial. O facto é que, como discípulos de Jesus, temos responsabilidades no que diz respeito aos cuidados com o Meio Ambiente.
Como seguidores de Jesus, devemos cultivar em nós a essência da simplicidade, do não acumular. Com os grandes centros de lojas fechados temos nos dado conta do que sempre soubemos, mas tínhamos ignorado: não precisamos de muito para viver e sermos felizes. A nossa alegria e a nossa suficiência vêm do nosso Pai, fonte de toda satisfação.
É hora de sermos gratos com o que temos e darmos cara nova àquele objeto que provavelmente iria para o lixo, usando a nossa criatividade dada pelo próprio Deus, e que costuma aflorar em tempos como estes que estamos a viver. Seja uma garrafa que pode virar um vaso, ou uma embalagem de vidro que se pode transformar em porta-mantimentos. Até mesmo aquela roupa que estava de lado e que podemos transformá-la em outra peça de roupa. Além disso, quanto menos consumimos, mais podemos contribuir para a expansão do Reino e sermos agentes das Boas Novas a quem precisa neste tempo de desesperança.
O momento presente convida-nos a simplificarmos as nossas vidas. O próprio Jesus não tinha nem onde reclinar a cabeça. Como discípulos Dele, somos desafiados a cada dia a buscarmos o “ser” ao invés do “ter”. Sermos como Ele, vivendo com o suficiente e com o coração preenchido com o que é eterno, onde nenhuma traça corrói e ladrão algum rouba.

Suellen Figueiredo
Designer de Moda, especialista em Consultoria de Imagem e Estilo