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Mulheres

Quando Deus nos Dá Uma 2ª Oportunidade! – Ana Isabel Santos Canito

1920 1080 Aliança Evangélica Portuguesa

Ontem foi um dia de muita introspeção. É assim, há 12 anos a esta parte. Sim, fez 12 anos!

Em 2006, eu tinha a minha vida organizada. Sou professora há mais de duas décadas e, na altura, conseguia sempre colocação perto de casa. Tínhamos comprado um apartamento num 3º andar na Marinha Grande, eu tinha uma bebé, a nossa vida tinha estabilizado e parecia que não iria sair dali. Porém, nesse ano, houve mudanças na Lei que rege o Concurso Nacional de Professores e, contrariamente a tudo o que esperava, fui colocada na escola onde estava efetiva, em S. João da Madeira. Na altura, foi devastador! Eu teria que ir e deixar para trás a minha família. Não poderia levar a minha bebé pois não tinha qualquer rede de suporte, então ela ficou com o pai na Marinha Grande. Ia para S. João da Madeira todas as terças feiras bem cedo e regressava às sextas feiras à tarde. Durante meses, aguentei a distância, porém com um preço muito alto. Cada vez mais sentia o impacto da minha ausência na minha filha e em mim própria. O cansaço, o desânimo e a tristeza constante por estar longe de quem mais amava começavam a pesar…

Até que, numa manhã de segunda feira, a 30 de janeiro de 2007, adormeci ao volante na autoestrada, bati no separador central e depois enfaixei-me debaixo de um camião. Fiquei encarcerada e desmaiei. Entretanto, soube que o carro começara a arder. Tentaram socorrer-me e, nesse momento, por coincidência, passou um carro dos bombeiros com meios para apagar o incêndio e desencarcerar-me da viatura.

Parti os tornozelos, esmaguei o perónio da perna esquerda e fiquei impossibilitada de andar. Além disso, fiz um traumatismo craniano… O ano e meio que se seguiu foi de cirurgias, no início, e fisioterapia, 80 sessões. Ao fim desse tempo, ainda coxeava e manifestava stress pós-traumático que me impedia de conduzir. Ao fim de dois anos e meio, nova cirurgia para remover próteses e parafusos… Durante todo esse tempo, o meu marido tinha que me carregar ao colo três andares para poder entrar e sair de casa e cuidar de mim e da minha filha.

Mais uma vez celebrei a segunda oportunidade que Deus me deu. Eu e a minha mãe lembrámo-nos e ela, como sempre, telefonou para dizer “Parabéns pelos 12 anos de segunda oportunidade!” Deus não só esteve comigo naquele acidente, salvando-me a vida e providenciando os meios para que eu fosse resgatada do carro, mas esteve sempre comigo durante os meses que se seguiram, que foram dolorosos e exigentes, não só para mim como também para a minha família.

Celebro a vida e celebro o Deus que está connosco nos bons e nos maus momentos, que continua a brindar-nos com a sua Presença, provisão e favor. Porque Ele cuida de cada uma de nós e não se afasta, quando percorremos o “nosso vale da sombra da morte”. É aí que a sua Presença nos protege e Ele manifesta a sua fidelidade.

E, enquanto celebro, em silêncio, a “segunda vida” que Deus me deu e que decidi agarrar com unhas e dentes, concluo que as mazelas que ficaram para a vida toda nunca serão capazes de me tirar o sorriso… porque gosto tanto de sorrir!!!

Mais uma vez agradeço a todos os que há 12 anos viveram comigo, durante 1 ano e meio, a fase mais negra da minha vida… Em visitas, em abraços, em telefonemas, em orações, em mimos, em esperança… Nunca esquecerei! Obrigada, amigos! Obrigada, meu Deus!

 

 

Ana Isabel Santos Canito
Professora

Vendo Para Além do Olhar – Patrícia Souza

960 526 Aliança Evangélica Portuguesa

Paulo Freire, um dos maiores educadores brasileiros, criou um conto:

Num rio largo, de difícil travessia, havia um barqueiro que atravessava as pessoas de um lado para o outro. Numa das viagens, iam um advogado e uma professora.

Como quem gosta de falar muito, o advogado pergunta ao barqueiro:

– Companheiro, você entende de leis?

– Não! – Respondeu o barqueiro.

E o advogado compadecido:

– É uma pena, você perdeu metade da vida!

A professora, muito social, entra na conversa:

– Senhor barqueiro, você sabe ler e escrever?

– Também não. – Responde o remador.

– Que pena! – Lamenta-se a mestre. – Você perdeu metade da vida.

Nisto surge uma onda bastante forte e vira o barco.

O barqueiro, preocupado, pergunta:

– Vocês sabem nadar?

– Não! – Respondem eles rapidamente.

– Então é uma pena.

E conclui o barqueiro:

– Vocês perderam toda a vida!!!!

“Não há saber mais ou menos: há saberes diferentes.”

