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Mulheres

Será tempo de avançar?

960 640 Aliança Evangélica Portuguesa

Já lhe aconteceu, alguma vez, fazer uma pergunta sem esperar ou desejar uma resposta? Sim, pode parecer estranho. Habitualmente, se perguntamos é porque precisamos de uma resposta. Contudo, nem sempre assim é. E, de facto, ao folhear a Bíblia, encontro duas perguntas feitas em momentos diferentes a pessoas diferentes e que têm essa particularidade curiosa: não foram feitas para ser respondidas, mas para despertar uma reflexão imediata e indicar caminho. Servem para chamar a atenção para a urgência do momento e a necessidade de agir rapidamente.

Duas perguntas

A primeira acontece em casa de Jacó, já numa fase avançada da sua vida. O ambiente está tenso pois existe uma necessidade grande por suprir. Há uma falta extrema de alimento, fome. E a pergunta salta dos lábios de Jacó para os seus filhos: “Por que estais olhando uns para os outros?” (Génesis 42:1) Sem esperar que respondam, ele prossegue: “Eis que tenho ouvido que há mantimentos no Egito; descei para lá, e comprai-nos dali, para que vivamos e não morramos.” (Génesis 42:2)

A segunda acontece ao ar livre, junto ao Mar Vermelho, num momento dramático em que povo hebreu precisa de o atravessar e ser livre, e o exército egípcio vem a caminho para impedir. Deus pergunta a Moisés: “Porque clamas a Mim?” E acrescenta, de imediato: “Dize aos filhos de Israel que marchem.” (Êxodo 14:15).

Em ambas as circunstâncias há que agir rapidamente. Não é tempo de “olhar uns para os outros” nem sequer de clamar a Deus. É altura de avançar!

Dar o salto

Já todas experienciámos momentos desses na nossa vida, em que foi premente decidir e passar à acção. Nessa altura, sentimos coragem e força para o fazer? Ou ficámos tolhidas pela incerteza e mesmo por algum medo e não ousámos correr?

A propósito disto, vem-me à mente uma curiosidade acerca da impala. É um animal elegante que vive em manadas nas savanas africanas. Li que consegue correr à velocidade de 90 km/h e dar saltos de cerca de 3 metros de altura, possuidor de uma boa audição e de reflexos rápidos. Contudo, apesar dessa extrema agilidade, num Jardim Zoológico a impala pode ficar num espaço rodeado de um muro de apenas 1 metro e meio de altura e não sairá de lá. Embora tenha em si toda a capacidade para o saltar, e fugir rapidamente, não o fará. Porquê? Porque só salta em circunstâncias em que consiga ver onde é que irá ter.

Por vezes, no nosso percurso de vida, surgem momentos em que é premente agir, dar o salto! Essa é a maior urgência de todas. Mas não devemos ainda orar? Se já orámos e entendemos a direcção por onde Deus nos quer levar, por onde precisamos de ir, avançar pode ser agora a nossa primeira necessidade. Contudo, todos temos um pouco de “impala” em nós. Onde irei ter, com este salto? Onde é que os meus pés irão tocar? O que irá acontecer? A prudência assim nos aconselha. Se devemos ponderar bem sobre a decisão a tomar, avaliar as circunstâncias e os benefícios de o fazer ou não, por outro lado devemos também contar com a ajuda de Deus em cada passo que dermos. Ele mesmo nos promete: “Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos.” Salmos 32:8

Os filhos de Jacó foram ao Egito e aí não só encontraram alimento mas tiveram uma emotiva reconciliação familiar e iniciaram uma nova etapa na vida.

O povo de Israel atravessou o Mar Vermelho e ficou definitivamente livre do jugo egípcio.

Mãos que nos pegam

Numa noite difícil, Ló sabe que é altura de tomar uma decisão mas parece não conseguir. Deus enviou mensageiros a sua casa que o avisaram que deve abandonar rapidamente a cidade onde vive. Sodoma irá ser destruída no dia seguinte e, nessa mesma noite, ele deve deixar a sua casa, juntamente com a esposa e as suas duas filhas. “E ao amanhecer os anjos apertaram com Ló, dizendo: Levanta-te, toma tua mulher e tuas duas filhas que aqui estão, para que não pereças na injustiça desta cidade. Ele, porém, demorava-se…” (Génesis 19:15,16)

Na verdade, Ló nunca chega a assumir a decisão. Contudo, a sua vida é salva porque “aqueles homens lhe pegaram pela mão, e pela mão de sua mulher e de suas duas filhas, sendo-lhe o Senhor misericordioso, e tiraram-no, e puseram-no fora da cidade.” (Génesis 19:16) Sim, foi preciso pegar-lhes nas mãos e levá-los dali.

