Mulheres – vida familiar e profissional: um assunto que exige bom senso, sabedoria e direção de Deus. Há um tempo, li uma frase que penso transmitir bem aquilo que a sociedade exige da parte das mulheres nos dias de hoje: “Às mulheres, pede-se que trabalhem como se não tivessem filhos e que cuidem dos filhos como se não trabalhassem”. E, nesta frase, incluiria não só os filhos mas todos os aspetos da vida pessoal. Uma mulher tem de apresentar-se com uma boa imagem, bem disposta, pró-ativa, trabalhando de forma remunerada, para contribuir para o sustento da casa e da família, ou de forma voluntária, em projetos de intervenção comunitária. Esquecido fica o trabalho que ninguém vê: passar, lavar, poucas horas de sono, arrumar, entre outros. Apesar de alguma legislação e divulgação de boas práticas para permitir esta, por vezes tão difícil, conciliação, ainda repousa muito sobre os ombros da mulher a responsabilidade e o peso de se organizar para “fazer acontecer” o que é preciso, em casa, na família, no trabalho, no ministério.
As mulheres sempre foram multifacetadas. A mulher de Provérbios 31 é um exemplo disso. Assim, creio e acredito que, para além da mulher empreendedora e bem-sucedida que a sociedade requer, se a Bíblia nos apresenta a mulher de Provérbios 31, nós podemos trabalhar e preparar-nos para alcançar esta excelência. A mulher de Provérbios 31, para além de cuidar do marido, dos filhos e da casa, é empreendedora (costura e vende os seus produtos, v.24), sabe fazer bons negócios e não se dedica apenas a uma atividade (além de fiar, costurar, comprar e vender, também se dedica à agricultura, vs. 16, 19, 24), é talentosa e criativa (v. 22) e ainda tem tempo para estender a mão a quem precise (v. 20). Também gostaria de mencionar o exemplo de Lídia, vendedora de púrpura. Ela, apesar da sua atividade profissional, voluntariou-se para hospedar Paulo e os que com ele estavam, pois esforçava-se por servir a Deus (Atos 16).
Como diz a Palavra do Senhor, “há tempo para tudo debaixo do céu” (Eclesiastes 3). Há tempo para a família, para o trabalho, para a igreja, para o ministério. Há dias, semanas ou “estações” em que nos teremos de dedicar mais a um destes “setores” da nossa vida. É importante que saibamos gerir o nosso tempo, os nossos recursos e potenciar aquilo de que dispomos para tornar mais fácil a conciliação entre a vida familiar/pessoal e a vida profissional. Se temos ajuda, muito bem. Mas se não temos assim tanta ajuda, é importante organizar e simplificar.
Aqui ficam algumas dicas práticas para aproveitar melhor o tempo e conseguir gerir e realizar todas as tarefas que, provavelmente, terá de fazer (1):
Em termos de trabalho e organização pessoal:
- Coloque limites (estabeleça horários, saiba dizer não)
- Não adie (conforme diz o provérbio português: não deixes para amanhã o que podes fazer hoje)
- Motive-se e inspire-se para que as tarefas lhe sejam mais fáceis
- Cuide da sua apresentação em menos tempo (por exemplo, tenha no seu guarda-roupa peças que possibilitem várias combinações e possam ser utilizadas em várias ocasiões)
- Potencie a sua rede de contactos (faça networking) – um amigo pode ser de grande ajuda em muitas ocasiões!
- Delegue ou peça ajuda
- Simplifique (isto significa muitas vezes abdicar do perfecionismo)
- Faça listas de tarefas e organize a agenda
- Defina prioridades
- Reduza e organize a documentação que guarda
- Crie um planeamento que funcione para si (utilize uma agenda, física ou digital)
- Utilize bem o telefone (às vezes é preciso desligá-lo)
- Calendarize
- Tire partido dos instrumentos digitais
- Passe menos tempo nas redes sociais/ TV
- Selecione a informação a ler
- Reduza o correio eletrónico (limpe a caixa de entrada, reencaminhe, utilize ou apague).
Em casa
- Comece bem o dia, adiantando de véspera o que puder
- Mobilize a sua família para ajudá-la nas tarefas domésticas
- Crie rotinas (por exemplo: à segunda feira, vai ao supermercado, à terça coloca a roupa a lavar, à quarta passa a ferro, etc.)
- Elimine tarefas desnecessárias (por exemplo, ir ao supermercado várias vezes – faça uma lista)
- Liberte-se da acumulação (dê aquilo que já não usa)
- Simplifique as refeições (faça um menu de refeições semanais, liste várias receitas para o mesmo ingrediente – exemplo: frango – assado, de caril, empadão de frango)
- Tire partido da organização do frigorífico e da despensa
- Engome menos roupa (compre tecidos que se amarrotam menos, escolha os programas de lavagem adequados, não sobrecarregue a máquina).
Cuide de si
- Faça sestas para recarregar energias
- Tenha hobbies que lhe permitam descontrair
- Desenvolva hábitos saudáveis: exercício físico, alimentação adequada, formação
- Conheça os seus dons e potencialidades – e focalize-se naquilo que melhor sabe fazer
- Valorize a família
Lembre-se: o difícil é começar, mas o início é metade de toda a ação! (provérbio grego).
Por último, mas mais importante que tudo, busque a Deus. Mesmo nas pequenas tarefas e decisões do dia-a-dia, peça ajuda ao Espírito Santo. Sempre. Ele é o nosso melhor companheiro, amigo, ajudador, conselheiro. Considere também que é muito importante saber que há alguém a orar por si – pode ser o seu marido, um outro familiar, um conselheiro, o seu pastor, o seu grupo familiar. A oração de outros levanta-nos quando precisamos e mesmo sem sabermos. É Deus a agir em resposta ao pedido dos nossos amigos e irmãos. Por esta razão, é importante partilhar com alguém de confiança, as suas lutas, desafios, sonhos e indecisões
E quando lhe parecer que o trabalho nunca mais acaba, ou que é melhor desistir, pense que cada pequeno gesto que faz no dia-a-dia em prol da sua família, do seu trabalho, ou da sua comunidade, pode ser uma tarefa insignificante para muitos mas, na realidade, você está a construir algo maior, que pode ser o seu lar, o propósito que Deus tem para si, o seu ministério, contribuindo para um ambiente mais alegre e salutar à sua volta, onde quer que Deus a tenha plantado.
(1) Algumas destas ideias foram tiradas do livro Stop: 50 estratégias para mulheres sem tempo, de Ana Tápia.
Elsa Correia Pereira
Socióloga