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Geral

Participação política cristã. Uma reflexão.

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“O que vos vem à mente quando dizemos a palavra «política» ou «políticos»?” “Falsos!”, disse logo um dos meus colegas. Foi assim que começou o nosso curso intensivo sobre “Participação Política Cristã num Mundo Dividido.”[1]

Eu cresci num contexto evangélico mais conservador onde não se falava muito sobre a relação entre a política e a fé cristã. Mais tarde, conheci vários cristãos que consideravam o mundo da política demasiado nebuloso, difícil, perigoso—achando que era melhor mantê-lo à distância. Afinal, Jesus não fez campanha nem apresentou programas políticos. Quando Pedro, um dos discípulos mais próximos, levantou armas e propôs revolução, — mesmo numa situação de perigo evidente—, Jesus recusa-se a tomar essa via. Além disso, temos exemplos de líderes políticos que usaram a religião ou a sua fé como instrumento de manipulação. Gott mit uns — “Deus está connosco” —, era a frase inscrita na fivela dos soldados nazis, e a história está repleta de exemplos que mostram que misturar religião e poder, normalmente, dá para o torto. Será que um cristão não se deve meter na política?

O envolvimento político toca a todos e faz parte da missão cristã. A nossa participação política, seja profissional, seja como cidadãos, pode demonstrar o coração de Deus para o mundo em que vivemos. Esta foi uma das conclusões do nosso curso. Partilho, de seguida, algumas ideias que nos ajudam a pensar no que significa a participação política cristã no mundo polarizado e divido em que vivemos. 

Não há forma de escapar

O mundo da política não está confinado aos bancos do parlamento. Para além da máquina política per se, ou seja, os governantes eleitos e os políticos de carreira, temos de incluir vários outros atores no processo político: os media, as redes sociais, os meios de comunicação mais artísticos (cinema, artistas); as multinacionais e as pequenas e médias empresas; a banca e o setor financeiro; as associações cívicas, as organizações não governamentais, as associações de voluntários, os ativistas; a multidão de funcionários públicos que mantém as nossas instituições em funcionamento; os consumidores, que por cada item que adquirem estão a concretizar uma decisão ética; cada cidadão. Nenhum de nós escapa desta lista, pois a política, proveniente do grego antigo polis significa “os assuntos da cidade”, ou de uma comunidade organizada. A política, assim, faz parte de sermos humanos pois faz parte das atividades humanas onde todos estamos de alguma forma inseridos.

A mensagem de Jesus afinal também era política

As primeiras palavras de Jesus no evangelho de Marcos são, “É chegada a hora, o reino de Deus está próximo.” Um reino é uma configuração política e tem implicações. 

Em Lucas, a primeira pregação de Jesus é baseada em Isaías 61, que fala em levar a boa nova aos pobres e em libertar prisioneiros e oprimidos. O simples facto de Jesus comer com os marginalizados da sociedade, com aqueles que os religiosos da altura rejeitavam, estava a criar desconforto sociopolítico para a sociedade da altura.[2] E a jornada de Jesus na terra é feita durante um período de opressão política. Entre os seus discípulos sabemos que Simão simpatizava com o partido dos nacionalistas, e Mateus, como ex-cobrador de impostos, seria visto como colaborador do regime opressor.[3] Não é difícil imaginar que o assunto da política também não viria à baila quando juntos à volta de uma refeição.

Heróis da fé na política

Alguns dos nossos heróis da fé, dentro e fora do período bíblico, tiveram papéis muito políticos. José do Egito foi primeiro-ministro. Mardoqueu aconselha o rei da Assíria, enquanto Ester arrisca a sua vida e intervém perante este rei poderoso a favor de outros. Daniel e os seus companheiros, apesar de colonizados, trabalham como conselheiros para os reis da Babilónia. José de Arimateia fazia parte do tribunal judaico e é ele quem tem a capacidade de ir a Pilatos pedir o corpo de Jesus para poder enterrá-lo (os discípulos de Jesus dificilmente teriam conseguido). 

