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Mulheres

Armadilhas Do Diálogo Homem/Mulher – Isabelle Ludovico da Silva

960 637 Aliança Evangélica Portuguesa

Um casamento saudável não é um casamento onde não há brigas, mas onde os parceiros conhecem e praticam a arte da reconciliação através do diálogo. A paz não acontece naturalmente a menos que um dos parceiros se tenha anulado. Quando apenas um impõe as suas necessidades e o outro se limita a supri-las, sem direito a voz própria, vive-se uma paz artificial e destrutiva. Duas pessoas inteiras vão entrar em choque. A questão principal não é tanto o conteúdo do conflito, nem saber quem tem razão, mas como é que o casal lida com opiniões opostas para chegar a um consenso, nem que seja concordar em discordar.

As diferenças entre homem e mulher tornam-se mais evidentes em situação de stress. A principal dificuldade diz respeito à preservação de um diálogo construtivo quando um conflito vem à tona. Na crise, a mulher tende a queixar-se e o homem a isolar-se. Estas reações transformam-se num círculo vicioso. A mulher sente o silêncio do homem como uma agressão e aumenta o tom das suas cobranças. Quanto mais ela reclama, mais ele se isola na tentativa de fugir do confronto.

Os mecanismos de defesa do homem e da mulher são opostos. Ela geralmente prefere enfrentar, mas exagera as suas acusações com palavras como “sempre” e “nunca”. Ele reage ignorando os problemas esperando a tempestade passar. O ciclo crítica/desprezo transforma os parceiros em inimigos. O silêncio do homem é uma tentativa de proteção, mas funciona para a mulher como uma provocação. Ambos devem aprender a brigar e entender a atitude do outro como um desejo de ajudar e não como uma retaliação.

O homem precisa de ouvir mais e encarar os conflitos como oportunidade de crescimento e fortalecimento da relação. A mulher precisa de expressar as suas queixas de forma positiva e objetiva sem desqualificar o seu cônjuge. Os dois sentem necessidade de ser amados, respeitados, e têm medo do abandono. Por isso, na hora do desentendimento é importante renovar o compromisso que permite ir fundo na crise sem o risco de romper o vínculo. A ameaça de separação não passa de uma forma disfarçada de manipulação. Ela expressa subtilmente que o outro corre o risco de ser abandonado caso não se disponha a ceder às expectativas do parceiro.

Cada um precisa de compreender a dinâmica da relação e enxergar a sua parte no conflito. Em situação de stress, a mulher quer desabafar e ser ouvida. Ele quer ajudá-la a partir dos seus parâmetros, tentando diminuir o problema, dar uma solução prática e abreviar as queixas dela. Ela sente-se desrespeitada nas suas emoções, desqualificada, desvalorizada e censurada. Ao ouvi-la, ele desenvolve um plano de ação, interrompe a fala dela com soluções ou comentários que minimizam as suas emoções, e a deixam ainda mais brava. Ele acha que estava a ajudar e só piora a situação. Sem entender porque é que ela reage tão agressivamente, ele retira-se ferido.

Quando ele está irritado, refugia-se na sua caverna e precisa de ser respeitado na sua necessidade de tempo e espaço para digerir as suas emoções. Ela faz perguntas, tratando-o como gostaria de ser tratada. Ela só quer compartilhar o seu fardo, mas ele sente-se invadido e cobrado. Ela interpreta o silêncio dele como rejeição e cobra até ele estourar ou afasta-se magoada. Quanto mais quieto ele fica, mais ela o cutuca. Quanto mais ela o cutuca, mais quieto ele fica. O homem reage ao stress tentando manter o controle racional até estourar. A mulher tende a mergulhar nas emoções. Ele necessita de sossego para entender o que está a acontecer. Ela busca carinho e atenção para reordenar os seus sentimentos. Cada um interpreta a atitude do outro como um ataque pessoal.

Cada um deve saber cuidar de si e interpretar a atitude do outro como um pedido de socorro que merece compreensão, paciência e respeito. Nesta perspectiva, o conflito torna-se uma oportunidade para ambos desenvolverem a famosa inteligência emocional através do diálogo entre a cabeça e o coração. O homem pode aprender com a mulher a deixar as suas emoções virem à tona. A mulher pode aprender com o homem a filtrar as suas emoções através da lente mais objetiva da razão.

 

Isabelle Ludovico da Silva
isabelle@ludovicosilva.com.br

O que importa é o processo e não o resultado – Iolanda Melo

960 720 Aliança Evangélica Portuguesa

Recentemente, uma adolescente dos nossos relacionamentos mais próximos passou por uma experiência de aparente insucesso: teve a sua primeira negativa numa prova final. O mundo parecia que tinha acabado! Só conseguiu contar o resultado aos pais uns dias depois, isolou-se, ficou deprimida por algumas semanas. Ela que sempre tinha sido uma menina alegre, bem-disposta e brincalhona, estava agora cabisbaixa, irritável e macambúzia. Com muita dificuldade conseguíamos tirar um sorriso do seu lindo rosto.

Quando se é bom aluno, com boas notas e muitas expectativas da família em relação ao seu desempenho, ter que lidar com o insucesso nem sempre é fácil. Reflectindo sobre esta questão, concordo com o Dr. Augusto Cury quando afirma que os pais de hoje treinam os seus filhos para terem sucesso mas não os preparam para lidar com o insucesso.

