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Geral

Ficar na Brecha: Respostas Evangélicas ao Tráfico Humano e à Prostituição na Europa

150 150 Aliança Evangélica Portuguesa

Relatório da Conferência EFN Bridge 2025 – Áustria
Fonte: European Freedom Network

Introdução

De 24 a 28 de março de 2025, a conferência Bridge 2025, organizada pela European Freedom Network (EFN), reuniu representantes de mais de 20 países em Horn, na Áustria. Com foco em networking, formação e oração, o evento criou um espaço de diálogo significativo e planeamento estratégico entre organizações e indivíduos que combatem o tráfico humano e a exploração sexual na Europa. Tive a honra de representar Portugal, juntamente com Marta Correia (Projeto Insight – Luxemburgo), e testemunhar o impacto do trabalho que os cristãos estão a realizar em todo o continente.


Negócios pela Liberdade e o Caminho da Reinserção

Um tema recorrente na conferência foi a necessidade de oferecer às sobreviventes do tráfico humano alternativas económicas viáveis. A Freedom Business Alliance apresentou modelos de microempresas que não apenas capacitam as vítimas, como também geram sustento financeiro sustentável para as organizações envolvidas na restauração.

Um exemplo marcante foi o ministério Hope for the Future, sediado na Áustria e fundado por Andrea Standenherz. Com liderança inteiramente evangélica, trabalha com mulheres que saem da prostituição, oferecendo formações profissionais e integração no mercado de trabalho. Parcerias com empresas e voluntários – muitos deles não evangélicos – são fundamentais nesse processo de transformação.


Tecnologia, IA e Ações Digitais

Ferramentas tecnológicas, incluindo Inteligência Artificial, estão cada vez mais no centro da luta contra o tráfico. Organizações como a Stop the Traffick (Itália) mostraram como dados anónimos e encriptados de vítimas resgatadas ajudam a rastrear redes de tráfico, identificar zonas críticas e padrões criminosos.

Projetos como o Justice Project (Alemanha) e o Lona Project (Suíça) usam plataformas digitais e comunicações encriptadas para alcançar mulheres na prostituição. Este contacto online permite identificar menores vítimas, responder a pedidos de ajuda e criar laços seguros. Nos Países Baixos, após a pandemia, este modelo tornou-se ainda mais relevante, com a migração da prostituição para apartamentos privados e anúncios online.


Incidência Política e o Modelo Nórdico

As ações de advocacy foram destacadas por Julia Doxat-Purser e Caroline Sanders, que fazem pressão junto da União Europeia para a adoção do Modelo Nórdico – uma abordagem legal que criminaliza o comprador do sexo e não a pessoa explorada. Já adotado por Suécia, Noruega, França e Irlanda, o modelo tem demonstrado redução da procura.

Em contraste, países como Alemanha, Áustria, Países Baixos, Suíça e Grécia legalizaram a prostituição, equiparando-a a qualquer outra profissão. Isso abriu portas para exploração em massa, especialmente de mulheres migrantes do Norte de África, Leste Europeu e Ásia. Na Suíça, por exemplo, mulheres imigrantes enfrentam grandes obstáculos burocráticos para aceder a empregos – menos na prostituição, onde não há exigências legais.


Igrejas, Missão e Tensões Teológicas

Uma pergunta ecoou ao longo da conferência: até que ponto as igrejas estão envolvidas nesta missão? Alguns participantes relataram resistência de líderes eclesiásticos, que associam este trabalho a um “evangelho social” e não à missão evangelística central.

Contudo, testemunhos por toda a Europa mostram que muitas igrejas evangélicas são líderes no movimento abolicionista. O ministério Herzwerk (Áustria), inicialmente ligado à diaconia protestante e católica, tornou-se independente para manter uma postura abolicionista. Em vez de apenas defender os direitos das mulheres na prostituição, promove caminhos de saída, cura, dignidade e liberdade.


Dados, Migração e Realidades Ocultas

Uma frase marcante resumiu o tom do evento: “Os dados são histórias de pessoas, mesmo quando quantificados.” Várias sessões demonstraram como a informação agregada pode identificar padrões entre vítimas – como idade, idioma ou método de recrutamento – ajudando a prevenir novos casos.

Também se destacou a ligação entre migração e exploração sexual. Muitas mulheres chegam à Europa com esperança de uma nova vida e acabam na prostituição – por engano ou como último recurso. Projetos como o The Strawberry Girls (Espanha) trabalham diretamente com mulheres marroquinas e seus filhos, oferecendo recursos para ajudá-las na transição cultural.


Respostas Integradas e Parcerias Estratégicas

Whitney Gerdes, da Refugee Highway Partnership (RHP), desafiou os participantes a uma resposta em rede. Tráfico, migração e exploração infantil estão interligados e exigem colaboração entre plataformas, como a EFN, a World Without Orphans (WWO) e a própria RHP.

Algumas equipas também estabeleceram parcerias eficazes com autoridades locais. Na Alemanha, por exemplo, o Justice Project colabora com a polícia criminalserviços de saúde e advogados, garantindo proteção e apoio adequados às vítimas.


Sementes de Esperança e Compromisso Permanente

Projeto Talita (Suécia), com raízes em movimentos abolicionistas do século XIX, continua a inspirar. Outras iniciativas, como o Heart Wings (Suíça), levam políticos a visitar zonas de prostituição, pressionando por mudanças legais. Enquanto isso, voluntários por toda a Europa – homens, mulheres, jovens e idosos – oferecem tempo, talento e amor a quem muitas vezes é invisível.