E a história continua. Algumas das liberdades cívicas de que hoje gozamos chegaram-nos à custa de campanhas política de colegas heróis da fé. 

 William Wilberforce (1759-1833) dedica a vida num esforço para abolir a escravatura a partir dos bancos do parlamento britânico. Josephine Butler (1828-1906) foi das primeiras a fazer campanha pelo sufrágio feminino, para além de lutar pela abolição da prostituição infantil e o fim do tráfico humano. O diplomata Aristides de Sousa Mendes (1885-1954) desafiou as ordens de Salazar e concedeu milhares de vistos a refugiados de várias nacionalidades que desejavam fugir do regime nazi em 1940. Martin Luther King Jr. (1929-1964) foi assassinado na sua luta pela igualdade de direitos civis nos Estados Unidos. 

Estas pessoas ora serviram a Deus simplesmente a partir da sua posição, ora partiram para a ação, porque havia alguma coisa que achavam de tal modo injusto no seu contexto sociocultural que o seu incómodo virou paixão e trilhou caminho de missão. 

Mas a política não tem um lado negro?

Estejam no governo, estejam em posições de liderança na sociedade ou na igreja, uma das funções de ser líder é descrever a realidade aos seus seguidores. Descrever a realidade aos outros é exercer poder. Mas alguns líderes partilham apenas das suas opiniões; outros estarão mesmo a inventar ou distorcer a realidade. 

 Por isso, começámos a nossa reflexão relativamente à participação política pelas raízes, buscando em Génesis 1 e 2 a imagem bíblica da realidade. Quem é Deus e quem somos nós? Somos seres criados à imagem e semelhança de Deus, e vivemos num mundo e em sociedades criadas por ele. Das primeiras coisas que salta à vista no retrato do princípio do mundo é o facto de Deus ser poderoso. Deus teve a capacidade de criar tudo… Tudo. E a partir de nada. A nossa cabeça não consegue realmente compreender isto. Mas daqui podemos pensar como é que Deus, este ser mais poderoso à face da terra, lida com o poder. E se há algo que modera o poder de Deus é o seu caráter. “E disse Deus: Haja luz. E houve luz.” Aquilo que Deus disse realmente aconteceu, o que indica que podemos confiar na sua palavra. E vemos que Deus rapidamente inclui o ser humano na sua relação de amor e convivência, e no ato criativo. Há passeios ao final da tarde e Adão tem a liberdade para dar nome aos animais. 

Pensar na política em termos de relações de poder pode ser útil, porque acaba por incluir-nos a todos. Sem dúvida que quem tem cargos políticos, ou exerce funções de liderança, terá um maior raio de ação. A decisão—boa ou má—, terá repercussões que chegam mais longe do que uma relação de poder entre pai e filho. Mas todos exercemos poder de alguma forma.

Hoje vivemos num mundo complexo e difícil e temos de regressar frequentemente à imagem do jardim do Éden, para lembrar que fomos chamados a cogovernar um mundo que Deus nos entregou. E buscar na nossa relação com Deus a contínua transformação de caráter que pode moderar o nosso exercício de poder, seja nos nossos relacionamentos, em casa, na igreja, na sociedade, com a criação, ou no nosso interior.  

Mas o que podemos fazer na prática?

Podem inscrever-se neste curso para o ano que vem! Entretanto, partilho alguns pensamentos soltos com que fiquei para ir matutando:

Em Jesus, vejo como há uma preocupação para com o contexto sociocultural que leva a ações específicas. Jesus fazia teologia pela forma como comia, e pela escolha de companheiros de mesa. A nossa rotina diária (desde os produtos que decido comprar, à gestão de tempo entre trabalho e convívio) também pode estar a (ou devia?) refletir o coração de Jesus. 