Já todas vivemos tempo suficiente para entender que no nosso percurso devida deparamo-nos, aqui e ali, com encruzilhadas e decisões a tomar. Sim, são momentos de “dar o salto”, assumir um novo caminho, mudar de direcção talvez. A visão sobre o futuro é limitada e a perguntas borbulham em nós: Onde irei chegar? Como irá ser? Estarei a fazer a melhor escolha?

Deus sabe que assim é. Ele conhece bem a nossa fragilidade e os nossos pensamentos, que não são tão elevados quanto os Seus. Assim, fiquemos atentas à direcção de Deus sobre a nossa vida, sobremodo importante nestas alturas. Ele fala e faz-nos sentir a Sua vontade. Se Ele confirmar, irá ser connosco e pegar nas nossas mãos se necessário! Busquemos a Deus de coração e guardemos connosco as palavras seguras do salmista: “Porque contigo entrei pelo meio de um esquadrão e com o meu Deus saltei uma muralha.” (Salmo 18:29)

Bertina Coias Tomé

Psicóloga, Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e em Psicologia Comunitária.

Padrões a não repetir

960 645 Aliança Evangélica Portuguesa

É interessante pensar que a Bíblia, sendo muito antiga, ainda se encontra tão atual para orientar as nossas vidas nos dias de hoje.

Foi numa aula sobre Crianças e Jovens em Risco que se constatou o facto de que todos os seres humanos estabelecem uma tendência para repetir padrões, especialmente os familiares. Este ciclo ocorre, na maior parte das vezes, num âmbito inconsciente. Por exemplo, se uma jovem foi mãe aos 16 anos, a tendência futura é de que o seu filho ou a sua filha, não de forma consciente ou intencional, acabe por trilhar o mesmo caminho com sensivelmente a mesma idade. Se um casal se divorcia, torna-se bastante provável que os filhos desta relação se encontrem mais propensos para o fazer quando tiverem os seus relacionamentos.

Pode parecer um pouco determinista, mas a realidade é esta. Não é certo que todos sigam exatamente o mesmo percurso que observaram nas suas figuras parentais, mas a probabilidade existe e não é assim tão pouca, de acordo com estudos realizados.

Se olharmos para a Bíblia e para as famílias ali presentes também se torna possível observar este padrão de repetição. Por exemplo, a família patriarcal de Abraão repetiu, neste caso, comportamentos indesejados aos olhos de Deus. Abraão e Isaque, em circunstâncias semelhantes, mentiram a reis poderosos relativamente ao grau de parentesco com as suas esposas.

Abraão – “Havia fome naquela terra; desceu, pois, Abrão ao Egipto, para aí ficar, porquanto era grande a fome na terra. Quando se aproximava do Egipto, quase ao entrar, disse a Sarai, sua mulher: Ora, bem sei que és mulher de formosa aparência; os egípcios quando te virem, vão dizer: É a mulher dele e me matarão, deixando-te com vida. Dize, pois, que és minha irmã (…)” (Génesis 12:10-13a, ARA).

Isaque – “Sobrevindo a fome à terra, além da primeira havida nos dias de Abraão, foi Isaque a Gerar, avistar-se com Abimeleque, rei dos filisteus” (Génesis 26:1, ARA) “Perguntando-lhe os homens daquele lugar a respeito da sua mulher, disse: É minha irmã (…)” (Génesis 26:7a, ARA).

O filho repetiu o exemplo do pai, não porque Abraão o instruísse especificamente a isso, mas porque a mentira, sendo um padrão adoptado naquela família, acabou por ser a resposta de Isaque numa ocasião semelhante à que o seu pai viveu. Jacó, filho de Isaque, neto de Abraão, também adotou este padrão de mentira. Assumiu o direito de progenitura ao seu irmão e fez-se passar por ele diante do seu pai, enganando-o. Aliás, a própria mãe o ajudou e o incentivou a tal. Por outras palavras, este agregado encontrava-se bastante familiarizado com a prática da mentira e engano e em nenhuma destas três gerações o ciclo foi quebrado.

Em cursos de noivado (aulas preparatórias para o casamento) este tema tende a ser abordado. Porquê? Porque se tenciona casar com alguém e constituir uma nova família, é importante saber a bagagem que se transporta para o casamento. Nem todos os padrões são prejudiciais, mas identificar padrões nocivos constitui-se uma base fundamental para construir um casamento saudável. Caso contrário, a sua bagagem irá levar “roupa” que não escolheu e poderá vir a ser parte ativa nas novas atividades e dinâmicas familiares. E, sem intenção, a sua descendência irá receber esta roupa de herança, e fará parte da sua futura bagagem. E assim sucessivamente, sem ocorrer uma quebra desse ciclo.

Torna-se importante realizar uma introspeção aos seus próprios hábitos de família. Reflita, questione amigos de família, de confiança, ou outras pessoas que considere relevante para este processo de filtragem. Pergunta ao seu futuro cônjuge. No entanto, e sobretudo, solicite a orientação de Deus para este assunto.