No meu país, Portugal, permaneço empenhada em sensibilizar escolas, igrejas e comunidades. Afinal, como disse uma das oradoras: “Não se pode parar aquilo que não se vê.”


Considerações Finais

A conferência EFN Bridge 2025 não foi apenas um encontro – foi um chamado à ação. A realidade do tráfico humano e da exploração sexual na Europa exige mais do que conhecimento. Exige oração, coragem, cooperação e, acima de tudo, compaixão.

Se quer saber mais sobre este tema, ou até juntar os seus esforços aqueles que combatem o Tráfico de Seres Humanos, junte-se a nós no próximo dia 10 de Maio, sábado, na MCI, em Mem Martins, e junte-se à Mesa Temática sobre o Tráfico de Seres Humanos, durante a hora de almoço do FÓRUM EVANGÉLICO.

Ver documento original aqui: https://aliancaevangelica.pt/site/wp-content/uploads/2025/04/Ficar2Bna2BBrecha2BRespostas2BEvangeCC81licas2Bao2BTraCC81fico2BHumano2Be2BaCC802BProstituicCCA7aCC83o2Bna2BEuropa-compressed.pdf

Esclarecimento – Notícia imigração ilegal e arrendamento sem condições de habitabilidade

1156 672 Aliança Evangélica Portuguesa

Na sequência de notícias divulgadas nos últimos dias em vários meios de comunicação social, indicando como suspeitos da prática de crimes de auxílio à imigração ilegal e arrendamento sem condições de habitabilidade por um casal dirigente de uma alegada Igreja Evangélica presente no Seixal, a Aliança Evangélica Portuguesa vem apresentar o seu repúdio pelas praticas reportadas e informar que a dita instituição não pertence à Aliança Evangélica Portuguesa, nem tão pouco,  as praticas reportadas permitiriam a respetiva inscrição.

Consideram-se desadequadas as notícias de manchete evocando a expressão Evangélicos, Igreja Evangélica ou Pastores Evangélicos, pois são genéricas e, por isso, afetam a honra, a dignidade e a credibilidade de todas as igrejas evangélicas, de todos os pastores evangélicos e de todos os evangélicos, que não se reveem nas práticas noticiadas.  

Chamamos ainda à atenção que a posição da Aliança Evangélica Portuguesa é que o púlpito, ou a comunicação oficial de qualquer igreja evangélica, não sejam usados para divulgação ou instrumentalização de qualquer campanha partidária, nem aceitamos que o nome Evangélico seja associado a qualquer partido. A intervenção política deverá ser sempre individual do crente cidadão e não da igreja como comunidade, evitando que se confundam as eventuais funções exercidas na igreja com a candidatura ou no exercício das funções publicas.

Alerta-se ainda os cidadãos em geral para se certificarem de que a entidade religiosa está inscrita na Aliança Evangélica Portuguesa como forma de distinguir as igrejas evangélicas reconhecidas por esse organismo em Portugal, das não reconhecidas. Para o efeito poderão consultar o site https://aliancaevangelica.pt/site/igrejas/ .

Forúm Evangélico 2025

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Bem vindos ao Campo de Missão

O Fórum Evangélico 2025 será mais do que um evento, será um ponto de encontro para quem deseja viver o Evangelho em ação.  Junta-te a nós para um dia de inspiração e capacitação.

📅 Data: 10 de maio
📍 Local: MCI – MISSÃO CRISTÃ INTERNACIONAL, Sintra (Ver aqui -> Localização)
⏰ Horário: 09h30 – 21h30

Entrada gratuita. Inscrições aqui -> Bem-vindos ao Campo de Missão!

Este ano no FÓRUM EVANGÉLICO teremos:

⛓️ EXPO Evangélica – onde podes conhecer e conectares-te com diferentes organizações evangélicas, aproveitando também diversas ferramentas úteis para ti e/ou para a tua igreja / ministério.

🔧 Workshops transformadores – sim, o objetivo é sairmos com uma visão e plano de ação fortalecidos

✨ Keynote Speaker: Jim Memory – Co-diretor do Movimento Lausanne Europa, um dos maiores movimentos de evangelismo global.

🙏🏻 Sala de Oração – podes juntar-te a nós em oração ou partilhar os teus motivos com a nossa equipa.

🤝 Sala Imersiva – vais ter  a experiência de poder “evangelizar” na primeira pessoa e em diferentes contextos, num ambiente preparado criativamente pelos ministérios da JOCUM e King’s Kids Portugal. 

👉🏼 Fórum Kids – um espaço especial para as crianças.  Este ano vamos ter atividades para crianças entre os 3-12 anos durante as sessões plenárias e workshops. Gostavas de trazer alguma criança? Vais poder inscrevê-la neste mesmo formulário!

🍲 Serviço de refeições no local – para que possas ter tempo de conviver e criar ligações importantes (assim podemos passar o dia todo juntos)!

👥 Mesas temáticas –  À hora de almoço podes juntar-te a um dos pequenos grupos que partilham as mesmas áreas de interesses e tomar a tua refeição ou simplesmente um café juntos. Tens como opção “Café e Palavra” (JOCUM – Jovens Com Uma Missão), “Echo Cards” (MEVIC – Missão Evangélica Inter-Cultural) e “Parceiros de Confiança” (ASPEC – Ass. Profissionais e Empresários Cristãos).

🙌🏼 Concerto de Oração – há melhor maneira de terminar este dia? Um tempo de entrega, reflexão e ação!