Foi nessa certeza, de que não era detentora de nenhum saber superior, que aceitei o desafio de ser responsável pela parte da psicologia clínica da Comunidade Terapêutica do Desafio Jovem, em Alter do Chão. Lembro-me do meu primeiro dia de trabalho, onde encontrei cerca de 20 homens, que naquele momento eram, para mim, homens brancos, negros, altos, magros, enfim eram números, mas que depois de pouco tempo passaram a ser o João, o Pedro, o Miguel o Manuel , e por trás destes nomes, uma historia, por trás da historia, sofrimento, por trás do sofrimento, a possibilidade de se ter esperança, pois na maioria das vezes, quando se aceita o desafio de fazer um programa de recuperação de substancias psicoactivas, até mesmo a esperança já se perdeu. Neste processo de perda e reencontro, torna-se fundamental cercar-se de bons relacionamentos e que esses nos permitam dar e receber, pois acredito que não existe ser humano sábio o suficiente que não tenha nada para aprender, nem tão pouco que não tenha nada para ensinar e, nesta troca de saberes, tenho vivido momentos inesquecíveis e tenho me aperfeiçoado a cada dia, primeiro como pessoa e depois como profissional. Segundo John Maxwell: “Se quero ter um impacto positivo no meu mundo, tenho que aprender a compreender os outros”. É isso que tenho tentado fazer, compreender o outro, naquilo que muitas vezes eles próprios não compreendem.

Quando compreendemos e acreditamos em alguém, damos a essa pessoa a oportunidade de realmente se tornar alguém. Quando se entra no Desafio Jovem, para fazer o programa, vai-se à procura de se tornar alguém, visto que o que se era, não permitiu chegar a lugar algum… Chega um momento que é preciso mudar, mas como é que isso se faz? Em quem eu quero ou me devo tornar? Ou ainda mais importante, como faço para ser alguém, não como um dia fui, mas como um dia sonhei? Neste momento lembro-me de um grande psicólogo, Carl Rogers, que disse: “ Quando me sinto amado, eu desabrocho, cresço e torno-me uma pessoa interessante”. Mas para este processo acontecer, tenho que aprender a ver para além do olhar, ver o que o outro não conseguiu dizer-me por palavras, mas que disse com um gesto e, para termos essa visão, é preciso muito mais do que ser um simples cristão. Faz-me lembrar o profeta Eli, um homem de Deus, que ao ver Ana a chorar no templo, não conseguiu ver a sua dor e a tomou por embriagada. Em contrapartida, a Bíblia nos relata a historia do rei Artaxerxes, um homem ímpio que, ao ser servido por um escravo, Neemias, conseguiu ver a sua alma, transbordada de dor, mesmo sem pronunciar uma única palavra. Este é um dos grandes desafios em ser cristão nos nossos tempos. Para cumprir o mandamento do nosso mestre Jesus, em amarmos uns aos outros, como Cristo nos amou, é preciso aprendermos a ver os outros para além do que estamos olhando.

 

Patrícia Souza

Mestre em Psicologia Clínica

Roteiro De Uma Peregrina – Isabelle Ludovico da Silva

960 642 Aliança Evangélica Portuguesa

Muitas pessoas esperam ansiosamente o ano novo com a expectativa de que suas vidas irão melhorar como num passe de mágica. Mas as mudanças só acontecem quando a gente passa de vítima a protagonista, assume o volante da própria vida, se dispõe a corrigir os erros do passado e perseguir alvos mais construtivos. Como diz a sábia Mafalda:

 

Como peregrinos numa terra desconhecida (já que o futuro é uma incógnita), precisamos de mapa e provisões. O mapa são os princípios, prioridades, valores e objetivos que irão nortear nossa caminhada. Quem não tem o seu mapa acaba se deixando levar pelos outros. As provisões dizem respeito às experiências acumuladas ao longo da vida, e principalmente aos recursos que encontramos em Deus: amor, alegria, paz, sabedoria, esperança.

O início do ano é uma oportunidade ímpar de reservar uma manhã para sair da rotina, avaliar nossa vida, identificar sucessos e fracassos, definir novos rumos, redirecionar nossos recursos visando corrigir metas equivocadas, sair de atalhos e atoleiros, voltar para a via principal. Pessoas que viram a morte de perto ou que tem uma doença terminal fazem este balanço e tentam barganhar com Deus de modo a ter mais uma oportunidade de se livrar de tudo o que é supérfluo para ficar apenas com o essencial. Sábio é aquele que não espera um momento tão trágico, e às vezes irreversível, para selecionar e dar prioridade aquilo que é realmente importante e eterno: o afeto.

Em vez de perpetuar padrões distorcidos, como o ativismo, que deixam você cada vez mais fragmentado, frustrado, alienado ou amargurado, procure proporcionar para você mesmo um tempo de reflexão e sossego. Aquiete a sua alma, tenha a coragem de olhar para dentro de você, deixe a luz entrar, inicie uma faxina e rearrumação interior.

