Queridos irmãos
Saudações da Beira – Moçambique
O tempo passa rápido e já cheguei a metade do meu tempo aqui. Muitas coisas estão a acontecer um pouco por todo o lado. Já se vêem algumas obras a serem feitas nalgumas escolas, mesmo que as aulas continuam. Algumas crianças estão a ter aulas em tendas enquanto outras estão nas salas de aula mesmo sem telhado. Os hospitais, lares dos estudantes e alguns edifícios públicos também estão a ser restaurados. As pessoas estão a voltar para as suas zonas, e nalguns lugares já começaram a preparar a terra para semear. Alguns campos de arroz conseguiram aguentar com a passagem do ciclone, e agora é altura de colheita.
Na cidade, depois de terem tirado as árvores que foram arrancadas pelo vento, agora estão a podar as que ficaram. Como se trata de árvores muito grandes as pessoas aproveitam o que podem dos ramos que são cortados. Algumas organizações de ajuda humanitária estão a sair, enquanto outras ainda vão ficar por tempo indeterminado. As obras de restauração das casas estão a andar bem – das 9 casas que nos comprometemos a restaurar 1 já está completa e 3 quase prontas. Das outras 5 – 1 já foi iniciada, 2 estão à espera de material, 1 temos que fazer uma revisão na cotação e 1 ainda não temos a cotação. Esperamos que na próxima semana podemos terminar as 3 casas que estão na fase de acabamento, restaurar as 2 que estão à espera de material, avançar com 1 que está no início.
Devido à grande procura de material de construção, especialmente as chapas de zinco ou de lusalite, tem havido uma demora na entrega, o que está a atrasar um pouco as obras. Com a Maria, o Inácio e o Joaquim formámos um grupo de trabalho que está a funcionar muito bem, tanto no escritório de Projeto Moçambique – Plus, como neste projeto de renovação das casas. Estou muito grata pela dedicação de todos em quererem fazer a sua parte, para além do que lhes é requerido.
A Maria e eu tivemos material para imprimir, o que foi um desafio, especialmente quando as novas tecnologias nem sempre funcionam como gostaríamos. Mas no fim, conseguimos dar a volta e fizemos a maior parte do trabalho. Temos mais um trabalho já na lista de espera, que esperamos poder fazer esta semana. Temos mantido contacto com o P. Manuel Alface, fazendo visitas regulares a casa dele, para o encorajar e ajudar no que for necessário. O P. Alface sofreu uma série de AVCs e ficou muito debilitado. Graças a Deus, está a recuperar e perdeu muito peso, o que, segundo o nosso colega missionário Dr. Brian, é muito bom para ajudar a controlar o nível de diabetes.
O Inácio também tem feito algumas viagens para se inteirar da situação dos nossos irmãos noutros lugares. Foi à Gorongosa e trocou alguns MP3 que se tinham estragado. Foi uma oportunidade para encorajar os crentes lá. Neste sábado viajou para Muda, a aldeia onde o Inácio nasceu, para se inteirar de como está a sua família e os crentes de lá. A aldeia de Muda fica perto de Lamego, no distrito de Nhamatanda e foi uma das zonas mais afetadas pelo ciclone Idai. Sabemos que as pessoas receberam alguma ajuda com comida e lonas, mas perderam tudo e usam as lonas para fazer um tipo de tenda onde estão a dormir. A situação é difícil nessas zonas e mesmo que as casas sejam feitas com materiais locais as pessoas não têm o dinheiro para adquirir esse material.
O Joaquim, tem feito trabalho em 2 escolas e também tem viajado com a Maria e eu quando vamos fazer trabalho da escola dominical, ajudando em interpretar para sena e na distribuição de material.
No sábado fomos a Mutua a pedido do ir. Cassi para levarmos material da escola dominical. Tive o privilégio de partilhar a Palavra – Jeremias 18:1-6. O ir. Cassi foi um aluno do Domingos, e assumiu a responsabilidade de coordenar as igrejas daquela zona no ministério com crianças desde que o Domingos faleceu há quase 7 anos. Parte dos professores da escola dominical que estavam presentes são fruto deste trabalho pioneiro naquela zona. Damos graças a Deus por pessoas fiéis que estão a desempenhar esta tarefa de levar a Palavra de Deus às muitas crianças daquela zona, lembrando o zelo e a dedicação de pessoas como o Domingos que foram pioneiros nesta obra.
Portanto, juntamente com os irmãos aqui, quero manifestar a minha gratidão por todo o apoio que nos têm dado, e muito especificamente neste momento em que além de estarmos a restaurar algumas casas, estamos a contribuir para restaurar as vidas de muitas pessoas.
Ainda há muito para reconstruir, tanto material como espiritualmente – e nós temos a responsabilidade para demonstrarmos o amor incondicional de Deus de uma forma prática. E isto é um privilégio, sermos chamados para o serviço da obra do Mestre.
Veja algumas fotos aqui:
https://drive.google.com/open?id=10tyn57-xqatb07TLvyyLkwBgTQynt1Y0
Com amor do Senhor
Maria do Carmo