Partilhamos contigo o plano do dia:
9h00 – Check-in e EXPO Evangélica
10h00 – 12h30 – Sessão da Manhã*
14h30 – 16h00 – Workshops*
16h45 – 18h15 – Sessão da Tarde*
20h00 – 21h30 – Concerto de Oração

* nestes horários decorrem em simultâneo as atividades do FÓRUM KIDS (3 a 12 anos).

Partilhamos também um “Guia de Oração” pela UNIÃO da Igreja e pelo Fórum Evangélico 2025 aqui 👉 Guia

De lembrar que entre sessões e workshops, muita coisa acontece na nossa EXPO Evangélica e em espaços que preparámos como a Sala de Oração e a Sala Imersiva!

Contamos contigo no Fórum Evangélico 2025 e nesta Missão!

Marca-nos nas tuas publicações @aliancaaep e usa o hashtag #forumevangelico2025aep

Porque é que celebramos o Natal?

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A pergunta que talvez devesse estar na mente de todos, neste momento, é: porque é que celebramos o Natal? Deve ser mais do que luzes brilhantes, o Pai Natal, presentes e bacalhau, certo? Na nossa casa e na nossa igreja, usamos a coroa do advento para nos ajudar a lembrar e a concentrarmo-nos na verdadeira razão pela qual guardamos o dia 25 de dezembro para celebrar. Recordamos que a nossa salvação tomou a forma humana, que o Natal não se foca apenas no momento do nascimento de Jesus, mas aponta-nos para a Sua morte e ressurreição e recorda-nos de viver na expetativa do Seu regresso. Jesus é a luz do mundo, e nada pode impedir que essa luz brilhe nas trevas.

Mas onde é que isto tudo começou, esta expectativa de um Messias e redentor? Começou com uma promessa de um descendente especial de Adão e Eva que derrotaria a morte e o mal. E assim o mundo ficou à espera da sua redenção. Infelizmente, não demorou muito para que essa promessa fosse esquecida no meio da tragédia, da guerra, do ódio e do engano. Mas Deus não se tinha esquecido. Ele escolheu homens e mulheres, que confiaram nessa promessa, e que O amavam, para manter a Sua promessa em marcha. Lentamente, ao longo da história, umas vezes de forma mais clara do que noutras, a Promessa foi-se aproximando do momento da revelação.

Por várias vezes, parecia que a Promessa não seria cumprida. Talvez Deus tivesse ficado demasiado zangado e ofendido para continuar com o que tinha dito. As pessoas tinham abandonado Deus e viravam-se umas contra as outras. A inveja, a ganância, a corrupção, os homicídios e os abusos abundavam no povo escolhido de Deus. Deus foi empurrado para a periferia da vida quotidiana. Adorá-lo tornou-se um dever e um ritual, um amuleto de boa sorte para que os seus planos maléficos prosperassem em nome de Deus. Mas Deus recusou-se a ser usado e ripostou. Afastou o Seu povo, mas nunca ao ponto de o perder para sempre. Ele avisou-os, implorou-lhes que se voltassem para Ele, e depois teve de os castigar. Teria a promessa terminado? Para muitos, parecia que sim.

Mas ainda havia alguns que se recusavam a conformar-se com a sua sociedade. Alguns que amavam verdadeiramente Deus e que desejavam ver a Sua promessa cumprida. A eles, Deus mostrou o futuro… apenas um vislumbre do que estava para vir. Em pequenos trechos por todo o Antigo Testamento, o Messias foi revelado. Em frases curtas falava-se sobre onde e como iria acontecer, e em poesia sobre como Ele seria e o que faria. Deus falava e os profetas escreviam, sem nunca perderem a fé de que o seu Messias viria.

Mas depois, houve silêncio. Não foi apenas um momento mais calmo, ou uma pausa longa, foi silêncio. Cessaram as vozes, pararam os sonhos, e as visões, e não houve escritos nas paredes… nada! 400 anos de silêncio. Mas estariam as pessoas a ouvir? Será que não sentiam falta do som? A vida continuou e, o que é mais surpreendente ainda, a religião continuou. A fé judaica não diminuiu, cresceu e tornou-se lucrativa. Os corações endureceram-se e as mentes fecharam-se; a maioria fechou-se. Havia um remanescente. Há sempre um remanescente de homens e mulheres que se lembravam das histórias e confiavam em Deus. Esperavam, esforçavam os seus ouvidos para ouvir, os seus corações eram inabaláveis e confiavam que, talvez amanhã, talvez hoje mesmo, veriam o Messias.

As visões voltaram, mas raramente se falava sobre elas, eram mais motivo de reflexão. Algumas visões eram impossíveis de esconder, tiravam-nos o fôlego e, por vezes, até a voz. Primeiro foi Zacarias e Isabel, depois foi Maria e José. Será que era verdade? Deus lembrar-se-ia agora do seu povo? Estaria Ele realmente a enviar o seu Messias… assim? Num bebé? A uma virgem?

A promessa de Deus foi trazida à vida, literalmente. Nasceu num mundo que não estava preparado para Ele, que já não O procurava e nem desejava que Ele fosse um bebé. Os reis ficariam furiosos quando descobrissem que Ele vivia. Mas os humildes pastores ficaram emocionados ao vê-Lo, e foram convidados para um concerto privado, realizado só para eles, por milhares de anjos que apareceram de repente por cima do campo onde estavam a trabalhar. Os anjos indicaram-lhes o caminho para Belém e ali, os primeiros adoradores de Jesus, olharam para o seu Messias, ouviram-no chorar e viram-no nos braços da Sua mãe.