A pressão que exercemos para que os nossos filhos sejam bem sucedidos, tenham boas notas, “cheguem mais longe”, leva-nos muitas vezes a fazer sacrifícios.  Tudo fazemos para garantir aos nossos filhos as melhores escolas, as melhores actividades extracurriculares, os melhores recursos informáticos… Em troca disso, esperamos que os nossos filhos, no mínimo, retribuam esse esfoço sendo bons alunos e tendo um desempenho académico que garanta a possibilidade de um futuro promissor. Investimos muito e desejamos que esse investimento tenha retorno. Assim, sem nos darmos conta, valorizámos mais os resultados que o processo: o que conta é o resultado e não tanto a forma como se chega até lá. Um exemplo disso é o que dizemos aos nossos filhos quando eles nos dizem a nota que tiveram. Se tiveram uma boa nota, felicitamo-lo: “Boa, parabéns!”, e facilmente gabámos a nota aos nossos amigos e familiares. Se trazem uma nota positiva mas não tão espectacular, dizemos rapidamente: “Podias ter tido melhor!”. Valorizámos o resultado! É normal, na medida em que a nossa sociedade valoriza mais o resultado, o sistema educativo valoriza mais o resultado!

Dificilmente dizemos: “Vês, o teu esforço compensou: estudaste, abdicaste da brincadeira e agora tiveste uma boa nota. Estás de parabéns!” Mas que diferença faríamos se valorizássemos o processo, e não tanto o resultado, na saúde mental e na personalidade dos nossos filhos… Haveria menos perturbações alimentares, menos ansiedade, menos depressão, maior confiança em si mesmos e nas suas capacidades…

Aprender a lidar com a contrariedade, com a adversidade, com a frustração, com o insucesso, com os nãos, com as crises e com as “tróicas” que a própria vida se encarrega de nos trazer é fundamental para o desenvolvimento de uma personalidade sadia! Queremos que os nossos filhos não só aprendam os conhecimentos necessários que lhes garantam uma vida profissional activa como também a aprendam a pensar, a relacionar-se de forma positiva com os outros, com o mundo e consigo próprios; que aprendam a expressar as suas ideias, as suas emoções, que saibam lidar com o sucesso e com o fracasso, que aprendam a trabalhar e a ser determinados no alcance dos seus objectivos e sonhos, que valorizem o esforço a ser empregue para se obter os resultados esperados.

Para que isto aconteça, também depende de nós, pais, uma atitude que favoreça esta aprendizagem integral:

  1. Conheçamos as capacidades dos nossos filhos, os seus pontos fortes e estimulemos para que atinjam o máximo do seu potencial real.
  2. Reconheçamos os pontos menos fortes e não criemos expectativas irrealistas quanto a essa realidade.
  3. Respeitemos os talentos naturais e os dons dos nossos filhos e estimulemos o seu desenvolvimento. Se o seu talento é a música, por exemplo, não vale a pena insistir para que seja um engenheiro. Nem todos vão receber 10 talentos! Uns receberão 5 e outros apenas 1, mas é nesse um que tem que se concentrar e maximizá-lo.
  4. Valorizemos mais o esforço, o empenho com que se dedicam ao estudo e não tanto ao resultado. Resultados são importantes, mas não são o fim do mundo e podem ser alcançados em função do esforço e das reais capacidades dos nossos miúdos.
  5. Anime o seu filho a lidar de forma positiva com as frustrações dos resultados menos positivos: “Na próxima vai correr melhor! Só precisas de esforçar-te mais um bocadinho, mas eu sei que és capaz! Tu consegues!”

Não é fácil contrariar a corrente, principalmente quando todos à nossa volta agem de determinada maneira. Mas quem disse que seria fácil? O que sei que não é impossível, senão Paulo não nos teria advertido: “Não vivam de acordo com as normas deste mundo…” (Romanos 12:2)

Iolanda Melo

Psicóloga, especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e em Psicologia da Educação

Ame-se! – Cindi Ângelo

960 720 Aliança Evangélica Portuguesa

“Amarás o teu próximo como a ti mesmo…”
Marcos 12:31

Essas palavras ratificadas por Jesus, parecem ser tão fáceis de ser vividas, mas na prática não o são. Elas estavam na Lei de Moisés (Lv 19:18) porque Deus queria que a medida do amor que sentimos e demonstramos pelos outros, fosse a mesma que temos em nós e por nós. O caminho não pode ser inverso, e a verdade é que não conseguimos amar verdadeiramente os outros se primeiro não nos amarmos a nós mesmos. Como cuidaremos dos outros, se não cuidamos de nós próprios? Como ajudaremos as pessoas a serem sanas, se vivemos com o nosso mundo interior tão bagunçado?

É bem verdade que não é fácil ter um equilíbrio entre o amor saudável e o ego, entre o pensar mais em si e menos de si. Entre querer para os outros aquilo que quer para si mesmo.

Como podemos declarar que nos amamos se temos tão pouco cuidado com a nossa própria vida?

Não é fácil, mas é possível! Com Cristo é possível! É possível amarmos os outros com a mesma medida que nos amamos.