Ano passado, escrevi um roteiro que me permite hoje avaliar o caminho andado. Alguns objetivos continuam, outros são ligeiramente diferentes. Sugiro que façamos três listas: a lista da vida, a lista do ano e a lista da semana. Seguem as minhas! Convido você a fazer as suas! Com a ajuda de Deus, você será bem sucedido nesta empreitada.

Lista da vida:

  • Ser amiga (de Deus, de mim mesma, do outro)
  • Caminhar em direção à humildade, simplicidade, alegria e generosidade
  • Servir de acordo com os meus recursos, talentos e dons.
  • Ser sinal de Reino de Deus, contribuindo para que este mundo seja mais justo e solidário

 

Lista do ano:

Ser mais íntima de Deus

  • Reconhecer meus erros e aprender com eles
  • Livrar-me de coisas inúteis ou supérfluas
  • Relaxar e cultivar o bom humor
  • Integrar sentir, pensar e agir
  • Ter iniciativa e sair da rotina
  • Permanecer a caminho, aprendiz,
  • Continuar crescendo e melhorando

Lista da semana:

  • Dedicar um tempo para ler a Palavra, meditar e orar
  • Desfrutar de cada dia como um presente
  • Ser grata pelas pequenas alegrias do dia a dia
  • Reter os sinais de esperança
  • Comer devagar e apenas o suficiente
  • Caminhar e apreciar a natureza
  • Agir em vez de reclamar
  • Acolher as pessoas que Deus colocar no meu caminho

 

PS: Um conselho: risque as palavras “nunca” e ”sempre”, elas revelam expectativas exageradas e irrealizáveis que só geram frustração. Nada de perfeccionismo, pois acaba se tornando um fardo em vez de ser um estímulo. Basta estar se movendo na direção certa!

 

Isabelle Ludovico da Silva
Psicóloga Clínica com Especialização em Terapia Familiar Sistêmica
isabelle@ludovicosilva.com.br

E O Novo Ano Não Tarda A Chegar – Arlete Castro

647 340 Aliança Evangélica Portuguesa

Hoje de manhã, parado à porta de entrada da minha casa, havia um idoso. Era alguém que eu nunca havia reparado antes. Ou melhor, pensando bem, já havia cruzado com ele vezes sem conta no decorrer dos meus dias, mas nunca o tinha observado. Hoje foi o primeiro dia em que o olhei nos olhos e creiam, fiquei espantada com a ternura do seu olhar. Era um olhar cansado, mas tão alerta, tão intenso…

O seu rosto era marcado por rugas bem vincadas e que descreviam certamente uma história… A sua história. Ele parecia cansado, as roupas que usava estavam gastas pelo tempo, os poucos cabelos que ainda lhe restavam desenhavam caracóis ao redor da sua cabeça e eram de um branco desbotado mas, para quem via, era possível imaginar que tinham moldado uma bela figura.

Ele parecia doente, respirava com dificuldade e não dizia sequer uma palavra, apenas olhava-me nos olhos e esboçava um sorriso. Fiquei assim, a observá-lo durante algum tempo sem saber o que dizer, nem fazer. Passado uns instantes ele sorriu de verdade e numa voz baixa mas firme perguntou:

– Foi um ano espetacular, não foi?

Logo depois, sem dizer mais nada, entregou-me um ramo de flores. Eram botões, potenciais rosas arranjadas num lindo ramo de presente para mim. Depois acenou-me um último adeus e sempre com um sorriso no rosto ele se foi. E, enquanto ele se distanciava eu pude ver que levava consigo uma espécie enorme de saco que o fazia curvar enquanto andava e onde se podia ler: FARDO.

Fiquei ali à porta, a dividir o meu olhar entre o velho que se distanciava e o novo em forma de um ramo embotado e disponível nas minhas mãos.

Sorri.

É, o velho ano está quase a acabar, mas neste dia Deus entrega nas nossas mãos um presente ainda embotado: horas, dias, meses… Tempo e a capacidade de entregá-los a Ele, o único que pode transformá-los em flores…

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mateus 11:28,29)

Que tenhamos todas um Feliz Ano Novo!

 

Arlete Castro
Escritora
Mestre em Intervenção Terapêutica 

Uma Mesa Preparada – Lídia Pereira

960 640 Aliança Evangélica Portuguesa

Quer sejam sóbrias ou requintadas, como são bonitas as mesas que aguardam comemorações especiais! Umas destacam-se pela simplicidade, outras pelo valor das suas peças, mas todas têm o cunho pessoal de quem as preparou. Há pormenores que lhes são comuns: as toalhas que as vestem, floridas ou de linho, sem rugas ou manchas de festejos anteriores, os guardanapos a condizer, os pratos alinhados, a disposição dos talheres e copos brilhantes, de vidro simples ou de cristal, e o perfume que sentimos pela maneira como foram tratadas antes de se estenderem, elegantes e cuidadas, diante dos nossos sentidos.