Outros também viriam para ver o Messias, que não eram de Jerusalém, nem da Judeia… eles vieram de longe, atraídos pela estranha estrela que viram no céu. Vieram, convencidos de que se tratava de algo extraordinário. Trouxeram presentes estranhos que talvez fossem o costume da sua terra, mas não era normal em Israel. Os presentes ou eram demasiado luxuosos para esta família simples (ouro), ou demasiado estranhos (mirra) ou demasiado mórbidos (incenso).

Deve ter sido tudo muito estranho para Maria e José. Era muita coisa para assimilar. Então, Maria fez o que tantas vezes fazia. Não questionou, nem se queixou, simplesmente refletiu sobre todas estas coisas no seu coração (Lucas 2:19). Nunca nos é dito até que ponto Maria compreendeu verdadeiramente o que tinha vivido, ouvido e visto. Será que ela refletiu sobre o Antigo Testamento e compreendeu realmente o que esta criança significava para o Mundo? Se o fez, será que compreendeu o que Lhe iria acontecer?

O Natal indicou o caminho para a Páscoa. Alegria que estava destinada a uma grande tristeza. E a tristeza que iria encontrar a verdadeira e duradoura alegria. Uma não poderia acontecer sem a outra. O plano que tinha sido posto em marcha não podia ser interrompido. Os reis não o podiam impedir, nem os sacerdotes, nem mesmo o próprio Satanás. O Messias estava entre os homens e Sua obra seria consumada; a salvação viria para aqueles que O escolhessem, a morte seria derrotada e a vida eterna seria concedida àqueles que acreditassem que a Promessa havia chegado e vencido.

E assim, no dia de Natal, não acendemos a vela que representa Cristo por causa de um bebé. Acendemo-la pelo Salvador do Mundo. Acendemo-la pelo Messias que veio uma vez e que prometeu vir novamente. Só Ele é a nossa maior fonte de esperança, paz, alegria e amor nesta vida e na próxima. Ele é o salvador do mundo, para quem todas as Escrituras apontam. Um dia, Ele virá novamente e levar-nos-á para o seu reino, para gozarmos a vida com Ele para sempre.

Porque é que celebramos o Natal?  Porque é uma ótima oportunidade para celebrar a ESPERANÇA, porque a esperança não é uma ideia, é uma pessoa: Jesus. Celebramos a PAZ porque Jesus é o nosso Príncipe da Paz. Celebramos a ALEGRIA porque Jesus traz a alegria eterna. Celebramos o AMOR porque Jesus é o amor de Deus encarnado e nada pode vencer o amor de Jesus por nós. E, no dia de Natal, celebramos a maravilhosa realidade de que Jesus, a luz do mundo, o nosso glorioso salvador e redentor, nasceu e nós fomos libertados!


Connie Duarte

Natal

2560 1707 Aliança Evangélica Portuguesa

Neste Natal eu queria
Que toda a gente sentisse,
O que seria normal:
Natal não são só, com certeza
Muitas prendas, muita festa
Será sim, muita alegria,
Porque nos nasceu um dia
Um Rei Todo-Poderoso,
Sempre pronto, amoroso,
Capaz de dar a sua vida
Como um vulgar salteador.
Mas sendo em tudo o melhor
Porque Nele não se achou engano,
Morreu aceitando o dano
E nos salvou por amor!

Hoje as pessoas esquecem
De celebrar este Rei.
Outros valores levantam,
Coisas banais adoram
E pensam que está tudo bem.
Mas, o Pai que tudo sabe
Quer alcançá-las, trazê-las
De uma vida de engano,
Para a verdade maior:
Jesus Cristo é o Caminho
Sem Ele nada é real.
Ele é a nossa maior prenda
É a dádiva de Deus perfeita,
É para todo o que O aceita
Este é o verdadeiro Natal!

Celebremos, pois, amigos
Jesus nascido em Belém.
Crucificado, esquecido,
Ressurreto, enaltecido,
Merece todo o louvor.
Na cruz ganhou a vitória
Da tumba subiu à glória,
E hoje reina em poder.
Não há mais manjedoura
Mas a certeza vindoura,
De eternidade com Ele.
Não há na terra alegria 
Que se compare com o dia,
Em que com fé O aceitei
E começou o meu Natal.

Carlota Fernandes Roque

Missionária aposentada

Semana Universal de Oração 2025

1920 1080 Aliança Evangélica Portuguesa

A Semana Universal da Oração volta a ser levada a efeito pela Aliança Evangélica Portuguesa, de 12 a 19 de janeiro. Esta é uma iniciativa que promove a unidade da Igreja evangélica em Portugal na oração a favor da Nação e da própria Igreja de Jesus Cristo. Este ano os textos foram preparados pela Aliança Evangélica da Itália, sobre o tema “Lutar pela fé“. 

A Assessoria de Oração da Aliança Evangélica Portuguesa, planeou diversas reuniões regionais, em parceria com as igrejas locais. Brevemente divulgaremos aqui o Calendário destas reuniões.

Conheça aqui o Guia de Oração 2025 – PDF

Conheça aqui quando e onde participar nas reuniões locais de oração.

A Carta para os Membros da AEP está disponível aqui.

Descarregue aqui os cartazes da Semana Universal de Oração em diferentes formatos.

O Cartaz da Semana Universal de Oração aqui.

Unidos em Oração e na Luta pela Fé em Jesus!
Deus ricamente vos abençoe!