Um dos conselhos que Paulo deu para o seu filho na fé, Timóteo, foi: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1 Tm 4:16).

Muitas pessoas lutam para satisfazerem os seus desejos e apelos da sua natureza, acreditando que estão a fazer bem a elas, mas devido ao estilo de vida que levam, fica evidente que fazem mais mal a si mesmas do que bem.

Precisamos de refletir e concluir, que, quando não cuidamos de nós mesmos, estamos a afetar negativamente a vida de muitas outras pessoas. É por isso que precisamos primeiro cuidar de nós mesmos.

Deus nos constituiu de 3 partes distintas, mas que estão interligadas entre si. Nós somos um espírito, que tem uma alma e habita num corpo. Estas 3 partes precisam de ser bem cuidadas por nós. Paulo nos diz: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5:23).

A primeira coisa que o Espírito Santo nos quer dar para tornar mais fácil a administração do nosso ser como um todo, é a sua paz. Sem ela, o nosso mundo vira de pernas para o ar e tudo tende a sair fora do seu lugar. Sem ela, a ansiedade toma conta dos nossos pensamentos e o caos pode instalar-se.

Essa paz não se compra no supermercado, nem se adquire com técnicas de relaxamento ou com pensamento positivo; ela é um presente de Deus para nós. Jesus disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo 14:27).

A paz é também o resultado do novo nascimento que acontece em nós quando o nosso espírito (quem realmente somos) é recriado por Deus, ao convidarmos a Cristo para ser o Senhor do nosso coração. A sua paz toma conta do nosso espírito e nos sentimos como meninos, nascidos de novo, realmente, pois identificamos a presença de Deus em todos os momentos na nossa vida.

A seguir, a nossa alma (nossa mente, emoções e vontades) também vai sendo colocada em ordem, porque compreendemos que o nosso passado foi redimido e o nosso futuro é garantido.

A nossa alma sente paz porque ela crê que Deus tem o melhor para cada um dos seus filhos. O novo nascimento nos transporta para o Reino de Jesus, e a natureza do seu Reino é “justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14:17). Passamos a ter uma nova família, novos amigos, novos irmãos. Esse meio onde passamos a conviver, torna-se não apenas um grupo religioso, mas também terapêutico; afinal, os bons relacionamentos podem nos curar…

Aos poucos as feridas da alma, as lembranças dolorosas que trouxeram o ressentimento (sentir de novo), momentos dolorosos, traumas profundos, vão sendo curados pelo poder da sua paz, que nos ajuda a ser mais que vencedores. Você já prestou atenção na palavra “vencedores”? Aqueles que vencem dores. Deus faz isso connosco. Ele nos dá um novo espírito, um espírito de superação que olha para frente, para adiante, para o futuro promissor e abençoado que está à nossa espera.

Como filhos de Deus podemos acreditar que tudo nEle é progressivo, é de “fé em fé, de glória em glória, de triunfo em triunfo” (2 Co 1:24, 2:14,3:18).

Colocar a nossa alma em ordem é o grande desafio do Espírito Santo, e creio que ele ama esse desafio, pois já vê a sua obra-prima concluída com êxito!

Quando o nosso espírito e a nossa alma estão em ordem, podemos ter mais determinação em cuidar do nosso corpo, que é o “templo ambulante de Deus”.

Pense comigo: Como podemos declarar que nos amamos, se trabalhamos mais horas do que o nosso corpo consegue suportar? Ou quando dormimos tão pouco, comemos tão erradamente, somos tão sedentários ou temos uma vida tão desregrada…

Eu comecei este artigo a dizer que as palavras de Jesus não eram fáceis de serem vividas, mas graças a Deus, que, com a sua ajuda, elas são possíveis. É possível nos amar e amarmos os outros como a nós mesmos.

Shalom!

Cindi Ângelo
Licenciada em Teologia, escritora, missionária e pastora da Igreja Metodista Livre.

Espere o Tempo Certo – Ana Pereira

960 640 Aliança Evangélica Portuguesa

Espere o Tempo Certo…

“A posse antecipada de uma herança no fim não será abençoada.” Provérbios 20:21

Querer tomar posse de algo fora do tempo, traz consequências, apesar do imediato prazer de saborear o tão esperado. É dar mais valor às coisas do que ao tempo de Deus, é querer alimentar a ansiedade por não saber esperar.

Jesus retrata um filho que pediu antecipadamente ao seu pai, a parte da herança que lhe pertencia. Isto não era uma prática comum, na verdade era uma agressão, uma vez que a herança só era atribuída depois da morte do pai. Com esta atitude antecipada, o filho estava a dizer que o seu interesse não estava na vida do pai mas nos seus bens e não soube nem queria esperar o tempo de Deus para tomar posse da mesma. Esta atitude de querer antecipar a herança, não lhe trouxe bênção mas obstáculo no seu caminho. Este mesmo princípio aplica-se na nossa vida, quando não sabemos esperar o tempo certo e antecipamos as coisas para que tudo fique da maneira como queremos.

