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ALIMENTAÇÃO E CONFINAMENTO

ALIMENTAÇÃO E CONFINAMENTO

626 417 Aliança Evangélica Portuguesa

Como seria se pudesse manter um corpo saudável durante o confinamento?

Neste período delicado de isolamento social, muitas pessoas aproveitaram para comer melhor e pensar mais na saúde. Por outro lado, no confinamento geram-se também momentos aborrecidos e episódios de ansiedade, o que por vezes nos leva a comer mais e de forma menos saudável.

De acordo com um estudo da Direção-Geral da Saúde (DGS), realizado em parceria com o Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, denominado REACT-COVID, cerca de 45% dos inquiridos indica ter mudado hábitos alimentares, com quase 42% a admitirem ter sido para pior.

É um fato que a pandemia mudou a nossa vida e a nossa rotina, inclusive alimentar. O frigorífico próximo com comida sempre ao alcance e os horários irregulares de trabalho, são convites para uma alimentação mais desregrada, mas não precisa de ser assim.

Aqui estão 7 sugestões que podem ajudar a estarmos em paz com a comida e com o nosso corpo durante o confinamento. Podem ser inseridas na sua vida aos poucos, sempre respeitando o seu próprio tempo.

1 . Crie uma rotina que respeite o seu corpo

Os horários podem ser diferentes com a pandemia, mas mesmo assim é importante que se tenha uma rotina alimentar. As nossas células funcionam em ciclos (dia/noite, jejum/comida, acordar/dormir) e precisamos de respeitar esses ciclos para que o nosso sistema de defesa funcione bem e faça os reparos necessários a cada dia. Adaptar a sua rotina alimentar aos seus novos horários durante o confinamento é essencial para promover a sua saúde.

2. Não faça dietas puramente restritivas

Este tipo de dieta desequilibrada pode aumentar o seu stress, criando um ciclo vicioso que pode levar ao ganho de peso futuro e à compulsão alimentar. Crie hábitos alimentares saudáveis e não uma lista de restrições.

3. Cozinhe mais alimentos frescos de forma prática.

Talvez seja a hora de aprender a cozinhar alimentos saudáveis, frescos de uma maneira prática e que funcione para si. Eu entendo que pode ser difícil “engolir” isso, mas acreditem que cozinhar não precisa de ser uma tarefa chata. Precisamos de reaprender a gostar dos alimentos como eles são e a vê-los como uma dádiva. Existem várias maneiras de simplificar a preparação dos alimentos e mantê-los saborosos. Planear as refeições com antecedência ou cozinhar a dobrar e em seguida congelar uma parte, são alguns exemplos que podem ajudar a facilitar o dia-a-dia na cozinha. Tenha em mente esta verdade: para comer bem é preciso cozinhar de forma prática, não se iluda. Abrace este desafio.

4. Reconhece e acolhe o comer emocional.

Já ouviu algo assim: “A verdade vos libertará”? Pois é. As emoções são parte da vida e controlá-las racionalmente não costuma ser um caminho eficaz. É preciso saber geri-las. Negá-las racionalmente não vai funcionar a longo prazo. É verdade que muitas vezes comemos para nos sentirmos mais felizes e faz parte. Porém, existem outras coisas que podem ajudar-nos a sentirmo-nos melhores e cada pessoa pode descobrir a sua maneira de auto-cuidar-se.

Seja verdadeiro(a) consigo mesmo(a). Admita a sua dificuldade em gerir a raiva, a frustração, a indisciplina. Reconhecer vai ajudar-lo(a) a achar soluções, a procurar ajuda e a encontrar uma vida cheia de emoções e sentimentos com mais bem-estar.

5. Atividade física

O exercício físico liberta algumas substâncias ligadas ao nosso bem estar que são chamadas  endorfinas. Numa situação de isolamento social, o nosso bem-estar é algo que é muito bem-vindo, principalmente nos dias em que não nos apetece treinar. Geralmente, esses são os dias em que mais precisamos de gerar bem-estar na nossa vida. Procure uma atividade física que possa fazer regularmente, mesmo que mude o tipo de atividade de tempos em tempos.

6. Dormir ajuda a ter um corpo saudável

Dormir cerca de 6 a 8 horas ajuda a controlar o apetite. Quando dormimos pouco, produzimos mais grelina, que é uma hormona responsável pela sensação de fome. Além disso, quando dormimos bem, produzimos mais leptina, que ajuda a aumentar a nossa saciedade. Assim, uma boa noite de sono ajuda-nos a sentirmos menos fome durante o dia e também a estarmos mais satisfeitos(as) com o tamanho das doses que consumimos durante as refeições.

7. É sede ou fome?

Já senti fome pouco tempo depois de ter feito uma refeição e ter saído da mesa satisfeito? Isso não tem a ver com gula nem com compulsão alimentar, e acontece por uma confusão do hipotálamo, a zona do cérebro responsável por controlar algumas funções orgânicas e sensações relacionadas à fome/saciedade. As sensações de sede e de fome podem provocar essa desordem no hipotálamo pelo facto de que uma das maneiras de o organismo conseguir água é através dos alimentos (que contêm água). Desse modo, o cérebro confunde os impulsos de sede e fome, como se precisasse comer para saciar a sede.

O ideal é que tenha o hábito de beber água mesmo sem sentir sede, pois a sede já é um sinal de que o corpo está desidratado. E, se sentir fome pouco tempo após alimentar-se, tome um copo de água e espere alguns minutos antes de comer novamente.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a alimentação é uma das ferramentas mais eficazes e disponíveis para promover a saúde. Os alimentos não servem apenas para nos fornecer energia e levar-nos a engordar ou a emagrecer. Eles possuem nutrientes que regulam o sistema de defesa, a produção de hormonas e que podem inclusive modular a expressão de genes associados a doenças como a obesidade, o cancro, o diabetes tipo 2 e as doenças inflamatórias intestinais.

Assim, vamos olhar para a alimentação como uma aliada e não como algo que “temos que fazer” para ter saúde durante o confinamento. Essa atitude de reconhecimento e de acolhimento traz mais leveza ao dia-a-dia e ajuda-nos a melhorar o nosso comportamento alimentar.

Para mais informações, consulte o relatório “REACT-COVID: Inquérito sobre alimentação e atividade física em contexto de contenção social“.

Patricia França

@patriciafranca.nutri

Mestre em Nutrição e Health Coach

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