Lavar as Mãos – o valor das tradições

2560 1709 Aliança Evangélica Portuguesa

Marcos 7:1-23

Quando penso em lavar as mãos penso no médico húngaro Ignaz Semmelweis, nascido a 1 de julho de 1818 em Buda, (que em 1873 se reuniria a Peste nas margens ocidental e oriental do Danúbio, respetivamente, para fundar uma só cidade – Budapeste). Fez o curso de Medicina em Viena, onde começou a trabalhar. (https://www.dailhadecos.pt/2018/11/17/ignaz-semmelweis/)

Ele fez parte de uma geração que começou a reconhecer o valor de autopsiar um corpo e, junto com os seus colegas, conciliava o trabalho clínico e cirúrgico, que incluía a assistência a mulheres durante o parto, com autopsias aos cadáveres que iam surgindo.

Os médicos não eram os únicos a realizarem partos. Num prédio ali mesmo ao lado as parteiras também ajudavam as mulheres a dar à luz. Muitas mulheres na altura morriam de febre puerperal, uma doença desconhecida que afetava 5 vezes mais (dependendo das fontes 2 ou 3 vezes) as mulheres tratadas pelos médicos do que as mulheres tratadas pelas parteiras. 

O jovem Ignaz dedicou-se a descobrir a razão desta diferença e propôs, de forma bastante arrogante, que a culpa era dos médicos, por não lavarem as mãos e os utensílios que usavam nas autopsias antes de atenderem uma mulher em trabalho de parto, transmitindo assim a febre das mulheres falecidas para as mulheres que davam á luz. As parteiras, todas mulheres, não faziam autópsias.

Se esta história vos interessa, podem ler em detalhe o processo científico de Ignaz em https://pt.wikipedia.org/wiki/Ignaz_Semmelweis. Ignaz não foi capaz de apresentar um argumento válido e os seus colegas, ofendidos, acabaram por ignorar a sua opinião. Ignaz entrou numa espiral descendente, foi internado num manicómio e morreu pouco depois, com 47 anos.

Aquando da sua morte já Pasteur tinha refutado a teoria da geração espontânea (1861), e pouco depois Koch publicaria a teoria dos germes ou a teoria microbiana da doença (1876), o que teria dado amplo suporte aos argumentos de Ignaz e salvo a sua reputação. (https://kasvi.com.br/historia-da-microbiologia/)

Ao mesmo tempo Joseph Lister (1865) revolucionava o campo da cirurgia ao propor a utilização de ácido carbólico como antisséptico e reduzindo dramaticamente o número de mortes por infeções pós-operatórias (https://pt.wikipedia.org/wiki/Joseph_Lister).

Afinal, Ignaz tinha razão. Lavar as mãos pode salvar vidas, e todos nós o sabemos e experimentamos recentemente durante a COVID-19.

Não era nisto, com certeza, que os fariseus estavam a pensar quando confrontaram Jesus com o facto de os seus discípulos não lavarem as mãos antes de comer. A palavra “impuras” que encontramos em algumas traduções refere-se a um aspeto espiritual e não físico. 

Mesmo tendo procurado em todo o antigo testamento não encontrei nenhuma ordem para lavar as mãos antes de comer. Embora a Bíblia pareça dar pistas sobre a teoria microbiana da doença nas descrições que faz de como lidar com a lepra (Levítico 14), a ordem para lavar as mãos vinha da tradição dos mestres Judeus e não da palavra de Deus. Jesus claramente afirma: “Deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens.”

Mas há algum problema com a tradição? Muitas tradições são boas! Esta tradição em particular, é extremamente importante, como já vimos. Eu diria mesmo: lavar as mãos é essencial! Irmãs, por favor, lavem as mãos com frequência!

Ah… o problema não é a tradição em si própria, o problema é a troca… do mandamento de Deus pela tradição dos homens. A tradição é de facto inevitável porque as rotinas nos trazem conforto e as regras nos trazem segurança. A tradição é inevitável porque traz pertença. Mas a tradição também traz poder e controlo e condenação e exclusão.

Jesus vai direto ao assunto, parecendo ignorar a questão da lavagem das mãos. Chama os fariseus de hipócritas e dá o exemplo de uma tradição em particular que se sobrepôs à lei de Deus: “Porque Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e quem maldisser, ou o pai ou a mãe, morrerá de morte. Porém, vós dizeis: Se um homem disser ao pai ou à mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corban, isto é, oferta ao Senhor; nada mais lhe deixais fazer por seu pai ou por sua mãe, invalidando assim a palavra de Deus, pela vossa tradição, que vós ordenastes.” E acrescenta: “E muitas coisas fazeis semelhantes a estas.”

Lavar as mãos é importante, mas não tem qualquer efeito espiritual. Não nos aproxima de Deus; não nos torna semelhantes a Jesus.

Não lavar as mãos não é pecado, não nos contamina, não nos torna impuros diante de Deus. Espiritualmente falando, lavar as mãos é irrelevante. Jesus diz claramente que “Nada há, fora do homem, que, entrando nele, o possa contaminar”.

Então, o que contamina o homem? “O que sai dele, isso é que contamina o homem.”

Esta parece ter sido uma resposta enigmática para os discípulos, pois pediram a Jesus para explicar a sua parábola. 

Jesus, como bom professor, explica em detalhe: “Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar, porque não entra no seu coração, mas no ventre, e é lançado fora, ficando puras todas as comidas? E dizia: O que sai do homem, isso contamina o homem. Porque, do interior do coração dos homens, saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfémia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro, e contaminam o homem.”

Não há nada intrinsecamente errado com as tradições e muitas têm valor. Mas no momento em que as tradições se sobrepõem à palavra de Deus e se tornam ferramentas para julgar os outros, discriminar, e exercer poder e controlo, estas tradições afastam-nos do Caminho que é Jesus.