Tudo tem um tempo certo! Mas por vezes a nossa ansiedade em usufruir das coisas, tomar posse delas leva-nos a colocar em segundo lugar a vontade de Deus e a não querer ouvir a Sua direção. Seja uma pessoa que não antecipa a ”herança”, que sabe esperar para usufruir do melhor de Deus. Não se precipite na escolha do seu cônjuge, não se precipite na mudança do seu trabalho, não se precipite nas suas decisões, não se precipite! Espere o tempo de Deus!

… E viva por Amor

“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros, Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.” João 13:34-35

Em tudo na vida devemos fazer com amor. Sem amor, tudo se torna superficial, mecânico, vazio, obrigatório. Como seria gratificante se tivéssemos todos num trabalho em que amamos o que fazemos? Como seria mais leve se todos os atos de serviço não fossem por obrigação? Como seria prazeroso se todos nos amassemos uns aos outros como a nós mesmos?

Primeiramente por amor a Jesus, devemos ter em conta este mandamento de nos amarmos uns aos outros, pois seremos conhecidos por seus discípulos através deste “perfume” maravilhoso e com uma durabilidade eterna. Tudo o que fazemos com amor gera frutos. Pode não ser no imediato mas chegará um dia de ver o fruto da semente do amor em tudo o que fazemos.

O amor perfuma qualquer ambiente e muda atmosferas. Fácil é amar a quem admiramos, nos identificamos, no entanto o Senhor Jesus não fez essa distinção do grupo de pessoas, Ele amplificou a todos os segmentos, raças, temperamentos e opiniões, simplesmente “amai-vos uns aos outros”. Não existem requisitos, existe um mandamento para amar! Então viva por amor em tudo o que fizer, que os que o rodeiam possam sentir o amor de Deus através da sua vida, que possam ver através dos seus comportamentos de amor que é discípulo de Jesus.

 

Ana Pereira
Pastora na Missão Cristã Internacional
Licenciatura em Gestão de Marketing e Bacharelato em Teologia

Do Entulho ao Restauro – Priscila Ferreira

1280 800 Aliança Evangélica Portuguesa

“Usarão o entulho do passado para construir de novo, recontruirão (…) Serão conhecidos como aqueles que reparam qualquer coisa, restauram ruínas antigas, reconstroem e renovam, tornam a comunidade habitável outra vez.” Isaías 58:11-12 (adaptado AM)

Num mundo onde a superioridade e o egoísmo parecem querem suplantar-se há, ao que podemos observar, o desprezo e desinteresse. Tanto pelo que já não é considerado o “último grito da moda” como (e muito mais grave) o desacreditar dos que, por razões que nos são alheias, falharam ou até mesmo desistiram de viver, resultando na degradação do percurso de vida e consequente entrega a determinado vício. Podemos concordar que “saber viver” é talvez o maior desafio de todos e o nosso “segredo” está realmente em Deus. Fora d’Ele jamais fará sentido.

Uma mesinha de cabeceira, julgada inútil, fora de moda e sem valor, estava atirada num monte de entulho dentro da mata. Não sei quanto tempo terá ficado ali, ao ponto de estar cheia de caruncho (térmita da madeira) e empenada. Foi lá que o meu pai a encontrou. Acabou por trazê-la com a ideia de que poderia “salvá-la”. O cenário era desanimador, o caruncho tinha provocado uma série de estragos! Porém, a verdadeira Esperança não se rende. Foi um processo detalhado e moroso, do lixar até ao pormenor do acabamento, em cada etapa, com muita paciência. E o resultado?? Bastante inspirador! A convicção era que no lixo o meu pai achou o “tesouro”.

Todos os dias nos cruzamos com pessoas que estão tal e qual esta mesinha, como entulho rotulados de lixo. Vivem sem esperança. Porém, foi-nos confiada a responsabilidade de “recolhê-las” ao lugar de Esperança, Jesus. Estes não são somente os sem-abrigo, são a vizinha do lado, a professora, a colega de trabalho e também a senhora do café.

É inexplicável o privilégio de ser alguém que testemunha em “primeira mão” diariamente o «restauro de ruínas» (Isaías 58:12). Por ser tal um privilégio, não podemos de forma nenhuma ser egoístas. Esta Esperança que «Repara qualquer coisa» e que «Usa o entulho (…) para construir de novo» é O bem precioso que temos de partilhar! Não no que apenas falamos, mas na forma como vivemos e amamos aqueles à nossa volta. É um processo moroso mas o resultado final é largamente recompensador!

 

Priscila Ferreira

Quem Criou o Sorriso? – Clarisse Barros

960 640 Aliança Evangélica Portuguesa

A família era grande. Havia muitas crianças. Um bebé de colo e vários outros filhos já em idade escolar e pré-escolar. Naquele dia, estavam todos em casa. Todos, menos o pai. Onde está o pai? A trabalhar. Outra vez? Mas hoje é sábado… Sim, mas o pai trabalha por turnos, só vem à noite, muito tarde, quando já todos estiverem a dormir. Ah, pois é…

A mãe tinha as costas curvadas por causa do peso do bebé e ia realizando algumas tarefas com uma mão apenas. Parecia muito cansada. Tinha aquele ar pesado e triste de quem está exausta e preocupada. As duas rugas verticais vincadas no meio da testa mostravam às crianças que ela não estava com capacidade para brincar, nem tolerar traquinices. Os filhos mais velhos estavam a fazer desenhos e a ver televisão. Estava tudo sossegado…

A criança de quatro anos, porém, estava pensativa. Aproximou-se e ficou a observar a mãe, em silêncio, durante alguns momentos, com os seus grandes e lindos olhos castanhos. Depois, uma pergunta aparentemente muito simples quebrou esse silêncio breve entre mãe e filha:

  • Mãe, quem criou o sorriso? Foi Jesus? – perguntou a pequenita.
  • Sim, foi Jesus. – Respondeu a mãe.
  • Então, por que é que nós cá em casa nunca sorrimos?