É-nos comum demorar o olhar nas imagens apresentadas em revistas, atentando para os pormenores, fixando ideias para pormos em prática numa nova refeição em nossa casa. Como é reconfortante a hora da chegada dos convidados e o tempo de convívio que nunca se repete. Cada reunião é única, cada tempo passado irrepetível. A mesma sinfonia, ainda que noutro tom, nos acompanha quando somos nós os convidados.

Particularmente especiais são as mesas do dia-a-dia, em que não importa tanto a ementa quanto a família sentada à sua volta e o tempo de partilha, num local certo a uma hora previamente combinada, tantas vezes alterada pelos compromissos ou imprevistos.  Depois de um dia de trabalho cansativo, em que tantas “batalhas” têm de ser vencidas, tantos objectivos cumpridos e tarefas realizadas, é tão confortável entrar em casa, respirar fundo, relaxar um pouco e ter a mesa já preparada para a refeição.

Impossível não pensar naqueles que, desafortunadamente, não têm mesa. Quantas pessoas sem família, sem amigos, por doença ou distância dos seus queridos, pela fome ou pelas guerras, pela perda dos seus bens ou pelo luto, não têm dias de festa ou de alegria. Como não sentir tristeza, solidariedade e carinho para com todos, em particular para com os que conhecemos e estão perto de nós.

Estes pensamentos transportam-me para “uma mesa preparada” para todos quantos a desejarem, ricos ou pobres, felizes ou tristes, acompanhados ou sós. Essa mesa está sempre disponível para uma refeição servida pelo Amor por excelência. Não sei a cor da toalha que a veste, mas sei que simboliza uma aliança eterna.

Davi, que a mencionou num dos textos mais belos da Bíblia, diz que o lugar ocupado por nós é individual: “preparas-me uma mesa”! E refere também onde se encontra – “na presença dos meus adversários”.

Esse rei guerreiro-poeta-escritor-músico vivia num palácio rodeado de bem-estar, tinha chegado à posição que ocupava “porque era um homem segundo o coração de Deus”, o seu reinado era vitorioso, muito querido pelo povo, e tinha inimigos? Quem e o que são os inimigos do homem? O próprio homem, as invejas, a doença, a dor, a guerra, a solidão, o abandono, o desespero, as afrontas dos amigos, a crueldade, a competição que não olha a meios para atingir os seus fins roubando a verdade, a saudade, o desemprego, a morte e o luto, numa palavra o mal que entrou no mundo para matar, roubar e destruir.

“O Senhor é o meu Pastor; nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto de águas de descanso; preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda.”  …

Quando vivemos dias sombrios, tantas vezes pensamos que os nossos problemas são os maiores e únicos. Saiamos de nós mesmos, olhemos ao nosso redor, aproximemo-nos do nosso “próximo” e constataremos que há dores maiores e batalhas mais difíceis que as nossas.

Jesus disse “no mundo tereis aflições” e acrescentou “tende bom ânimo! Eu venci o mundo!”

Temos por Ele “uma mesa preparada”. Podemos sentar-nos, saborear o Seu cuidado, hospitalidade e Amor. Nela temos o nosso lugar reservado.

 

Lídia Pereira

Gestora de Recursos Humanos e Administrativos
Aposentada

O Compromisso – Graça Fonseca e Silva

960 640 Aliança Evangélica Portuguesa

Estava a iniciar o meu curso de Teologia e Educação Cristã, que seria de três anos. Tinha saído da minha igreja, deixado os meus familiares e os meus amigos mais próximos, para vir frequentar o Instituto Bíblico noutra terra, mas o meu desejo de me preparar para servir melhor o Senhor era grande e superava todo o eventual receio do desconhecido que esta nova etapa trazia consigo.

Nessa altura, iam muitas vezes à igreja a Coimbra, de onde sou, equipas de alunos e professores que participavam nos cultos e semeavam em nós o desejo de servir a Deus e desafiando-nos a vir estudar para o Instituto Bíblico. Eu já servia na igreja local mas queria fazer mais e melhor e sabia que me seria muito útil e curso que me propunham.

Iniciei as aulas com entusiasmo. O leque de disciplinas era interessante e o acolhimento dos professores e dos meus colegas fez-me sentir confortável. Sabia que teria que estimular a minha capacidade de concentração e de memorização e gerir o meu tempo de modo a concluir os trabalhos dentro dos prazos. Havia ainda que conciliar sabiamente três exigências do dia: as aulas de manhã, trabalho à tarde e estudo ao fim do dia e nos fins-de-semana.

Logo no início decidi assumir um compromisso comigo mesma: nunca iria faltar a uma aula, ao longo dos três anos… Seria possível?

Desde então, sempre que surgia alguma situação que pudesse vir a condicionar a minha ida às aulas e outras actividades, eu orava com fervor para que Deus me tocasse e eu não tivesse que faltar. Recordo-me de uma vez que me encontrava doente. A febre deixava-me indisposta, mas a decisão falou mais alto e fui.