Por isso sugiro que repensemos as nossas tradições e procuremos descobrir se elas encontram apoio explícito na Palavra de Deus; se elas nos aproximam de Jesus, a nós e aos nossos irmãos; se elas trazem glória a Deus; se elas não abrem a porta a maus pensamentos, invejas, soberbas e até à loucura de nos acharmos melhores do que os outros. 

E então, sim, continuemos a nossa santa tradição… de lavar as mãos.


Edite Briosa

Em Todo o Tempo Ama o Amigo

1280 853 Aliança Evangélica Portuguesa

Há amigos que são sol de pouca dura. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, e a amizade que antes brilhava teima em ficar apagada. Muitas vezes, nem é devido a qualquer conflito, mas, simplesmente, por falta de ação. Ou seja, por falta de dedicação. Surgem os afazeres da vida, e a amizade fica pelo caminho.

No livro de Provérbios, encontramos o contrário: Em todo o tempo ama o amigo, e na altura da dificuldade aparece o irmão (Provérbios 17:17). Tanto na vizinhança como no emprego ou em qualquer outro quarteirão dentro da comunidade à nossa volta, conhecemos muitas pessoas. Passamos por elas no corredor ou na rua, trocamos cumprimentos calorosos, e pouco mais. Como é que essas pessoas passam de meros conhecidos a amigos? Como mantemos essa amizade? É fácil tomarmos um café com alguém, é fácil termos dois dedos de conversa, saboreando sorrisos partilhados. Mas é nos desafios da nossa vivência humana que encontramos e desenvolvemos amizades mais profundas.

Quando surge um problema na vida de alguém que nós conhecemos, aparecemos para ajudar, ou desaparecemos, desculpando-nos com aquela noção popular de que—amigos, amigos, negócios à parte? Evitamos a complicação, tornamo-nos calculosos e cautelosos, optando por não sujar as mãos para apoiar uma pessoa em necessidade.

Amigos, amigos,
Negócios à parte.
Não quero contigo
Perder a nossa arte,
De sermos amigos no bem e no mal,
Mas não faço contas—seria fatal.[i]

Um amigo verdadeiro aparece tanto nos dias bons como nos dias maus. Dar um beijinho é uma coisa. Dar a vida é outra. Jesus disse: Não existe amor maior do que dar a vida pelos seus amigos (João 15:13). Existem pessoas que não desfrutam de nenhum raio solar, cujas vidas estão aparentemente cobertas de nuvens carregadas. Precisam não de um conhecido que apenas acena e passa na rua, mas sim de um amigo que faz tudo por tudo para aliviar o seu sofrimento.

Lembremo-nos de um certo homem paralítico que vivia na zona onde Jesus estava a ensinar, conforme Lucas contou no 5º capítulo do seu evangelho. Multidões ajuntavam-se para o ouvir, na esperança também de observarem um dos seus milagres. Jesus iniciava o seu ministério, demonstrando o seu poder e a sua compaixão de uma maneira palpável, curando muitas pessoas das suas enfermidades. O paralítico queria aproximar-se também de Jesus. Os seus amigos queriam ver o seu desejo cumprido.

Porém, o lugar onde Jesus ensinava estava esgotadíssimo, tão cheio que não havia maneira de entrar. Os amigos do paralítico queriam ajudá-lo, mas foram parados por uma parede de gente. Era como tentar enfiar nos transportes públicos na hora de ponta, quando quase nem se consegue respirar. Poderiam ter desistido, com razão. Poderiam ter dito ao paralítico, “Olhe, hoje já não dá,” num tom resignado. “Fica para a próxima.”

Mas não foi isso que fizeram. Arriscaram as suas vidas, subindo ao telhado do edifício, exigindo o máximo dos seus músculos, criando um buraco entre as telhas, pelas suas próprias mãos. Qualquer um deles poderia ter caído, lesionando-se, ficando na mesma situação do paralítico. Arriscaram as suas próprias reputações, incomodando o dono do edifício com a sua engenheira espontânea ao desmantelarem o telhado. Espreitando desde lá de cima, viram o sítio onde Jesus estava a ensinar, e baixaram o paralítico dentro do buraco no telhado, deitado sobre a sua cama, até ao meio da multidão. Fizeram tudo que estava ao seu alcance. Tudo.

E Jesus, então, agiu, na sua tremenda graça e misericórdia. Vindo a sua fé, Jesus declarou que os seus pecados estavam perdoados, uma oferta de vida eterna que excedeu todas as expectativas do paralítico. Como uma confirmação disse ato, Jesus fortaleceu as pernas do paralítico, curando-o fisicamente por completo. O paralítico levantou-se, pegou na sua cama, e saiu pelos seus próprios pés, louvando a Deus abertamente. Nada disso teria acontecido se os seus amigos tivessem ignorado o dilema do paralítico. Se fossem sol de pouca dura. 

A decisão das pessoas que acompanhavam o paralítico de serem amigos verdadeiros, de entregarem as suas vidas para o seu bem, teve um impacto magnífico. Levaram-no até Jesus. Certamente, ao constatarem o resultado de todo o seu esforço, os corações dos amigos encheram-se de júbilo. Tinham acabado de partilhar não apenas um episódio na sua amizade, mas também um momento em que a Luz do Mundo brilhou em pleno. Foi uma experiência holística de amizade, juntando a faceta física, emocional e espiritual.

Quais são as pessoas ao nosso redor que precisam não apenas da nossa presença passageira, mas, mais ainda, da nossa devoção ativa? Não hesitemos. Em todo o tempo ama o amigo! O amor da amizade é sofredor, é generoso, é paciente. As nuvens passam, os amigos não. Os amigos perduram, trazendo o calor de um raio de sol tão persistente como suave.