Na Bíblia temos um exemplo inspirador de um filho que não transportou consigo a bagagem desadequada do seu pai. Saul foi um homem, e um pai, muito agressivo. Jónatas, o seu filho, foi das pessoas mais amáveis que encontramos na Bíblia. Ele não permitiu que a violência do seu pai fosse a sua própria violência, embora convivesse com ele diariamente.

O Espírito Santo irá ajudar a separar o que devemos colocar na nossa bagagem e o que devemos retirar, de modo a sermos bem-sucedidos ao constituir uma nova família. A identificação dos padrões negativos que ambos os elementos observaram/vivenciaram nas suas famílias de origem, irá auxiliar a criar estratégias como equipa para combater o que não é desejado por nenhum dos dois e glorificar a Deus com as suas vidas.

Leonor Abrunhosa

Assistente Social

Nunca é tarde demais

960 720 Aliança Evangélica Portuguesa

O título do capítulo 3 do livro de Eclesiastes (Bíblia Sagrada), diz que “Há para todas as coisas um tempo determinado por Deus” e eu acredito.

Após fazer 21 anos, consegui permissão do meu pai para voltar a estudar, um anseio que me deixava em lágrimas, cada vez que abria um ano escolar.

Fiz dois anos num só e depois, noutro ano, três anos, a parte de Letras, pensando no ano seguinte fazer Ciências, mas este último plano não aconteceu.

Veio o casamento, o nascimento das filhas, o trabalho… Contudo, sempre existia aquele sonho que desde menina me perseguia.

Não tendo completado o 9º ano, mesmo assim entrei como funcionária de um Banco e foi aí que pela primeira vez aprendi alguma coisa na área dos computadores, ligada ao trabalho que fazia: “Tratamento de Cheques”. Um salto tecnológico gigante que transformou a nossa tarefa mais rápida e, sem dúvida, mais agradável.

Onze anos e meio depois, despedi-me com a certeza de querer servir a Deus a tempo inteiro. Após quatro anos na minha nova função sendo adjutora do meu marido como pastor evangélico, recebemos um convite e fomos para Londres apoiar a Igreja portuguesa ali, começando assim a fazer missão como desejávamos.

Seis anos depois, voámos até Macau e finalmente para os Açores onde permanecemos nove anos e de onde viemos já reformados.

Uma tiroidectomia e mastectomia radical direita, no espaço de alguns meses, veio toldar aquele sonho e estava com 60 anos.

Recuperei e com, o incentivo de uma das minhas filhas, inscrevi-me no Centro Novas Oportunidades de Escolas de Azeitão. Sabia que, minimamente, teria que escrever a minha história de vida com alguns requisitos, pois bastou-me ler a frase: “Sistema de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências”, para pensar em pontos nevrálgicos da minha vida como pessoa e na sociedade em que estou inserida, em constante confronto com as mudanças tecnológicas, ambientais, comportamentais, sei lá, uma panóplia de temas que tornaram o meu RVCC em algo mais rico, com conteúdo.  À medida que avançava, sentia o gosto de colocar no papel as recordações do passado, enquanto apreciava o presente.

Foi uma descoberta, pois tive o privilégio de contar com uma equipa de formadoras simpáticas, dedicadas, sensíveis, muito humanas, que me levaram a um patamar de capacidades mais desenvolvidas apesar da idade.

Surgiram algumas tarefas. Numa delas, numa cartolina em forma de estrela escrevi um texto sobre nós, mulheres, que encontramos no Livro de Provérbios capítulo 31 e que começa com uma pergunta: “Mulher virtuosa, quem a achará”? No cimo de um tronco escultural a lembrar uma figura feminina, foram colocadas outras estrelas, que tornaram o “cabelo” multicor e com muito sentido estético e o nosso mundo ficou mais valorizado.

Outro trabalho teve a ver com alguma leitura que me tenha alertado para um dos meus cinco sentidos. Gosto muito de ler, o Livro que leio mais é a Bíblia, e lembrei-me logo do Salmo 1 que nos fala sobre “árvores plantadas junto a ribeiros de águas”. Tem sido através do Livro dos livros que vejo o nosso mundo com mais esperança.

Veio o pedido para escrever um conto que conhecesse desde criança e que me tivesse marcado. Fui de novo à Bíblia e contei a história de José que sempre achei fascinante. Um personagem maltratado pelos seus irmãos, mas cujo mal foi transformado em bem porque Deus era com ele.

Assim, tenho o diploma do 12º ano que sempre almejei. Nunca nada é tarde demais e aconteceu no tempo certo, com certeza.

No contexto em que vivo hoje, como os demais, quero continuar a olhar o futuro que cada vez é mais curto, com esperança, ânimo, alegria e passar a mensagem para que ao meu redor nada venha a ruir, mas a afirmar-se mesmo em tempos menos bons.

“Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.” (Salmos 1:3)

Carlota Roque

Missionária aposentada

PAZ, ACIMA DAS CIRCUNSTÂNCIAS

2188 1229 Aliança Evangélica Portuguesa

Cantar na cela de uma prisão não era algo vulgar. Contudo, foi o que Paulo e Silas fizeram. “E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam.” (Atos 16:25) Eles estavam presos mas as suas vozes não. Aquela era a sua oportunidade de mostrar ao carcereiro e aos outros presos quem era o Deus a quem serviam. A sua atitude foi nada menos do que viver acima das circunstâncias e não debaixo delas.

Essa é a vontade do Senhor para o nosso dia de hoje e podemos contar com Ele. Como dizia o salmista: “Elevoos meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.” (Salmo 121:1,2)

O novelo, o cajado e a pedra

Recentemente, estive internada no hospital por quatro dias e esta foi a confiança que ali recebi: não é o lugar onde estamos que define a nossa posição diante Daquele que nos guia, mesmo quando não compreendamos os Seus desígnios.

Ali, lembrei-me de Gideão e do seu “novelo de lã”,vencendo as suas dúvidas (Juízes 6,36 a 40)

Pensei também em Moisés, com o “cajado” na mão,afirmando a sua certeza em Deus e no Seu livramento a um povo cansado (Êxodo 14:13 a15)

Recordei a certeza sentida por David de que Deus ia guiar a “pedra” e anular o gigante (I Samuel 17)

Numa escala maior ou menor, quase todos nós já tivemos o nosso “novelo de lã”, o nosso “cajado” e a nossa “pedra”na mão, sabendo que o Autor do livramento está ao nosso lado e terá sempre última palavra para o que for e quando for preciso.

Lembremos as “dúvidas” que O Senhor já dissipou, os “caminhos que abriu” e os “gigantes vencidos”.

O meu desejo é que a paz que tenho recebido, vinda destes exemplos, vos alcance seja qual for a vossa necessidade, porque O Senhor é o mesmo, Ele não muda na Sua acçãomesmo quando não entendemos os caminhos por onde nos vai levando.

As asas do livramento

Temos um Deus que nos renova. Ele diz: “Esqueçam o que se foi, não vivam no passado. Estou fazendo uma coisa nova.” Isaías 43,18,19. Quando a nossa “tenda” pareceestar-se a romper, Deus ainda vai renovando a nossa alma com a paz que este mundo não conhece. É o que estou a receber hoje e o Senhor tem em abundância para dar a quem precisa. É só pedir.

A borboleta no casulo “sente” a sua prisão até ele se abrir e, ainda que passando pelo “estreitamento da saída”, ela abre asas e voa alto e livre no Céu sem limites. Ainda no “casulo”, vamos lembrar pela fé as asas do Seu livramento.

Desejo a todos os meus amigos a paz que eu tenho. Shalom.

“Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão.” (Isaías 40:31)

Carmina Coias
Missionária Aposentada

As Duas Rosas

960 635 Aliança Evangélica Portuguesa

Era Dia da Mãe. Eu tinha 17 anos e na igreja recebera uma rosa para oferecer à minha mãe, naquela manhã de Maio, cheia de sol.

Ao entregar-lhe, comovi-me. Era natural, pela relação tão próxima e carinhosa que tinha com ela. Era um prazer entregar-lhe a rosa, como símbolo de tanta coisa que desde bebé nos unia uma à outra.

Contudo, estava sensibilizada também por outro motivo, e disse-o: “Mãe, hoje gostava de ter duas rosas para oferecer: uma a ti e outra à minha mãe chinesa.”

Mãe chinesa… Era assim que eu designava a minha mãe biológica, que me dera à luz, em Macau. Na altura, ela tinha 21 anos e, sentindo-se desprovida de condições para ficar comigo, acabara por decidir encaminhar-me para a adopção. E assim, com dez meses, fui entregue a este casal português que residia em Macau, agora meus pais, que já tinham uma filha biológica e oravam por uma bebé para adoptar.

A minha mãe comoveu-se também, concordou que seria lindo eu poder fazê-lo e combinou comigo que esse seria um plano para concretizar um dia. Na verdade, na altura da adopção os meus pais haviam pedido alguns elementos mais sobre a identidade da minha mãe biológica (fotocópia de dois documentos dela), que lhes foram concedidos, para que um dia eu tivesse alguns recursos mais para procurar a minha Orquídea de Ouro (significado do nome chinês da minha mãe).

Entretanto, os anos passaram. Concluí o meu curso, casei e fui mãe há 2 anos atrás. O meu marido, que também é adoptado, decidiu procurar a sua mãe biológica. Envolvemo-nos os dois nesse processo e fomos bem sucedidos! Sim, ele encontrou a sua mãe! E voltei a pensar em encetar o mesmo processo.