E consegui. Completei os três anos sem dar uma única falta. E recebi um prémio por isso. Foi há mais de trinta anos e, tanto quanto sei, nunca mais houve ocasião de a escola atribuir esse mesmo prémio a outro aluno, pois nenhum completou o curso sem qualquer falta.

Sinto-me feliz ao pensar nisso, pela forma como consegui cumprir esse compromisso comigo mesma. Fico a pensar que, ainda hoje, Deus espera decisões da parte de cada um de nós, cristãos. Ele procura gente disponível para responder com determinação e consistência.

Na Bíblia, encontramos estas palavras de Deus: “”Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim a favor desta terra, para que eu não a destruísse, mas a ninguém achei.” (Ezequiel 22:30)

Hoje, Ele continua a esperar de mim, a cada dia, uma vida de compromisso. Claro está que agora não tem a ver com o ir ou faltar às aulas mas refere-se a aspectos mais importantes da minha maneira de viver. Quero ser uma das pessoas que Deus encontre disponível para “estar na brecha”. Que Ele possa contar comigo e consigo, sempre que precisar de nós.

 

Graça Fonseca e Silva

Colaboradora do Desafio Jovem, Reformada 

Com Deus, na Escola – Raquel Henry

960 640 Aliança Evangélica Portuguesa

Foram 22 anos de escola, de sala de aula, de caras novas, de dezenas de nomes para decorar. Foram anos a ensinar, a acompanhar, a aconselhar, mas também a participar de vidas, de famílias e de escolhas. Por vezes, escolhas difíceis em contextos conturbados, outras, lógicas e de fácil aceitação. Foram assim os meus anos como professora, profissão que escolhi desde cedo e a qual nunca tive dúvidas em abraçar. Desde o primeiro momento, senti a mão de Deus a guiar cada passo, a orientar cada minuto e cada hora. Mas nem sempre foi fácil. Acho que quase sempre a balança pesou com dificuldades, angústia e preocupações. Mas houve tantos momentos bons, maravilhosos até! Tantos sorrisos e lágrimas de emoção, tantos sucessos observados e tantos dias a chegar a casa com a sensação de dever cumprido.

Este ano são outras escolas e outros contextos, mas não dentro de uma sala de aula.

De computador ligado, caderno de apontamentos e telemóvel, tento gerir, como parte da equipa da Comacep – Comissão para a ação educativa evangélica nas escolas públicas –  toda uma dinâmica que envolve fazer contactos, registar inscrições de alunos, criar turmas e encontrar professores para lecionar Educação Moral e Religiosa Evangélica nas escolas públicas. Toda a engrenagem está bem montada e, em equipa, trabalhamos com espírito de missão – a missão de propagar o evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo nas salas de aula.

Numa Europa que está cada vez mais a fechar as portas a Deus, onde já nem se pode com total aceitação e liberdade falar em Jesus, Natal ou Páscoa, há ainda um cantinho, à beira mar plantado, que investe na educação cristã e que até mobiliza professores para coordenar equipas que vão à escola espalhar A Semente nas vidas de crianças e jovens. Que privilégio e que milagre!

Acredito profundamente que este ano pode ser um ano de viragem para Portugal. Um ano de oportunidades para evangelizar, um ano de crescimento, um ano de reavivamento de corações. Acredito também que a Comacep terá, cada vez mais, um papel de extrema importância neste ministério.

A minha vida continua a ser na escola, mas agora, a Missão é ainda mais nobre. Que Deus me possa usar e orientar para Sua Honra e Glória.

 

 

Raquel Henry

Professora de Educação Musical
Destacada na COMACEP em 2018/2019

“Confortai as mãos fracas e fortalecei os joelhos trementes” – Entrevista à Dra. Maria Helena Martins

1280 720 Aliança Evangélica Portuguesa

AEP – Como surgiu o interesse pela Medicina na sua vida e a decisão de servir a população idosa?

HM – Deus vai escrevendo a nossa vida desde que nascemos. Nada do que nos acontece Lhe está oculto. Ao olhar para trás, para o meu percurso de vida, vejo cada página escrita com o Seu propósito. Fui tendo encontros com o sofrimento, que não foram por mim compreendidos na época. Geraram angústia, mas também grande crescimento.

O meu 1º grande encontro com o sofrimento por doença, ocorreu quando eu tinha 5 anos e o meu pai teve um grave problema cardíaco. A sua grave insuficiência cardíaca originou a sua morte prematura aos 59 anos quando eu tinha 16 anos. Durante 11 anos vivi o sobressalto constante de o perder, pois as crises e os internamentos sucediam-se. O seu sofrimento era intenso.

Este 1º encontro lançou uma semente – o desejo de minorar o sofrimento alheio.Fiz  o Curso de Medicina.

O 2º grande encontro com o sofrimento aconteceu há 21 anos, com uma doença oncológica disseminada, com grave prognóstico, da minha mãe.