Jesus, por sua parte, entregou-se a si mesmo para o nosso bem, morrendo em nosso lugar para nos conceder vida em pleno, vida eterna. Se Jesus fez isto por nós, nós também devemos amar, sendo amigos que amam com o amor de Deus, para que Ele seja louvado. Um dos meus poemas chama-se “Dar a Vida,” e este pequeno excerto representa o que é sermos amigos, no sentido mais profundo da palavra.

Mas entendi que há mais
Na vida sofrida,
E Jesus mostrou-me quais
Os prazeres da vida,
Pois dando o seu grande amor
É vida, e não há melhor.[ii]


[i] Ditados Populares & Sussurros Singulares, por Lisa Lynn Ericson, Helvetia Edições, 2023, p.45.

[ii] Simplicidade Vibrante: Pensamentos Poéticos de um Fado Feliz, 2ª Edição, por Lisa Lynn Ericson, Helvetia Edições, 2021, p.222-223.


Lisa Lynn Ericson

O Deus Que Se Interessa

1280 853 Aliança Evangélica Portuguesa

Algumas mulheres sonham com o casamento e uma família desde crianças. Outras, como eu, não pensavam muito no casamento. Algumas sonham com filhos biológicos, outras em adotar, e outras não querem ter filhos. Umas sonham em viajar a dois, outras em ficar em casa e construir um lar onde possam refugiar-se quando estão cansadas. O relacionamento a dois vem em sonhos das mais variadas formas, cheiros, cores e afetos.

Mas há uma coisa que nunca faz parte deste sonho: o divórcio.

O divórcio faz ainda menos parte das possibilidades na nossa mente quando casamos com um cristão, comprometido com Deus e com a sua igreja local. Há uma certa expetativa de que um cristão viverá de acordo com o comprimisso que assumiu diante do seu cônjuge e de todos os amigos e família que testemunharam esse compromisso. Mas, mais que isso, há a expetativa de que esse cristão honre o compromisso que fez diante de Deus por amor a Ele.

Talvez esta mesma expetativa tenha, de algum modo, contribuído para nenhum de nós ter estado suficientemente atento ao inimigo, que andava como leão à nossa volta, à espera de uma oportunidade para destruir o que tínhamos, a tanto custo e com tanto sacrifício, construído diante de Deus.

Quando casámos ele estava desempregado e, dois anos depois, rumámos a um novo destino. A promessa de um emprego que traria mais estabilidade levou-me a apoiar e incentivar o meu marido quando se mudou. Pouco depois, juntei-me a ele neste novo país.

Nos 9 anos que se seguiram aconteceu um mundo: ele foi transferido temporariamente para outro país, e eu fiquei. O temporário tornou-se mais permanente, mas tinha o sonho de voltar e, por isso, não queria que eu me mudasse. Acabou por ir trabalhar para uma empresa no país vizinho ao meu. Estive à beira da morte e o emprego dele foi mais importante. Rejeitou, por orgulho, a oferta que recebeu e que lhe traria a possibilidade de morar novamente comigo. Chorei muito. Orei muito. Fiz muitos planos. Estudei mais e preparei-me para começar o meu próprio projeto, que poderia ser desenvolvido no país onde ele estava. Decidi despedir-me quando regressasse de férias, porque não fazia sentido morarmos separados mais tempo.

Estávamos no barco de Tróia, a regressar de um dia de praia com a família dele, quando recebi a mensagem.

– “Sabes quem eu sou?”
– “Não”, respondi, “mas gostava de saber.”
– “Sou a namorada do teu marido”

Nos meses seguintes descobri muitas coisas. Descobri que vivia numa mentira há vários anos. Que o homem com quem me tinha casado e que eu admirava tinha feito escolhas, e que essas escolhas o tinham tornado numa pessoa que, nessa altura, era muito feia, doente, egoísta e manipuladora. Descobri que os sacrifícios que tinha feito, no fim, não serviram para muito. Descobri que 17 anos juntos significavam muito pouco para quem tinha significado tudo para mim. Descobri que tinha baixado a guarda. Descobri que o perdão cobre multidão de pecados, mas não garante o resultado que o nosso coração deseja. Descobri que por mais que lutemos, o outro vai fazer a escolha que decidir, e essa escolha pode não ser a que esperávamos. Descobri a dor de ver a minha oferta de perdão rejeitado. Descobri a dor de ser preterida. Descobri a dor de ser deixada para trás no deserto pela pessoa que nos arrastou para lá. Descobri humilhação, desrespeito e abandono. E a vergonha de ter sido traída. E descobri que isto tudo me tinha tornado numa pessoa muito feia.

Mas foi nessa altura em que vivi o Deus que, de forma assombrosamente extraordinária, pega no nada que ficou e a restaura na forma de um coração novo. Descobri a verdadeira dependência do Pai no momento mais negro da minha vida. Senti o abraço do Senhor Jesus e as lágrimas dele nas noites em que não conseguia suportar a dor. Recebi a coragem do Espírito Santo naquelas manhãs em que precisei de ligar para o trabalho e dizer: – “Não estou bem. Não consigo ir trabalhar”.

O Deus de Perto, o Emanuel, o Consolador, o Deus que Sara.

Nos dois anos de Covid que se seguiram, a minha dependência de Deus cresceu como nunca. E a obediência imediata também. Passei muitos dias de roda da Bíblia e em oração. “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” (Hebreus 4:12) Sempre que o Espírito do Pai me mostrava uma área que precisava de ser trabalhada, eu encarava-a e fazia o que tinha a fazer. Fosse perdoar o meu ex-marido, ou perdoar-me a mim, ou lutar contra pensamentos impuros e maus.