Comecei por contactar uma ex-colega da minha mãe adoptiva, que vive em Macau. Ela foi a uma casa onde supostamente a minha mãe biológica viveria, segundo o endereço que tínhamos. Afinal, já não residia lá. Os vizinhos contaram que há 10 anos ela saíra dali mas asseguraram que ela continuava a viver em Macau, embora fosse da China continental, pois viam-na ocasionalmente.

Então, foi altura de escrever para o Departamento de Adopções em Macau. Responderam-me prontamente e foram procurar a minha mãe, levando fotografias minhas, ainda bebé e outras mais recentes que eu lhes enviara. E conseguiram localizá-la! Ela vive com a mãe, minha avó materna, e ambas ficaram muito felizes por ter notícias minhas. Enviaram-me fotografias delas, que recebi com alegria, e tenho observado com curiosidade e carinho.

Muitas vezes me perguntam o que sinto acerca da minha mãe biológica. A última vez que tal aconteceu foi no programa televisivo de Manuel Luís Goucha, onde participámos, o meu marido e eu, no passado dia 30 de Junho. Na verdade, não existe ressentimento nem revolta em mim. Acredito que entregar um filho para adopção pode ser um acto de amor, de grande altruísmo e generosidade. Reconhecendo que não tinha condições, a minha mãe dispôs-se a oferecer-me, assim, um futuro melhor. Sonho com o dia de a encontrar presencialmente, de a abraçar e, então, oferecer-lhe uma rosa. Estou a recolher fundos nesse sentido.

Ser adoptada lembra-me sempre o amor de Jesus, que fez o mesmo por todos nós, tal como referiu S. Paulo: “e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade.” (Efésios 1:5)

Se desejar conhecer melhor a nossa história de adopção, do meu marido e a minha, poderá adquirir o nosso livro “Adoptados e Unidos pelo Amor”, contactando-nos por e-mail: adoptadosvm@gmail.com

Melissa Raquel Coias Tomé Marini

Médica de Medicina Tradicional Chinesa

VIRÁ COMO CHUVA

960 696 Aliança Evangélica Portuguesa

Gosto de ver chover. Gosto de ouvir chover. Depois, gosto do aroma da terra molhada.

Em dias de chuva, vêm-me à mente as palavras de Oseias (6:3b): “Ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.”

Pode acontecer pensarmos em Deus como Alguém distante, até inacessível. Contudo, esta afirmação refere um Deus que vem a nós, que se aproxima e toca na nossa vida. De que forma o faz? Virá como chuva, diz a passagem bíblica. Dou por mim a pensar que nesta chuva e encontro aí três características.

Nova

Não existe chuva velha. Nem usada, gasta ou remendada. É sempre nova, recebida em 1ª mão. Transparente, fresca, límpida em cada gota. Assim é o toque de Deus na nossa vida. O Seu amor puro oferece-nos o novo. “Se alguém está em Cristo, nova criatura é. As coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo”, lembra-nos S. Paulo (II Coríntios 5:17)

“Eis que faço novas todas as coisas.” (Apocalipse 21:15)

Geradora de vida

A chuva cai na terra seca, refresca-a e desperta vida. Em pouco tempo, veremos germinar por ali plantas diversas. E o cenário árido muda, passando a um fundo verde salpicado pelas cores das flores silvestres.

De igual modo, ao tocar na nossa vida, mesmo que ressequida ou inerte, Ele faz nascer e crescer sentimentos, perspectivas, ideias, acções, frutos da Sua presença, que oferecem uma nova visão e uma dinâmica própria aos nossos dias.

Serôdia

A chuva é serôdia, ou seja, acontece fora do tempo, pois não está limitada por ele. Surge como uma prenda que se recebe num dia que não é o do aniversário nem é Natal. Apanha-nos de surpresa e delicia-nos.

Acredito que Deus tem prazer em vir a nós e abençoar-nos, mesmo que seja no dia menos esperado. Enxugar as nossas lágrimas, curar as nossas feridas, levar-nos aos ombros, como o pastor que encontra a ovelha perdida, oferecer-nos paz.

Preparei esta reflexão uma noite, para a partilhar na manhã do dia seguinte, num tempo devocional por Zoom. De manhã, assim que acordei, ouvi a chuva que caía lá fora… Quase no início do Verão, sem ser muito esperada. Fez-me bem ouvi-la, como se vincasse esta verdade bíblica. Sim, Deus está perto, como a chuva que cai, natural e suavemente.

“Tu, ó Deus, mandaste a chuva em abundância, confortaste a tua herança, quando estava cansada.” (Salmo 68:9)

Bertina Coias Tomé

Psicóloga, Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e em Psicologia Comunitária.