Fiquei a conhecer e vivi muitas das dificuldades porque passam aqueles que acompanham e cuidam de doentes em sofrimento e fase avançada de doença incurável. Nessa época ainda não havia Cuidados Paliativos em Portugal e era muito dificil gerir e controlar estas situações.

Foram dois anos de luta que me levaram à exaustão. No entanto, outra semente foi lançada – como ajudar e acompanhar este tipo de doentes?

Até essa altura trabalhava como Médica de Família num Centro de Saúde e confesso que a minha área preferida era a Saúde Materno-Infantil.

Mas outra semente tinha sido lançada. Abracei a Geriatria e aproximei-me dos Cuidados Paliativos, ainda embrionários.

Os últimos 18 anos da minha vida têm sido dedicados a estas áreas, na procura constante de resoluções para minorar o sofrimento e acompanhar o meu doente na sua trajetória final de vida, dando dignidade a essa mesma trajetória. Isto exige da minha parte contínua formação e trabalho de equipa.

Tenho sentido o enorme entusiasmo das minhas equipas de trabalho, o empenho, o zelo, o cuidado que têm demonstrado para melhoria constante da abordagem em fim de vida.

Tenho trabalhado em diferentes locais, com diferentes equipas, desde Apoio Domiciliário a Residências Geriátricas.

O 3º grande encontro com o sofrimento ocorreu há 10 anos, com o meu irmão mais velho. Em aparente estado de saúde, foi-lhe diagnosticada uma doença oncológica grave, terminal , com a qual convivemos 8 intensos meses. Também morreu prematuramente aos 58 anos.

A mão invisível do Senhor continuava a escrever as páginas da minha vida.

Pouco antes do seu diagnóstico, eu tinha iniciado uma Pós-graduação em Cuidados Paliativos. E com a ajuda preciosa dos meus colegas pioneiros dos mesmos, o trajeto do meu irmão foi vivido de forma totalmente diferente, com os seus desejos cumpridos, os seus sintomas controlados, com muito maior serenidade.

A minha preparação foi-se fazendo gradualmente por sementes que foram lançadas num terreno que estava a ser preparado. E a preparação desse terreno envolveu dor e sofrimento. Mais tarde, ao ver os frutos, compreendi o trajeto vivido.

AEP – Quais são as maiores necessidades dos idosos em Portugal, hoje, na sua perspectiva?

HM – Vivemos numa sociedade doente, com injustiças materiais e morais. Talvez uma das mais graves de todas seja a que os idosos sentem – a comunidade não os considera membros iguais aos demais.

Como cristãos somos chamados a agir em favor dos injustiçados, aceitando, estimando e integrando os nossos idosos.

Claro que cada idoso tem todo um percurso de vida que o marcou de diversas maneiras e a Bíblia nos adverte para a possibilidade de sermos rejeitados por Deus na velhice ( Salmo 71:9).

Perante a sociedade impessoal onde estamos mergulhados em Portugal e um pouco por todo o mundo, penso que as maiores necessidades dos idosos terão a ver com a falta de afeto e calor humano, falta de integração na sociedade, falta de quem os oiça e de quem os ajude a quebrar o ciclo da solidão.

Claro que existirão também necessidades materiais, a nível de cuidados de saúde, de alimentação ,etc.

A nossa missão para com os nossos concidadãos idosos, é ajudar a construir uma sociedade mais benevolente e integradora de todas as faixas etárias. É fazer despertar recursos e talentos pessoais enterrados há muito, estimular a criatividade, o entusiasmo por alguma tarefa, criar laços sociais que arranquem o idoso da solidão.

AEP– Vive o seu trabalho como uma forma de servir a Deus? Pode referir um versículo que tenha norteado o seu percurso de vida profissional?

HM – Há cerca de 18 anos, quando me comecei a dedicar à área da Geriatria, um versículo passou a acompanhar-me e lembrar-me continuamente da missão – “Confortai as mãos fracas e fortalecei os joelhos trementes” Isaías 35:3.

Numa área da Medicina que facilmente pode originar 2 sentimentos avassaladores, impotência e frustação, este versículo anima-me a batalhar dia após dia na procura do conforto e simultâneamente no fortalecimento do que ainda é possivel fortalecer nos meus doentes.

Falo em impotência, ao referir-me à morte inevitável, e que acompanha o dia a dia da Geriatria.

Falo em frustração, porque trato pessoas com doenças crónicas, múltiplas doenças na mesma pessoa, muitos sintomas que já não é possivel eliminar por completo, e raramente assisto a cura, o que acontece na Medicina exercida nas faixas etárias mais novas.

É uma Medicina de gestão de doenças crónicas.

Penso no meu trabalho como serviço ao próximo, ao encarar de frente o sofrimento alheio, não ficando indiferente, na busca constante de alívio do mesmo e de soluções para os problemas diários que vão aparecendo.

Isto exige disponibilizar tempo, gerir emoções, perseverar, aprender continuamente e estar na total dependência de Deus.