Em Jesus, vejo posições radicais sem o desejo de ser revolucionário. A luta pela justiça social é pela violência do amor. O reino de Deus tem uma dimensão espiritual, e concretiza um “já, mas ainda não” impossível de perceber sozinha. Preciso de seguir Jesus rodeada de outros discípulos para discernir caminho para os nossos tempos.

Não nos iludamos; nenhum partido político, seja ele qual for, pode dar resposta a todas as questões. Há cristãos em vários pontos do espetro político, e isto pode ser positivo, pois nenhum partido político à face da terra corresponde completamente ao cristianismo. 

Devemos nos manter minimamente informados, mas não fiquemos assoberbados pela multidão e urgência das notícias. Estas também podem exercer muito poder sobre a nossa imaginação, e à mistura temos notícias enviesadas e falsas (fake news). Uma das nossas instrutoras partilhou como já não consulta as notícias todos os dias; percebeu que tinha ficado viciada na altura em que começou a guerra na Ucrânia. Agora, consulta algumas vezes por semana, e é neste ritmo mais calmo que consegue fazer mais reflexão e não sentir tanta ansiedade.

Se reclamamos da situação política, devemos ao menos participar dos momentos de voto. Bem podemos votar em branco como símbolo de protesto, mas todos somos cidadãos. Se não votamos, perdemos o direito de reclamação. 

Quer gostemos quer não, devemos orar pelos nossos líderes.

Vivemos em tempos de tanta divisão e polarização. Os cristãos deviam ser o povo da “boa nova”, aqueles que apontam para a esperança em todos os tempos. No entanto, muitas vezes nós também alimentamos o ódio e a violência pela nossa intransigência, pela nossa falta de paciência em escutar o outro, ou pelo nosso medo de perder a razão. Há uma grande diferença entre responder e reagir. Nunca é boa ideia responder a quente, especialmente nas redes sociais. Antes de responder e defender a minha posição, posso fazer uma pausa para refletir. Talvez seja boa ideia perguntar ao outro o que ele queria dizer; procurar clarificar ideias, iniciar uma conversa. 

Todos participamos da polis — dos assuntos da nossa comunidade. Nas nossas interações (pessoais e virtuais), como transformar a nossa participação política numa atividade que constrói pontes e procura o bem comum?


[1] Título original: “Christian Political Participation in a Divided World”. Curso intensivo de uma semana, parte integrante da escola de verão “Bible & Culture”, uma parceria entre IFES Graduate Impact, Regent College e a Aliança Evangélica Europeia, 24-28 Junho 2024, Berlin, lecionado por: Julia Doxat-Purser e Christel Lamère Ngnambi. https://www.graduateimpact.org/bc-political-participation

[2] O teólogo Robert Karris chega a defender que no Evangelho de Lucas, Jesus foi crucificado pela forma como comia (ver A leitura infinita de J. T. Mendonça).

[3] Sobre Simão, ver Evangelho de Lucas 6.15; sobre Mateus, ver Evangelho de Mateus 9.9-13.

Emily Lange

Dia de Oração pela Igreja Perseguida

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Este ano, ao observarmos o Dia Internacional de Oração pela Igreja Perseguida 2024 (IDOP), cujo tema este ano é “Fé Corajosa”, inspirado em Deuteronómio 31:6 “Sejam fortes e corajosos; não se assustem, nem tenham medo deles, pois é o SENHOR, nosso Deus, quem irá com vocês. Ele não os deixará, nem abandonará.”

Exorta-nos e chama-nos a lembrar da força e resiliência daqueles que, apesar de enfrentarem intensa oposição, mantêm-se firmes em sua fé em Deus e em Jesus Cristo.

Estima-se que 360 milhões de cristãos em todo o mundo vivam sob perseguição significativa, com ameaças diárias às suas vidas.