Ele adestra as minhas mãos

960 640 Aliança Evangélica Portuguesa

A pensar que “a necessidade faz o engenho”, fui espreitar o que tenho na minha caixa de costura e achei praticamente o necessário para pequenos arranjos. Com saudade, encontrei algumas coisas de há cinquenta anos atrás: linhas de alinhavar, um dedal, um ovo de madeira, uma fita métrica já bem gasta, botões, que ainda guardo, tudo isto dado pela minha mãe antes do meu casamento. Também tinha agulhas, linhas e outros itens já mais recentes, claro.

As minhas irmãs mais velhas foram sempre muito habilidosas em costura, bordados, rendas e a transformar peças de roupa dos mais irmãos velhos para os mais novos. Mais tarde, faziam as suas próprias saias, blusas e até vestidos com amigas da Igreja e recordo quando estreavam, bem lindas, no auge da juventude. Eu aprendi os rudimentos, mas sempre achei um trabalho muito parado, tinha dores nas costas e pouco jeito.

Comecei por pregar um botão, subir uma bainha. Depois, para poupar nos gastos, fui-me atrevendo nuns pontos mais ousados e descobri que é bom arriscar e cresci nesta arte mas, claro, limitada a coisas não muito complicadas.

Não tenho máquina de costura mas não tem sido impedimento pois é possível fazer ponto de máquina à mão. Tento fazer o mais perfeito possível, devagar, para não me trair. O sábio Salomão disse que “Em todo o trabalho há proveito” (Provérbios 14:23).

Há tempo, a filha Sara pediu para costurar uma mala já um pouco usada, tipo saco. Alguma coisa devia ser feita por um sapateiro, mas consegui reconstruir. Não foi grande proeza, mas é bom quando nos atrevemos e sai bem. De vez em quando, lá vem uma peça dos netos a precisar uns pontos e faço sempre com agrado.

O Salmista David disse: “Bendito seja o Senhor, minha rocha, que adestra as minha mãos…” (Salmo 144:1)

Depois, tenho outros afazeres que me agradam: limpar a casa, passar a ferro, plantar flores e vê-las crescer, manter limpo o espaço fora da casa. E amo escrever. Sei que é simples a minha escrita, mas é um escape e sei que será sempre parte integrante dos meus dias.

O tempo ocupado alivia as preocupações e ansiedades e é por aí que desejo manter-me apesar dos meus 74 anos. O resto é com Deus, que me fortalece na caminhada.

Carlota Roque

Missionária aposentada

JEDIDA – Servindo nos Bastidores

958 634 Aliança Evangélica Portuguesa

Confesso que não sabia o nome desta mulher. Sabia que existia mas não sabia o seu nome. É provável que a leitora também não a conheça pelo nome. Jedida foi a mãe de Josias, um menino que começou a reinar aos 8 anos de idade. O que a Palavra de Deus nos fala sobre Jedida é apenas isto, que ela era mãe de Josias.

São as circunstâncias da altura, o ambiente familiar e a vida do seu pequeno filho Josias que dão algumas pistas de como seria esta mulher.

Jedida era esposa de Amon e nora de Manassés, dois dos piores e mais perversos reis de Israel. Amon reinou apenas durante dois anos, morreu ainda jovem, deixando viúva a sua esposa Jedida, com seu filho Josias.

Bem, até aqui não conseguimos saber nada sobre Jedida, mas é quando o seu marido morre e seu pequeno filho herda o trono que começamos a ter algumas pistas sobre ela.

Amon tinha seguido os passos de seu pai ao tornar-se um rei mau e idólatra. Porque que é que com Josias foi diferente? O ambiente familiar era de iniquidade. O povo de Israel viva em iniquidade e desprezo pelo Senhor. Com uma má influência tão grande e sendo Josias tão pequeno, o que fez com que não entrasse na mesma corrente? Porque havia uma Jedida.

Apesar de toda a má influência interna e externa, Jedida terá sido uma mulher fiel ao Senhor e ensinado a Palavra de Deus ao seu pequeno filho. Josias cresceu a amar e temer ao Senhor e por isso, apesar de sua tenra idade, Deus o usou para trazer o seu povo de volta ao arrependimento.

Por vezes tal como Jedida, algumas mulheres não são conhecidas por seu nome. Às vezes, conhecemo-las pela esposa do… ou pela mãe de… Isso muitas vezes acontece porque o seu trabalho não é tão visível, mas muito de bastidores. Cuidar de uma casa, educar e discipular os filhos nos caminhos do Senhor, aconselhar, ser de suporte em momentos de dificuldade – estas são algumas das formas de servir que não são visíveis, é serviço de bastidores. Contudo, apesar da sua pouca visibilidade, são estes tipos de serviço que fazem toda a diferença. Na verdade, eles são fundamentais. O que teria acontecido se Jedida não tivesse ensinado a Josias os caminhos do Senhor? Em que tipo de rei se tornaria Josias, se Jedida fosse uma mãe cujo exemplo não fosse bom? É verdade que apesar do bom ensino da sua mãe, Josias podia ter-se tornado num rei que não seguia o Senhor. Nem sempre o nosso serviço tem os resultados que esperamos, mas isso jamais nos deve impedir de fazer a nossa parte.