A esta nova pergunta da menina a mãe não conseguiu responder. Já não se lembrava de como era bom sorrir… Já não ouvia as suas próprias gargalhadas há muito tempo. Pensou: “Ela tem razão… Deixámos de sorrir nesta casa… Quando foi que eu deixei de sorrir? Quando foi que comecei a mostrar aos meus filhos que aqui em casa não há lugar para sorrisos?”

Olhou à sua volta vagamente e disse à menina que fosse para junto dos irmãos. Enquanto a pequenina se afastava, as lágrimas correram pelo rosto da mãe, como um regato que desliza, sem parar, sobre as pedras do seu leito. E a mãe olhou de novo à sua volta. Olhou com mais atenção para o amontoado de cabecinhas pequenas, que eram a sua maior razão de viver, e percebeu que lhes devia um sorriso. Cada uma daquelas crianças era um presente de Deus na sua vida. Todas diferentes e todas tão especiais! Mesmo que as circunstâncias fossem difíceis, mesmo que houvesse muitos problemas para resolver, mesmo que os desafios parecessem maiores do que as suas forças, ainda havia espaço e motivos para a gratidão e para a alegria. E lembrou-se das palavras registadas na Bíblia, em Filipenses 4:4, sublinhadas pela sua própria mão: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.”

“(…) portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força.” (Neemias 8:10)

Sim, Deus criou a alegria! Ele mesmo é a nossa fonte de alegria, o motivo e a força por detrás do nosso sorriso.

Não sei o que aquela mãe vai fazer acerca do seu sorriso, mas espero que volte a sorrir. Sei que todas nós precisamos de momentos de pausa para contar as bênçãos do Senhor sobre a nossa vida e para sorrir de novo. O sorriso semeia a simpatia, a tranquilidade e a alegria. A alegria gera a força que conduz à vitória (em Deus, pela fé). Precisamos disso.

Se for necessário, reaprenda a sorrir!

 

Clarisse Barros
Professora e Escritora

Mulherzinha, Supermulher Ou Simplesmente Você? – Isabelle Ludovico da Silva

1280 853 Aliança Evangélica Portuguesa

O estigma que pesa sobre a mulher não é recente. A supremacia do homem deu-se às custas da desvalorização da mulher. O homem encarregou-se sozinho da construção do mundo e confinou a mulher na esfera privada gerando assim uma dicotomia empobrecedora para ambos. A mulher anulou-se para atender às expectativas do “príncipe encantado” e dedicou-se ao cuidado dos filhos e da casa. Esse trabalho não remunerado resultou numa dependência económica que se transferiu para o plano emocional.

Reproduzindo o modelo da própria mãe, a mulher confunde gradualmente a sua identidade com a sua função materna. Até o seu marido frequentemente passa a chamar-lhe “mãe”. Quando os filhos se tornam independentes (apesar dela, diga-se de passagem), ela tem que enfrentar a sua pior crise: a “síndrome do ninho vazio”. A relação conjugal dissolveu-se e foi substituída pelos papéis parentais que já não têm mais razão de ser. O marido investiu as suas energias no trabalho e enfrentou desafios que o levaram a crescer enquanto ela estagnava num universo restrito, delimitado pelos famosos três “C”: casa, comida e criança. Restam-lhe a solidão, a frustração e o ressentimento pela falta de gratidão do marido e dos filhos. Esta Amélia vive à sombra do marido porque teve medo de se aventurar fora do casulo da casa que serviu de proteção, mas também de prisão. O seu potencial foi tolhido enquanto desenvolvia mecanismos manipulativos para compensar a exigência de submissão, estabelecendo assim com o marido uma relação de mútua desconfiança.

A partir dos anos 60, este modelo foi rejeitado por muitas mulheres que reivindicaram a sua emancipação e partiram em busca de novos desafios. Na ânsia de compensar o tempo perdido, a mulher quis desempenhar todas as funções ao seu alcance. Esta mulher maravilha inaugurou um período no qual a luta pela sua auto-realização se travou no terreno da competição com o homem: universidade, profissionalização…, mas também dupla jornada de trabalho para não deixar de ser mãe e dona de casa e provar a si mesma que é capaz de brilhar em todas as áreas e conciliar todos os papéis… Ou por exigência do parceiro que, numa mensagem dupla, incentivou as suas conquistas profissionais desde que o equilibro familiar não fosse alterado. Ela fez o possível para se encaixar no mundo frio, objetivo e racional construído pelos homens abdicando, para isso, de uma parte fundamental da sua personalidade: a ternura, a subjetividade, a sensibilidade, o instinto, a empatia. Ela conseguiu êxito profissional, mas à custa do fracasso da sua relação amorosa e do desajuste dos filhos, sem falar do stress. Tendo investido muito na sua auto-realização, ela sente-se, pela segunda vez, frustrada e solitária. Ela passou muito radicalmente da passividade e resignação a uma atitude omnipotente.