A perseguição está se intensificando ao redor do mundo. Do Oriente à Ásia, da África à América Latina, e até mesmo em algumas regiões do Ocidente, os cristãos estão cada vez mais sendo alvos por sua fé. Eles são marginalizados, oprimidos e silenciados. No entanto, diante dessa adversidade, a fé de muitos permaneceinabalável. Sua coragem é um testemunho do poder de Deus em ação em meio ao sofrimento.

Sejamos inspirados pela fé corajosa e fervorosa de nossos irmãos e irmãs perseguidos. 

Vamos nos comprometer a orar fervorosamente por eles, pedindo a Deus que os fortaleça e sustente em suas provações e sofrimentos. 

Unindo-nos em oração!

“Se um membro sofre, todos sofremos com ele; se um membro é honrado, todos se alegram com ele.” 1 Coríntios 12:26

Encontre o guia de oração e vários recursos aqui: https://idop.org/web/resources/

Alerta Tráfico de Seres Humanos

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Assinalou-se a 18 de Outubro Dia Europeu contra o Tráfico de Seres Humanos.

Este dia foi criado em 2007 pela União Europeia para consciencializar os decisores políticos e a sociedade civil para a implementação de políticas de luta contra este problema global.

Em Portugal, saudamos as medidas que já foram anunciadas hoje, para priorizar respostas às vítimas de tráfico humano, uma vez que esta realidade tem vindo a crescer no nosso país.O Tráfico de Seres Humanos pode assumir várias formas, desde exploração sexual, trabalho forçado, atividades criminosas forçadas, mendicidade forçada, escravatura ou venda de órgãos.

A comunidade evangélica internacional tem estado permanentemente envolvida na prevenção e resgate de vítimas de tráfico através da World Freedom Network e European Freedom Network (https://www.europeanfreedomnetwork.org/), que reúnem e equipam dezenas de ONGs cristãs evangélicas que trabalham nesta área. Reconhecemos e somos gratos pelo trabalho de cada uma delas.

Para assinalar este dia, a Aliança Evangélica Portuguesa, através da sua assessoria de Direitos Humanos, está a preparar um webinar a decorrer no dia 13 de Novembro, às 20h“Tráfico
de Seres Humanos: o que fazer? Uma perspetiva cristã evangélica.”
Contamos com a presença de todos. Mais informações em breve.

Elsa Correia Pereira
Assessoria dos Direitos Humanos da AEP

Dia Global do Evangelismo 2024

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Dia Global de Evangelismo Mas o que é?
•⁠ ⁠É um evento organizado pela Dare 2 Share junto com outras organizações.
Ele oferece TREINAMENTOS *EM VÍDEO para grupos de jovens e adolescente, os capacitando a INICIAREM CONVERSAS
EVANGELÍSTICAS com seus amigos e em suas comunidades.

Link para inscrição da sua igreja:

Conferências 2024 APCB

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É já no dia 31 de outubro que damos início às conferências da APCB, e queremos convidá-lo(a) a participar nestes momentos de edificação e aprendizagem.

A 2ª Conferência de Mulheres APCB terá lugar no dia 31 de outubro, na Igreja Batista da Ramada, pelas 18:00, com a palestrante irmã Renata Gandolfo, que abordará o tema “Mestras do Bem”.

A 7ª Conferência da APCB irá decorrer nos dias 1 e 2 de novembro, no Centro de Formação Cristã da Ramada, com receção a partir das 08:30 em ambos os dias, e com os palestrantes Pr. Mário Pina, Pr. Walace Juliare e Pr. David Cáceres, sob o tema “Criar uma Cultura de Cuidado na Igreja”.

Pela primeira vez, realizaremos a 1ª Conferência da APCB no Porto, nos dias 8 e 9 de novembro, na 3ª Igreja Batista do Porto. A receção no dia 8 inicia às 19:30 e no dia 9 às 09:30, com os palestrantes Pr. Pedro Barbosa, Pr. Tiago Bugalho, Pr. Tiago Capote e irmã Renata Gandolfo, também com o tema “Criar uma Cultura de Cuidado na Igreja”.