Contra tudo e contra todos, Jedida rumou contra a corrente de iniquidade em que se vivia e levou Josias a conhecer o verdadeiro Deus. Haverá função mais gloriosa que esta?

Vivemos num tempo em que à nossa volta existe uma grande corrente de iniquidade. Que isso não nos desanime mas que nos possa trazer à consciência o quão importante é seremos servas de bastidores, seja como mães, como avós, como tias, como professoras de escola dominical, como esposas. Não importa em que posição estamos mas sim o facto de podermos tomar este lugar que nos pertence de ensinar, discipular, cuidar, orientar e aconselhar aqueles que Deus tem colocado ao nosso cuidado. Não conseguimos medir o tamanho do impacto que o nosso serviço pode ter. Talvez o resultado não seja um rei Josias, é possível que continuemos no anonimato e que nosso nome nem seja conhecido, mas certamente se formos fiéis o nosso serviço será impactante.

Sara Rosa

Serve a Deus, com o seu marido, Pr. Hélio Rosa, na igreja Assembleia de Deus em Vila do Conde.

O compromisso

960 650 Aliança Evangélica Portuguesa

Conta-se que, certa vez, um homem idoso foi a um Centro de Saúde para retirar os pontos da sua mão, que fora suturada. A fila de espera dos pacientes movia-se lentamente, enquanto ele olhava para o relógio, inquieto. Acabou por informar a enfermeira de que tinha um compromisso dentro de 1 hora e, por isso, estava com pressa. Então ela levou-o para uma outra sala, observou-o, consultou um dos médicos sobre o estado da mão e teve autorização para retirar os pontos. Perguntou-lhe: “ Está com pressa para ir a outra consulta médica?” Ele respondeu: “ Não, vou tomar o pequeno-almoço com a minha esposa, que está num Lar de 3ª Idade.” A enfermeira perguntou-lhe sobre a saúde da esposa e soube que tinha a doença de Alzheimer. “Ela irá ficar triste se chegar atrasado?”, perguntou. O homem respondeu-lhe que há 5 anos que ela já não o reconhecia. Surpreendida, a enfermeira questionou: “ E ainda vai vê-la todas as manhãs, apesar de ela não saber quem o senhor é?” O homem idoso sorriu e respondeu: “Sim, porque ela não sabe quem eu sou, mas eu ainda sei quem ela é!”

Apesar das circunstâncias, ele mantinha com a esposa o compromisso de amor de muitos anos, numa medida que faz lembrar o amor de Jesus pelos seus discípulos: “E tendo amado os seus, amou-os até ao fim.” (João 13:1)

Compromisso… O que é que esta palavra nos faz pensar?

Hoje em dia, nos meios comerciais, recorre-se muito à possibilidade de agir sem compromisso. “Visite o nosso andar-modelo sem compromisso”, “Assista a uma das nossas aulas sem compromisso”, “Experimente este novo modelo do carro sem compromisso”, “Peça uma simulação do empréstimo que precisa, sem compromisso”, entre muitos outros exemplos que poderíamos dar. São vantagens a aproveitar, por certo.

Contudo, na relação com Deus é totalmente diferente. Como cristãos, Ele pede-nos compromisso. “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” (Lucas 9:23)

José foi um homem realmente comprometido com Deus, determinado em ser fiel, mesmo em circunstâncias difíceis. A sua vida começou de forma privilegiada, mimado pelo pai e pela mãe, como um filho especial. Contudo, quando tinha 17 anos, tudo mudou. Os irmãos venderam-no como escravo. Foi levado para o Egipto, onde foi acusado por um crime que não cometera e acabou por ser preso injustamente. Na altura, a mãe já havia falecido e o pai não envidou esforços para o procurar, uma vez que os irmãos lhe sugeriram que ele havia morrido. Certamente que se sentiu, muitas vezes, sozinho e confuso. Porque é que a vida dele estaria a levar aquele caminho? Contudo, a fidelidade de Deus esteve sempre presente.