A mulher alcança agora a sua grande oportunidade de uma verdadeira libertação. Para isso, ela precisa de encarar os conflitos e os antagonismos que convivem dentro dela, dos quais ela tentou fugir através de um ativismo desenfreado e que são frutos da coexistência interna de modelos modernos e tradicionais: a dependência de um poder-saber externo (pai, marido, médico…) apesar da descoberta dos seus próprios recursos; a expectativa incoerente de uma atitude de docilidade e fragilidade na relação afetiva contrastando com a força e determinação necessárias na vida profissional. Está na hora da mulher fazer um balanço que pode dar início a uma nova fase integradora, de resgatar a relação com o parceiro e os filhos, de renunciar à competição em favor da cooperação e do companheirismo. Ao ter a coragem de encarar os seus próprios medos, limitações, raivas, desejos, a mulher poderá também respeitar os do homem. Após ter confundido a sua identidade com a sua função de mãe e, posteriormente, com o seu desempenho profissional, a mulher quer, hoje, ser reconhecida não pelo que ela faz, mas pelo que ela é. Ela não visa somente a igualdade de direitos com o homem, mas a restauração dos valores “femininos”: sensibilidade, empatia, intuição, compaixão. Valores essenciais para construir vínculos significativos, inclusive com Deus.

Isabelle Ludovico da Silva
isabelle@ludovicosilva.com.br

Os Microplásticos – Isabel Cunha Soares

960 720 Aliança Evangélica Portuguesa

Nas últimas décadas e sobretudo nas sociedades ocidentais, tem crescido em nós uma mentalidade do descartável, levando-nos muitas vezes a crer que tudo é substituível e dispensável. Isto reflete-se nas decisões que tomamos, nos relacionamentos que temos, nas escolhas que fazemos, na forma como vivemos, afetando muitas áreas sejam elas sociais, culturais, económicas ou até mesmo espirituais. Ao mesmo tempo, a ciência e a tecnologia, têm evoluído de forma a tornarem as nossas vidas mais fáceis e com maior acessibilidade a produtos, que muitas vezes não sendo absolutamente necessários, se tornam imprescindíveis e que pela sua natureza e caraterísticas se vão tornando habituais no nosso dia-a-dia. Um desses produtos é o plástico.

Essencialmente o plástico é um polímero derivado do petróleo e como o seu nome em grego indica, capaz de ser moldado e de adquirir uma forma após a moldagem. E porque é um material barato, duradouro, resistente, leve e maleável a sua produção tem continuado a aumentar em todo o mundo.  A título de exemplo em 2009 na Europa, cerca de 40% de todo o plástico produzido foram embalagens – muitas delas, embalagens de refeições rápidas (fast food), cujo tempo de vida útil é muito curto, tão curto que não é suficiente para valoriza-las.

Mas o que acontece a todo este plástico quando o deitamos fora? Será que é um problema apenas dos municípios ou também é um problema nosso?

O lixo que fazemos e forma como o deitamos fora faz toda a diferença para o nosso bem-estar, para a saúde pública e para a saúde do meio ambiente.

No final do século 20 uma embarcação, descobriu por acaso, uma quantidade de lixo no oceano pacifico com cerca de 680 km2 de área, equivalente a 6,5 vezes a área metropolitana de Lisboa. Este lixo era na sua maioria composto por embalagens plásticas que levadas pelas correntes oceânicas ficaram retidas neste ponto do pacifico. Apenas em 2010 as Nações Unidas decidiram fazer uma monitorização por todo o mundo para se perceber qual a magnitude do problema.

Como é que o lixo vai parar ao mar?

De todo o lixo produzido, apenas um pouco mais de metade é reciclado, incinerado ou encaminhado para aterros e o que sobra fica livre no ambiente e a maior parte deste acabará eventualmente no mar. O lixo que chega ao mar tem muitas origens; lixo que fica solto nas ruas e por ação da chuva ou do vento é arrastado para o mar, lixo deitado ilicitamente no mar ou nos rios, má gestão na recolha de lixo por parte das entidades responsáveis, perdas e despejos no tratamento de águas residuais e esgotos, despejo de lixo das nossas casas através das sanitas e lavatórios, despejos e perdas de lixo industrial no mar ou nos rios, despejos ou perdas de lixo em atividades económicas ou de lazer junto ao mar ou nos rios, despejo das plataformas de extração de grude no mar entre outras. Uma vez no mar, o lixo ou afunda ou fica à superfície. Ainda pouco se sabe acerca da quantidade de lixo que chega ao mar, que parte fica à superfície e que parte afunda. No entanto estima-se que o que se vê à superfície é apenas 15% de todo o lixo que afunda.

Porque é que este lixo é perigoso?