As inscrições podem ser feitas através deste link: https://aconselhamentobiblico.pt/?fbclid=PAZXh0bgNhZW0CMTEAAabP8YImN1sWKX9FAUm2NQteoc9n2CtDHupijus-GP9HnGRBDFnc87JhfEo_aem_sxJzFTcc3P-y6lxhV6RKfw.

Estamos confiantes de que estas conferências serão de grande bênção para todos os irmãos. Contamos com a vossa presença!

Nuvens de Outono

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Foi vista por centenas, talvez milhares de pessoas, naquele dia. Pequena, ou assim parecia por estar lá no alto, era uma nuvem que deslizava lentamente sobre o fundo azul-claro do céu, num caminhar suave, do litoral para o interior. A única nuvem.Para a maioria das pessoas que repararam nela, nada mais era do que uma pequena “quantidade de algodão” lá em cima, de aspecto macio, a maneira como o vapor-de-água se organizara na atmosfera, num formato qualquer. Iria seguir o seu trajecto, comandado por alguma brisa fora do alcance da mão humana. Decorava um céu limpo e, umas horas depois, já não seria alcançável pelo olhar dos habitantes daquela cidade, por certo. Não constituía novidade nem alimentava esperança. Quantas nuvens daquele tamanho já haviam cruzado o céu, como se passeassem sobre Samaria, sem que oferecessem uma gota de chuva sequer? Era mais uma nuvem…


Contudo, naquela cidade houve um homem que teve sobre ela um olhar diferente. Naquela pequena nuvem, ele entendeu uma mensagem. Representava o início do cumprimento de uma promessa de Deus. E apressou-se a avisar:”Vá dizer a Acabe: prepare o seu carro e desça, antes que a chuva o impeça.” (I Reis 18:44)


Porque é que ele alcançou um significado que teria escapado a outros? A resposta é simples: porque ele tinha orado! Pedira a Deus, insistentemente, que fizesse chover, depois de mais de três anos de tempo seco. 


E veio a comprovar-se que o profeta tinha razão. Aquela foi apenas a primeira de um exército de nuvens que se reuniram rapidamente, enegreceram os céus e derramaram uma chuva abundante sobre a terra, devolvendo-lhe vida. “Enquanto isso, nuvens escuras apareceram no céu, começou a ventar e começou a chover forte,” (I Reis 18:45)


A oração constrói expectativa em nós e oferece-nos uma visão diferente acerca daquilo que vai acontecendo ao nosso redor. Desperta-nos o olhar para minúsculos grãos de mostarda, um raminho de oliveira no bico de uma pomba, uma vara de amendoeira, um amontoado de ossos secos, uma estrela que se move, duas moedas de cobre, uma nuvem pequena… Refiro-me a pequenos detalhes de histórias que quem conhece a Bíblia saberá identificar: elementos que, aparentemente insignificantes, foram o princípio de algo verdadeiramente grande.

 
É fácil olhar à nossa volta e concluir rapidamente que está tudo na mesma, nada mudou, não há perspectivas novas… Sem oração, é comum irmos dar aí. Contudo, é possível inverter essa condição, permanecendo em oração e deixando que Deus amplie visão em nós. Ele far-nos-á contemplar muito mais. Iremos saborear os Seus “mimos” que nos mantêm de pé, desenvolvendo um coração agradecido até por aquilo a que antes chamaríamos sorte ou boa coincidência.  Ele far-nos-á escutar o clamor silencioso de alguém, sentir necessidades discretas à nossa volta, entender respostas à oração ainda no início, alegrarmo-nos em fé.