 

Dra. Maria Helena Martins

Onde estavam eles? – Bertina Coias Tomé

900 720 Aliança Evangélica Portuguesa

Numa casa possivelmente ampla mas desprovida de recursos, um homem vive uma condição extremamente difícil. As feridas cobrem-lhe todo o corpo, numa dor e num prurido que ele procura aliviar, raspando-as com um pedaço de telha.

Em adversidades sucessivas, perdeu todos os seus haveres e os seus filhos.
Vive numa solidão pesada, que torna os dias ainda mais sombrios. E desabafa: “Os meus parentes me deixaram, e os meus conhecidos se esqueceram de mim.” (Jó 19:14)

Num certo dia, em que ele ora pelos seus amigos, este cenário de vida altera-se completa e definitivamente. Diz a Bíblia que “o Senhor virou o cativeiro de Jó.” (Jó 42:10) E, de repente, há uma grande multidão que se dirige à sua casa. Como um exército determinado em ajudá-lo, todos os seus irmãos e irmãs e todos os seus conhecidos – muitas centenas, certamente, pois ele era “o maior de todos do oriente” (Jó 1:3) – vão ter com ele. E ali:

-“Comeram com ele pão em sua casa” – Não foi uma “visita de médico”, como se costuma dizer, mas um estar sem pressa, numa refeição partilhada.
-“…e se condoeram dele…” – Numa atitude empática, “calçam os seus sapatos”, sentem a sua dor e são movidos em compaixão.
-“…e o consolaram…” – Ofereceram-lhe palavras de conforto, talvez abraços, sorrisos, olhares acolhedores.
-“…e cada um deles lhe deu uma peça de dinheiro, e um pendente de ouro…” – De uma forma prática e generosa, proporcionam-lhe recursos para reconstruir a sua actividade agrícola e pecuária que antes o tornara um homem extremamente rico.

Onde estavam antes todas estas pessoas? Porque não se lembraram dele, quando definhava em solidão? O que é que as ocupava ou distraía ao ponto de não terem corrido a sua casa logo que adoeceu? Ou estariam também elas a precisar de ajuda?

Estas são perguntas a que não sabemos responder. Contudo, desta história bíblica podemos retirar três importantes lições para a vida:

-Deus, o Todo-Poderoso, sabe como acabar com o “cativeiro” de qualquer um dos seus filhos, ou seja, ordenar o fim de um tempo deveras difícil.
-Por mais sós que nos sintamos, Deus sabe como levantar um exército em nosso favor – gente disponível para chegar perto, sentir a dor, confortar e partilhar recursos.
-A qualquer momento, Deus pode trazer à nossa mente o nome de alguém em necessidade e recrutar-nos para sermos nós parte do exército de apoio em seu favor. E aí, vamos munir-nos de todo o amor que Ele tem derramado em nós e movermo-nos, numa ajuda prática e realmente confortante a quem precisa.

E a história de Jó prossegue de uma forma surpreendente: “E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais do que o primeiro.” (Jó 42:12)

Seja qual for o momento que estejamos a viver hoje, vamos contar com o suporte de Deus na nossa vida, capaz de levantar gente que nos ajude e vamos ficar também disponíveis para sermos nós usados por Ele em favor de outros. E assim o Seu Amor é partilhado entre nós!

 

Bertina Coias Tomé
Psicóloga, Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e Psicologia Comunitária
Membro da Direcção da Aliança Evangélica Portuguesa

Crime E Castigo – Adelaide de Sousa

960 640 Aliança Evangélica Portuguesa

“Pois eu sei os planos que tenho para vós. São planos de prosperidade e não de desgraça, planos que se concretizarão num futuro de esperança.” (Jeremias 29:11)

 

Estas palavras encorajadoras foram proferidas por Jeremias, um jovem profeta de Deus que viveu num tempo muito conturbado da história de Israel. Aos reis, não faltavam outros profetas que se prestavam a dar sempre “boas notícias”, numa espécie de versão arcaica do positivismo a todo o custo que tem perpassado as filosofias vãs próprias da nossa Nova Era. Especialmente no campo da oncologia, a ênfase está quase sempre no “pensamento positivo” como talismã para espantar o medo de quem recebe a notícia do cancro. Agora ou há 2500 anos atrás, somos muito mais bem recebidos se trouxermos palavras que agradem do que chamadas ao arrependimento e à transformação. Jeremias e outros sofreram na pele as consequências de trazerem a verdade, pois a mensagem que tinha para o povo alertava-o para a necessidade de mudança.