Tal sucedeu em casa de Potífar, onde trabalhava: “E José foi levado ao Egipto, e Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda, homem egípcio, comprou-o da mão dos ismaelitas que o tinham levado lá. E o SENHOR estava com José, e foi homem próspero; e estava na casa de seu senhor egípcio. Vendo, pois, o seu senhor que o SENHOR estava com ele, e tudo o que fazia o SENHOR prosperava em sua mão, José achou graça em seus olhos, e servia-o; e ele o pôs sobre a sua casa, e entregou na sua mão tudo o que tinha.” (Génesis 39:1-4)

E até mesmo na prisão: “E o senhor de José o tomou, e o entregou na casa do cárcere, no lugar onde os presos do rei estavam encarcerados; assim esteve ali na casa do cárcere. O Senhor, porém, estava com José, e estendeu sobre ele a sua benignidade, e deu-lhe graça aos olhos do carcereiro-mor. E o carcereiro-mor entregou na mão de José todos os presos que estavam na casa do cárcere, e ele ordenava tudo o que se fazia ali. E o carcereiro-mor não teve cuidado de nenhuma coisa que estava na mão dele, porquanto o Senhor estava com ele, e tudo o que fazia o Senhor prosperava.” (Génesis 39:20-23)

E, finalmente, viu cumprido o grande propósito de Deus para a sua vida, no dia em que foi nomeado governador do Egipto: “E tirou Faraó o anel da sua mão, e o pôs na mão de José, e o fez vestir de roupas de linho fino, e pôs um colar de ouro no seu pescoço.” (Génesis 41:42)

Ele acabou por ser também um testemunho da fidelidade de Deus para a sua família. Pouco antes de falecer, o seu pai, Jacó, assim o descreveu: “José é um ramo frutífero, ramo frutífero junto à fonte; seus ramos correm sobre o muro. Os flecheiros lhe deram amargura, e o flecharam e odiaram. O seu arco, porém, susteve-se no forte, e os braços de suas mãos foram fortalecidos pelas mãos do Valente de Jacó (de onde é o pastor e a pedra de Israel).” (Génesis 49:22-24)

Como cristãos, Deus espera de nós o compromisso de O amarmos e servirmos ao longo da nossa vida, até mesmo no tempo de adversidade. Da mesma forma, Ele está comprometido em ficar próximo de nós em todos os momentos, como fez com José.

Assim, seja qual for a circunstância que estejamos a viver hoje, renovemos o nosso compromisso com Ele, na certeza de que a Sua fidelidade não nos faltará.

“Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador;” (Isaías 43:1-3)

Lurdes Lima Capucho

Evangelista

Entre a Lapidação e a Graça, uma Voz….

960 720 Aliança Evangélica Portuguesa

Ela foi condenada. Sozinha ali, sem amparo e sem proteção, entregue à própria sorte e rejeitada por todos aqueles que a rodeavam. Naquele momento, não havia ninguém que a pudesse livrar, afinal não havia perdão para uma mulher apanhada em adultério. Lapidação era o seu castigo.

Aqueles homens que a rodeavam com pedras na mão, eram os mesmos que viviam escondidos atrás dos seus títulos de poder. Eram os fariseus, os chefes dos sacerdotes, os escribas, os entendedores da lei e que pouco tempo antes tinham tentado prender Jesus pelo facto do povo começar a considerar que Ele era o Cristo. Os mesmos que se indignaram assentados em cima do seu próprio orgulho, quando até os guardas que não o tinham prendido, afirmaram que “ninguém jamais falou da maneira como esse homem fala”. João 7:46

A história se repete. Hoje em dia não é apenas uma mulher adúltera à espera de ser apedrejada, mas somos nós, que por vezes andamos solitários, sedentos, rejeitados e condenados por aqueles que se assentam nos seus tronos de autoridade e orgulho a espera de atirar a primeira pedra.

A história dela poderia ser a história de cada um de nós. O que está por detrás das escolhas que fazemos? Dos medos que sentimos? Dos anseios da alma que nos levam a satisfazer os nossos impulsos?

O pecado dela é o nosso pecado, porque o adultério não é apenas o acto de trair o marido ou a esposa com outro alguém. O adultério é o impulso da alma, de preencher o vazio do coração, com algo ou alguém que não seja Aquele que no mesmo contexto promete ser a Luz do Mundo. O adultério é permitir que a carne e as entranhas da alma se entreguem ao que é pequeno, diante da grandeza do Senhor que promete intimidade plena com Ele. O adultério é todo o pecado que satisfaz a nossa carne e momentaneamente alivia o anseio, ou quem sabe  a dor…

Foi por isso que diante dos acusadores daquela mulher Jesus confrontou: “Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar a pedra nela”. E foi assim que, um a um, eles se retiraram.

E ali estava ela, mas já não estava só. Humilhada, confrontada como nunca antes com a sua condição de pecadora e exposta ao horror de poder ser morta até que, de repente, a Voz que alcança a alma,  a preenche. A Doçura que envolve o coração, a convence. A Faca de dois gumes que divide alma e espírito a alcança, no momento em que o Senhor pergunta:

“- Mulher, onde estão eles, ninguém a condenou?

– Ninguém Senhor.

– Eu também não a condeno. Agora vá e não peque mais.”

O que isto tem a ver contigo? Tens ouvido a doçura desta voz? O que Ele te fala? Qual é a tua decisão?

Baseado no Evangelho de João, Capítulo 8.

Arlete Castro

Escritora

Mestre em Intervenção Terapêutica

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