O mês de Setembro anuncia uma nova estação e tem sabor a recomeço. Vamos envolvê-lo em oração e deixar que Deus crie em nós um olhar diferente sobre a nossa vida, sobre os outros, o emprego ou os estudos, os projectos futuros. Ele tem novas nuvens a lançar no nosso céu, e chuvas abundantes prometidas: “Conheçamos o Senhor; esforcemo-nos por conhecê-Lo. Tão certo como nasce o sol, Ele aparecerá; virá para nós como as chuvas de Inverno, como as chuvas de Primavera que regam a terra.” (Oséias 6:3) 

Um Feliz Outono para si! 

Bertina Coias Tomé

Psicóloga

Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e em Psicologia Comunitária

Conhecer para Cuidar

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No âmbito das iniciativas do GTIR para a promoção do conhecimento dos profissionais sobre a importância compreensão da diversidade religiosa da nossa sociedade, desde o início do ano têm vindo a ser realizadas várias conferências onde cada tradição religiosa apresenta a sua perspectiva sobre os cuidados de saúde no contexto de internamento hospitalar. No próximo dia 11 de setembro pelas 11h a será AEP a fazer a sua apresentação.

Testemunho de vida sobre um pai

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Tenho saudades do meu pai. Tenho saudades das minhas conversas com ele nas três vezes por semana que íamos juntos a Coimbra para as minhas aulas de música. Tenho saudades de quando parávamos para lanchar num café local. Ainda hoje sinto o gosto das sandes que com muito custo e com muito trabalho o meu pai pagava. Hoje não sinto mais com a minha boca, mas sinto com o coração. Hoje até posso parar no mesmo café, e paro, mas a sande não tem o mesmo sabor. 

Conhecer aquele homem como meu pai foi um dos maiores privilégios da minha vida. Alguns amigos, que agora nos são comuns, refletem como ele era disponível e sempre pronto a servir no Reino. Mas eu reflito como tive o privilégio de cozinhar com ele, de fazer música com ele, de cantar e dançar com ele, de conduzir com ele, de jogar computador com ele. Sinceramente, não me lembro de conversar com o meu pai sobre as coisas maiores da vida. Lembro-me de falar pouco mais de uma ou duas vezes sobre o curso superior que haveria de escolher. Mas lembro-me tão bem de como sempre foi um encarregado de educação presente e como me acompanhou no primeiro dia de inscrição na universidade. Não me lembro se alguém vez falámos sobre as minhas maiores ambições de vida. Mas lembro-me de que ele me preparou muito cedo para todos os desassossegos do dia-a-dia. É assim que olho para trás e percebo o legado que me deixou. Claro que tivemos longas conversas teológicas, e que em parte explicam a minha avidez por fazer perguntas e obter respostas. Acima de tudo, aprendi com o meu pai que a vida vive-se vivendo. Sem cera, sem mentiras, sem esconder os problemas e sem deixar de celebrar as pequenas vitórias.