Já há muito tempo que se ouve falar de animais marinhos que ficam presos em linhas ou pedaços de plástico e acabam por morrer, ou de tartarugas que confundem os sacos plásticos com alforrecas e ao ingeri-los morrem asfixiadas ou ainda de aves que ingerem tampas, ou outros pedaços de plástico ou vidro colorido pensando que é alimento. Para todos estes casos o fim é a morte. Mas recentemente descobrir-se que alguns desses plásticos são de dimensões tão pequenas que podem ser ingeridos por animais marinhos que se encontram na base da cadeira alimentar, podendo mesmo ficar retidos nas suas células sendo transportados através das cadeias alimentares e acabando no nosso prato (só em 2014 o mar forneceu-nos 80 milhões de toneladas de produtos marinhos). A estes plásticos de pequenas dimensões chamamos microplásticos e estes podem ter uma origem primária ou secundária. Os microplásticos primários de tamanho inferior a 5 mm, são usados na indústria na produção de outros plásticos mas também podem se encontrar nas pastas de dentes, cremes esfoliantes ou geles de limpeza. Os secundários com tamanho superior a 5mm, são resultantes da fragmentação dos plásticos que se encontram no mar devido ao sol, força das ondas e água do mar. É ainda desconhecido o total efeito que estas partículas de plásticos podem ter na nossa saúde e na saúde pública em geral o que se sabe é que estes plásticos contêm químicos poluentes orgânicos persistentes (POP) que são por si só extremamente perigosos para a saúde humana e ambiental.

 

O que podemos fazer?

Esta é a pergunta mais importante a ser feita. O problema é complexo e não é de fácil resolução, por isso não existe apenas uma resposta nem apenas uma solução e estas terão sempre que ser partilhadas por todos os setores públicos e privados, comunidades científicas e educativas, e sociedade civil em geral, pois sendo parte do problema temos que ser também parte da solução. Importa primeiramente investigar para se conhecer melhor o problema e as suas consequências, legislar e educar para que saibamos o que fazer e como fazer e por fim agir. Para já, podemos começar por agir, consumindo menos plásticos, lendo bem os rótulos dos produtos para saber escolhe-los, selecionar, reciclar e depositar o nosso lixo nos locais certos, não deitar artigos pequenos nas sanitas – como cotonetes e por fim passando a palavra a outros.

Como mulheres cristãs que somos, temos a dupla responsabilidade de agir, para a glória de Deus, cuidando do mundo que Ele criou e cuidar da nossa família fazendo boas escolhas.  O lixo é resultado do nosso consumo, quando menos e melhor consumirmos menos lixo faremos.

 

Isabel Cunha Soares
Coordenadora do programa de Educação Ambiental da Associação A Rocha
www.arocha.pt
www.educacaoambientalnarocha.blogspot.pt

O que Veem os Seus Olhos? – Bertina Tomé

960 640 Aliança Evangélica Portuguesa

Amigas

Este espaço dedicado a mulheres, completa agora seis meses. Ainda está a dar os primeiros passos, mas já é uma referência para muitas, que aqui encontram conforto, ensino, inspiração. E sentimos imensa gratidão a Deus por isso. Eis alguns dos comentários que temos recebido:

“As publicações na AEP no espaço Mulheres, têm sido para mim uma bênção.”

“Sinto-me muito grata, abençoada pelos bons artigos, sempre elucidativos, no espaço Mulheres, da Aliança Evangélica.”

“PARABÉNS com as maiores bênçãos do Pai, para este novo espaço dedicado a MULHERES! Muito bem concebido, em diversas vertentes excepcionais… Precisávamos mesmo de um cantinho só para nós, mulheres! Ficarei atenta cada 15 dias…”

Mulheres que se têm sentido revigoradas pelo que lêem aqui…

Ver e ler

Na verdade, aquilo que vemos e lemos tem um papel relevante na nossa vida. Pode promover em nós reflexão, despertar-nos, levar-nos a outros patamares de conhecimento e, sobretudo, de proximidade com Deus. Ou não, se não passar de um amontoado de “novidades”, de veracidade quantas vezes duvidosa, e que, embora coloridas como missangas, não são pão. Ou se se tratar do “conselho do ímpios” (Salmo 1:1), nunca por aí nos alimentaremos. Ciente disso, o salmista tomou uma decisão: “Não porei coisa má diante dos meus olhos…” (Salmo 101:3) e, mais à frente, acrescentou “Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo;” (Salmos 101:6)

Pois bem, procurando ser fiéis a Deus, também trazemos este espaço a cada mulher, cristã evangélica ou não, para que venha até aqui e se “assente connosco”. E já somos uma multidão, onde, com certeza, há também muitos homens, e são bem-vindos!

A história de Hagar

Voltando à questão daquilo que vemos e lemos, num programa televisivo muito apreciado em Portugal, dedicado a entrevistas a figuras públicas, havia uma pergunta sempre presente: “O que é que dizem os seus olhos?” Hoje, proponho-lhe uma outra pergunta: “O que é que veem os seus olhos?”

Lembro-me de uma mulher cuja perspectiva sobre a sua vida mudou totalmente quando ela viu! Viu o quê?