 

Tanto a Bíblia como a Psico-Oncologia parecem dizer que para chegar ao que é bom, precisamos de passar pelo que é mau. Chama-se Crescimento Pós-Traumático, esta teoria de que para haver uma nova perspectiva da vida, uma nova apreciação do seu milagre, temos de passar pelo sofrimento. Este fenómeno, já que as condições em que este crescimento acontece não são tão lineares assim, é mais comum no caso das mulheres que passam pelo cancro de mama. No entanto, a teoria do crescimento pós-traumático não sugere que haja uma ausência de sofrimento à medida que nos tornamos mais sábios, mas sim que o crescimento apreciável ocorre dentro do contexto de dor e perda. De facto, pode ser necessário algum sofrimento para o crescimento ocorrer, embora demasiado sofrimento possa prejudicar os enlutados e torná-los incapazes de se envolver no processo de crescimento. Isto lembra-me quem Jesus é: aquele que não esmaga a cana quebrada nem apaga o pavio fumegante…

 

A ideia de que para se chegar ao ouro temos de passar pelo fogo perpassa todo o texto bíblico, desde Génesis até Apocalipse. E o livro de Jeremias não é excepção. A promessa dos versículos que transcrevo é boa, traz esperança, mas sabendo nós que Jeremias também avisou o povo de que iriam passar por grande sofrimento à mão dos seus invasores antes de poderem chegar de novo à paz, e que depois disso mais tribulações viriam, dá-nos uma ideia de que procurarmos as profecias que nos agradam e rejeitarmos as que podem ser mais duras não é o caminho da verdadeira transformação. Para confundir tudo, temos visto como alguns ensinamentos de prosperidade, saúde e longa vida nesta Terra como garantias para o cristão sincero são prejudiciais para o crescimento desse mesmo cristão – é uma espécie de fast-food para o espírito! Já no tempo de Jesus – e antes ainda, no livro de Jó, talvez o mais antigo da Bíblia – havia quem visse as tribulações e desgraças como sinal claro do desprazer de Deus, do pecado na vida dos que sofrem. Eis o que disse o Apóstolo Paulo a propósito de tais perplexidades:

 

“As provações por que têm passado são normais na vida humana. Pois Deus é fiel e não deixará que sejam provados acima das vossas forças. Se ele vos envia uma provação também fará com que encontrem a maneira de a poder suportar. Por isso, meus amigos, fujam dos falsos deuses.” (1 Coríntios 10:13-14)

 

Este aviso de Paulo merece uma aturada reflexão: quem são os falsos deuses na nossa vida, que tentam silenciar a verdade da Escritura para a substituir pelo que os torne adorados por si? Quem lhe diz só o que o faz sentir bem, o que eleva a sua auto-estima? Onde se refugia quando o seu barco parece afundar? E se naufragar, vai crer que é castigo de Deus? Consequência do seu pecado? A teologia da retribuição – mais conhecida por “cá se fazem, cá se pagam” – não é Cristianismo, pois o nosso Deus não nos dá tudo o que merecemos. Dá-nos o que Jesus merece, porque Ele já recebeu o nosso castigo. Assim, não há teoria do karma que aguente esta Boa Notícia: a Graça de Deus é de graça mesmo! Não posso fazer nada para merecer ser perdoada, e mesmo que o meu caminho nesta Terra seja de pecado, nem tudo o que me acontece neste lado da eternidade é punição por esse mesmo pecado. Muitas das consequências virão depois…

 

Acredito que pensar que quando alguém faz o mal vai sempre ter a sua paga aqui nesta vida seja confortador, mas pense comigo: se esta fosse a lei vigente, que pena teria eu pelo mal que já fiz? Que pena teria você? Dou graças a Deus por Jesus!

 

O que quero dizer-lhe hoje é isto, especialmente a si que está a passar por grande deserto na sua vida, uma grande provação, e que talvez esteja a ver a morte de frente pela primeira vez: não tem de ser castigo, mas pode ser oportunidade para conhecer a Deus como nunca antes.

 

Quando recebemos um diagnóstico assustador como o do cancro, recebemos algo mais ainda: ao contemplar a finitude da vida podemos dar graças a Deus por ela. Esta mensagem foi perfeitamente percebida por uma das 11 mulheres do nosso livro Mulheres Guerreiras, a Filomena: “No dia-a-dia somos imparáveis. E quando isto acontece, percebemos que de um momento para o outro não estamos cá. Quando era mais nova tinha medo de morrer, agora encaro isto como uma oportunidade para dar o melhor de mim aos outros (…) E mesmo que só viva mais um mês ou dois, o meu espírito está tranquilo.”

 

Isto é sabedoria, refinada pelo fogo da tribulação…

 

“Por isso nunca ficamos desanimados. Mesmo que o nosso corpo vá se gastando, o nosso espírito vai se renovando dia a dia. E essa pequena e passageira aflição que sofremos vai nos trazer uma glória enorme e eterna, muito maior do que o sofrimento. Porque nós não prestamos atenção nas coisas que se veem, mas nas que não se veem. Pois o que pode ser visto dura apenas um pouco, mas o que não pode ser visto dura para sempre.” )2 Coríntios 4:16-18)

 

Crê nisto?

 

Adelaide de Sousa
Apresentadora de Televisão
Coordenadora do projecto Guerreiras Portugal

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