Mas às vezes me pergunto: Como a nossa relação foi tão bem-sucedida? Como o meu pai aprendeu a ser pai? Ele ficou sem pai muito cedo. Foi criado por uma tia feiticeira, ainda em Angola. Depois foi aperfilhado e aprendeu a ser homem. Veio para Portugal, aprendeu a ser evangelista. O meu pai aprendeu a ser muita coisa, mas nunca a ser pai. Enfim, chego à conclusão: ele aprendeu a ser pai ao mesmo tempo que eu aprendi a ser filha. E creio que esta foi a beleza da nossa relação. Aprendemos juntos. Estávamos em pé de igualdade na experiência de ser família. Foi nessa humildade que eu aprendi a responder como filha, mas que ele também aprendeu a ser responsável como pai. Aprendemos juntos, mas não aprendemos sozinhos. Deus foi o centro da nossa família, mas foi o Deus que tratou com cada um de nós de forma particular. O Deus do meu pai é o meu Deus, mas o nosso relacionamento com Ele nunca foi igual. O meu pai sabia disso e por isso aceitou a liberdade de como Deus estava a fazer-me filha d’Ele também. Esta realidade foi importante, e talvez ainda não a entenda em toda a dimensão porque eu não sou mãe. Mas posso entender que o meu Pai não impôs a sua forma de ser pai – cheio de ideais e conjeturas – para que o Pai tivesse oportunidade de me fazer Sua filha. Olho para trás e vejo a humildade que isso requer. O meu pai instruí-me em todo o conselho de Deus, mas precisou aprender a ser pai na medida que eu não era apenas filha dele. Deus escreveu a minha história de forma diferente da dele, e como pai teve de aprender a conviver com essa diferença, não pressionando expetativas, mas dando-me coragem para seguir o meu próprio caminho. Mas nem sempre foi fácil, nem para um, nem para outro. O meu pai teve de aprender que a independência que ele ensinou, um dia me levaria a ser uma menina cheia de opiniões. O meu pai teve de aprender que o facto de eu escutar Deus me levaria a outros lugares e profissões longe do que ele pensava que eu iria seguir. E nessa aprendizagem, o ferro afiou o ferro, como um amigo ensina o amigo, mas também um pai e uma filha se ensinaram um ao outro. O meu pai falhou, porque além de ser pai era ser humano. Eu também falhei como filha e assim aprendi muito com o meu pai. E na nossa relação de pai e filha, crescemos os dois na experiência com Deus. 

Termino como comecei. Tenho saudades do meu pai. Esta palavra, antes, era uma palavra comum, até banal. De um momento para o outro, há 13 anos, tornou-se uma palavra rara nos meus lábios, mas que foi ganhando um novo significado no meu coração. Ainda aprendo com o meu pai. Vinte e um anos de vida foram poucos para mim, mas foram os suficientes para me continuar a guiar na sua ausência. Só Deus sabe porque apenas foram vinte e um, mas a fé e vida do meu pai ainda me ajudam a buscar pelo Pai celestial e a agradecer-Lhe pela experiência de filha. 

Débora Hossi

Débora Hossi, Gestora de Conteúdo no Procurar Jesus (ministério de evangelismo na internet da Associação Evangelística Billy Graham.

Nota de Pesar

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Loretta Mae Sherwood

(14 de março de 1931 – 24 de junho de 2024)

Nascida perto de Fresno, no estado da Califórnia, Loreta Sherwood descendia de imigrantes originários de Irlanda, Inglaterra e Alemanha, que chegaram à costa ocidental dos Estados Unidos da América no século XIX. Mais nova de três filhos, com um irmão e uma irmã mais velhos, viveu os primeiros anos num ambiente rural bastante humilde, nos tempos em que a economia norte-americana passou pela “grande depressão”. Graças à melhoria das condições de vida da família, ela e os seus irmãos acabaram por gozar de uma educação privilegiada, que conduziu Loretta a uma escola profissional e mais tarde à Universidade de Passadena, da Igreja do Nazareno, onde obteve conhecimentos essenciais que viria a aplicar ao longo da sua vida dedicada à missão.

Terminado o curso superior, voltou para Fresno, começou a trabalhar como secretária e, logo a seguir, como professora. Obtidas as qualificações académicas necessárias, viria a enveredar pela carreira do ensino, tendo sido professora do ensino básico por um período de dez anos. Interrompeu então a carreira para responder pela primeira vez à chamada missionária, que a levou ao Brasil por um período de dois anos, durante o qual colaborou com a Mocidade para Cristo. Terminado o projeto missionário, regressou à sua escola em Fresno, onde ensinou por mais três anos.