Passo a passo, Deus foi-me conduzindo pela mão, mansamente, até às águas tranquilas. Sem pressa. Deus ensinou-me a não ter pressa. 

Lembro-me de olhar para dentro de mim e pensar: eu não sou esta pessoa. Lembro-me de não me reconhecer nos pensamentos que tinha. No desejo que Deus fizesse justiça e me vingasse. E Deus, nos seus infinitos paciência e amor, ensinou-me a ser misericordiosa comigo mesma. Mostrou-me que sim, naquele momento eu era aquela pessoa. E não precisava de ficar preocupada, porque não era definitivo. Disse-me que era um processo e que Ele era fiel para completar a obra que tinha começado em mim. Que ia continuar a trabalhar em mim para me restaurar, me devolver a alegria da minha salvação.

Lembro-me de, em certo momento, fazer esta oração: “Ó Deus, só restam estes cacos, esta carne passada duas vezes pela picadora. Não sobrou nada de mim. Não sei o que é que vais fazer com isto, nem como o vais fazer. Mas está aqui. É teu. Sei que vais restaurar”.

Nos últimos três anos tenho trabalhado cada área que Deus me tem mostrado que precisa de ser tratada. Uma a seguir à outra. Sou uma pessoa mais bonita do que antes, porque sobrou menos de mim e mais de Cristo em mim.

Também meti mãos à obra para descobrir quem é a Carolina que se tinha perdido no casamento. Descobri que afinal gosto de andar de kayak nos fiordes, de dançar, de (tentar) fazer surf, de dar caminhadas pela montanha… Ah, e adotei o Latte, o cão mais fofo à face da terra. 

Deus tirou-me do deserto e trouxe-me de volta a casa. Voltei a servir a Igreja na casa que o Pai preparou para mim. Voltei a abraçar e ser abraçada pelos meus irmãos de quem tive tantas saudades. E apesar de não saber ainda o que Deus tem para mim aqui em Portugal, aproveito cada oportunidade que Ele me dá para obedecer. 

Faz-te disponível para Deus. Sê pronta a obedecer no momento em que Deus traz ao teu coração alguma coisa que tens de mudar. E agarra rapidamente as oportunidades que o Espírito Santo traz à tua vida para servir. Porque a cura vem da obediência, do derramar do coração sem barreiras, e do pecado deixado diariamente aos pés da cruz.

Hoje quero dizer-te uma coisa que talvez ninguém te tenha dito ainda:

Deus interessa-se. Deus quer saber. Achega-te a Deus e vê como Ele se achega a ti.

Que o Deus da Graça te abençoe tremendamente. 


Carolina Marmelada

Nem tudo é montanha, nem tudo é vale. Não está calor todos os dias, nem sempre está a chover.

606 685 Aliança Evangélica Portuguesa

Esta é forma como vejo a vida e como me tenho desenvolvido enquanto pessoa.

Nascida num lar onde Deus era respeitado (talvez não de forma integral), cedo aprendi que o Deus Criador era um Deus próximo e Salvador. O Evangelho passou a fazer parte da minha vida ainda na infância, mas seria somente aos 15 anos que a minha vida passaria a fazer mais sentido. O meu encontro com o Cristo real acontece alguns meses mais tarde.

Tinha a consciência que a minha salvação era uma dádiva e que a responsabilidade de viver de acordo com ela nunca seria uma opção, antes um dever.

Já formada rumei a Coimbra, onde continuei a exercer a profissão que tinha escolhido: ser professora. Depois de uma escola na área de Lisboa, passei por outras mais na zona centro…

Como ‘a quem muito é perdoado, muito ama’, percebi que ser professora era uma fase que estava prestes a chegar ao fim. Foi, então, que Deus me chamou para O servir de alma, coração e tempo. Agora no Porto há 28 anos, consigo entender o propósito de cada um dos meus dias, percebendo como este lindo caminho que Ele planeou para mim, e por onde me tem guiado, é uma revelação poderosa e palpável do Seu eterno amor por mim.

No entanto, nem tudo é montanha, nem tudo é vale. Não está calor todos os dias, nem sempre está a chover.

Nos vales da ‘noite’ tem-me guardado e fortalecido; no esplendor da montanha tem-me deliciado com a Sua presença manifesta; quando o céu se acinzenta com nuvens densas e negras é, então, que chove, chove, chove sem parar; e o frio entra nos ossos e não há como fugir dele… mas, de repente (eu amo os ‘de repentes’ do Senhor Jesus) o sol brilha e tudo parece calmo, libertador, perfeito… como se a natureza celebrasse a vida, rodopiando sem parar, dançando e cantando um hino de adoração ao Criador!

Quero crer como Ester, que para ‘este tempo vim’, para um tempo de uma intensa colheita, fazendo parte de uma geração de valentes, nova e determinada, que não se entrega, não se deixa corromper e que não se encanta com as ‘iguarias’ dos ímpios. Geração que serve, que ama, que sonha, que crê e que se levanta para que, nos dias de hoje, o Seu Nome seja exaltado e a ‘glória do Senhor inunde a terra, como as águas cobrem o mar’ – estas são as batidas do meu coração….

Ainda que … nem tudo seja montanha, nem tudo seja vale. Não esteja calor todos os dias, nem sempre esteja a chover.


Ana Pires
Pastora da Igreja Apostólica Nova Geração

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