Numa zona desértica, caminhava errante com o seu filho. Só se tinham um ao outro. A vida dera umas quantas voltas, talvez estranhas e até distantes dos seus sonhos de menina. E hoje dava por si como mãe sozinha, a procurar construir um novo projecto de vida para ambos. Onde, como, com a ajuda de quem? Ainda não sabia…

As possíveis ruminações sobre o futuro tinham-se desvanecido agora, sob o peso de uma questão imediata, de sobrevivência: acabara-se a água no odre! Não havia como matar a sede e ela não sabia o que fazer, num lugar árido, onde nada parecia existir… Os seus passos sobre o terreno arenoso tornam-se mais lentos e, finalmente, pára. Em desespero, deita o filho sob a sombra de umas árvores e, lá mais adiante, senta-se a chorar. Acredita que o seu filho irá falecer ali. Uma angústia indescritível até que… Ela vê! E o seu ânimo ressurge. Ah, está ali um poço de água!

Curiosamente, ela vê porque “abriu-lhe Deus os olhos”(Génesis 21:19) E ela corre a encher de água o seu odre e ambos se refrescam e veem as forças renovadas. E o relato bíblico deixa-nos espreitar os anos seguintes, revelando-nos que: “Era Deus com o menino, que cresceu; e habitou no deserto, e foi flecheiro.” (Génesis 21:20)

Uma oração

Seja qual for o cenário de vida que cada uma de nós tenha hoje diante de si, a minha oração é para que Deus abra os nossos olhos. Que Ele nos faça ver as fontes de água que tem preparado para nós, para além da areia seca, dos arbustos espinhosos do deserto, do calor… Que cada uma de nós possa correr a refrescar-se Nele, e aí ver-se reabastecida de alento e confiança.

Por onde começar? Abra a sua Bíblia, leia no Salmo 119:18 e descubra aí uma oração que vem ao encontro do nosso tema de hoje. Esse pode ser um ponto de partida para uma boa conversa com Deus.

Um grande abraço para si e até daqui a 15 dias!

Bertina Coias Tomé
Psicóloga, Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e Psicologia Comunitária
Membro da Direcção da Aliança Evangélica Portuguesa

Orações Que Não Se Perdem – Carmina Coias

960 640 Aliança Evangélica Portuguesa

Aquele momento era particularmente precioso. Costumava acontecer à noite. Sentávamo-nos na nossa sala, e ali fazíamos o nosso culto doméstico. O meu marido pegava na sua Bíblia de capas pretas, lia alguns versículos e depois orávamos. Recordo-me bem da forma convicta e detalhada como o meu marido falava com Deus. Ele mencionava o nome de cada filho e de cada neto diante do Senhor, pedindo-lhe a Sua bênção, a Sua protecção.

Entretanto, ele partiu para estar com Deus. Contudo, acredito que cada uma daquelas orações ainda estão válidas diante do Senhor. Na Sua sábia e soberana acção, não existe a tecla Delete/Apagar. Nada do que lhe oferecemos ou levamos em oração se desvanece ou se perde. Nada é apagado. As nossas palavras sinceras permanecem diante Dele, guardadas na Sua memória.

Assim sucedeu com Cornélio. Ele era um homem que orava. Era frequente trazer diante do Senhor as suas petições, os seus anseios. Algumas ainda permaneciam por responder mas ele persistia no seu clamor ao Senhor. Certo dia, foi surpreendido pela visita de um anjo, que lhe disse: “As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus;” (Atos 10:4)

Em memória diante de Deus… Mesmo que ainda não tivessem sido respondidas, não estavam esquecidas diante Daquele que tudo sabe e tudo pode.

Há quanto tempo Isabel e Zacarias haviam orado, pedindo um filho? Não sabemos, mas possivelmente há muito, pois agora já eram idosos. Teriam sido orações da sua juventude, possivelmente. O anjo disse: “Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João. E terás prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento.” (Lucas 1:13-14)

A oração de Zacarias fora ouvida! O facto de ainda não haver resposta não significava que a oração se perdera algures, entre a terra e o céu. Não! As suas palavras haviam chegado à presença do Poderoso Deus. E, anos depois, ali se estavam a cumprir.

Ao falar com Deus, David pensava nas palavras que pronunciava. O que lhes aconteceria? Dispersar-se-iam no ar como partículas minúsculas que o vento espalha, fazendo-as rodopiar até virem, finalmente, a repousar no chão? Não! Ele sentia que as suas palavras subiam diante Dele como o fumo perfumado do incenso aceso. E disse, certa vez: “Suba a minha oração perante a tua face como incenso, e as minhas mãos levantadas sejam como o sacrifício da tarde.” (Salmo 141:2)

David não estava enganado. Muitos anos ,mais tarde, o apóstolo João teve essa revelação e conta-nos o que viu: “tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos.” (Apocalipse 5:8) Ah, as orações, aos milhares, não se haviam perdido. Como material precioso, enchiam salvas de ouro.

Que preocupações temos levado diante de Deus, em oração? Há quanto tempo? Estão diante Dele!

Vamos continuar a orar, sem desfalecer. Palavras sinceras diante de Deus, são preciosas para nós e para Ele. “… a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” (Salmo 51:17)

E, no tempo certo, a resposta virá pois “a oração de um justo pode muito em seus efeitos.” (S. Tiago 5: 16)

Precisamente hoje, dia 25 de Maio de 2018, faríamos 60 anos de casados! Este artigo é também uma homenagem, ao meu marido, Pastor Miguel Coias – uma vida de dedicada ao Senhor e a servir os outros, em humildade e amor.

Carmina Coias
Missionária

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