Porém, o apelo missionário tinha ficado a arder no seu coração. Desde muito jovem que estava envolvida em diferentes ministérios na sua igreja local e como voluntária da Mocidade para Cristo. Tocou saxofone, cantou em coros e em outros grupos musicais. A sua paixão era servir! Assim, com o apoio da sua nova igreja na Califórnia, The Peoples Church, acaba por chegar a Lisboa a 8 de outubro de 1971. Apesar de já não estar em início de carreira, Loretta Sherwood dedicou toda uma nova vida à Causa do Evangelho em Portugal. Foi quase meio século de vida ativa nas mais diversas frentes.

Quando chegou a Portugal, a sua missão consistiu em trabalhar com a Mocidade para Cristo durante dois anos, organizando e dirigindo um coro de jovens de Lisboa e dos arredores. O coro acabou por chegar a muitos outros lugares do país e mesmo fora de portas. Terminado o período inicial, Loretta já não queria voltar ao seu país, pelo que através do missionário Samuel Faircloth, integrou-se no Núcleo – Centro de Publicações Cristãs, com quem viria a colaborar durante as quase três décadas seguintes. É impossível listar todas as atividades a que se dedicou, mas para memória ficam as sucessivas edições Prontuário Evangélico que paciente e meticulosamente organizou; participou na organização das campanhas que levaram literatura bíblica a muitos milhares de lares no nosso país; organizou e acompanhou durante vários anos os concertos, em inúmeras localidades, do grupo musical Light Stream, que provinha da sua igreja em Fresno, na transição para os anos 1980; por mais de 20 anos acompanhou ainda a tradução, a revisão e a preparação da edição de O Livro – A Bíblia para hoje, que finalmente viria a ser integralmente publicada em 2001. Chegada à “idade da reforma”, Loretta não se rendeu, decidindo dar continuidade a um sonho que lhe tinha surgido anos antes: o estabelecimento da presença evangélica em São Pedro do Sul, na região de Viseu, o que se viria a concretizar com a “Fonte”, onde, a partir de 1998, Loretta e outros passaram a ministrar aulas de música, estudos bíblicos e de língua inglesa, etc. Voltou ainda à sua casa em Caneças, em 2011, onde mais uma vez iniciou atividades para crianças e estudos bíblicos.

Quase até aos 90 anos, Loretta Sherwood continuou a espalhar o seu entusiasmo e a sua alegria por todos aqueles com que ela convivia. A todos inspirou e motivou! Voltou ontem para a Casa do Pai, mas fica o legado de uma vida dedicada ao serviço de Deus!

Aliança Evangélica Portuguesa na Aldeia das Religiões

1200 628 Aliança Evangélica Portuguesa

A Aliança Evangélica Portuguesa vai estar presente este ano na “Aldeia das Religiões”, de 20 a 22 de Junho, em Braga – Priscos, com um stand inter-activo e também com diversas apresentações de palco (Concertos, Dramas e Colóquios).

No nosso stand (a funcionar das 10.00h ás 22.00h) estaremos a oferecer literatura cristã, divulgar a disciplina de EMRE (Educação Moral e Religiosa Evangélica), apresentar Ministérios e Organizações diversos, testemunhar a nossa Fé, etc… Pretendemos que esse seja um espaço dinâmico e acolhedor para todas as idades, onde se pode tomar café, conversar, orar e até “brincar com histórias da Bíblia” no cantinho das crianças.

Destaque ainda para as apresentações que a Aliança Evangélica vai promover para as quais estão convidados!

Esta poderá ser uma boa oportunidade de partilharmos a nossa Fé em JESUS e de praticarmos saudável diálogo inter-religioso, uma vez que nesta “Aldeia das Religiões” vão existir 10 tendas de diferentes confissões religiosas.

A iniciativa é da Igreja Católica que, através do padre João Torres, nos fez chegar o convite para participarmos. Fica o convite para que as igrejas mais a Norte possam também visitar-nos nesta “Aldeia das Religiões” durante esses três dias. Serão muito bem vindos, entre as 10.00 e as 22.00h, com entrada livre! 

Noticia da Aldeia das Religiões no Jornal “Sete Margens” aqui.

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