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A minha experiência nos Acampamentos da Acção Bíblica em Bias do Sul

A minha experiência nos Acampamentos da Acção Bíblica em Bias do Sul

150 150 Aliança Evangélica Portuguesa

Fiz o meu primeiro acampamento com cerca de 4 meses, no verão de 1983. Obviamente não tenho memórias desse primeiro encontro com o Centro de Retiros de Bias. Mas esse foi o primeiro de muitos que se seguiram, desde campista a voluntária, realizando as mais diversas tarefas, tais como PPTO (nome carinhosamente atribuído a quem executa uma série de tarefas práticas para o bom funcionamento dos acampamentos), monitora, responsável pelo grupo de crianças existentes no acampamento, enfermeira, enfim, o que quer que fosse preciso e eu soubesse fazer.

Os primeiros acampamentos de que me recordo, são os de Sempre Feliz (ministério de crianças). E como fui feliz em cada semana que lá passei! As histórias da Bíblia, o carinho dos monitores e responsáveis, toda a rotina e dinâmica que existiam, as surpresas… era, efetivamente, para mim, um cantinho do céu na terra.

Mais tarde, já com 12 anos, fiz o primeiro acampamento de JAB (Jovens da Acção Bíblica), onde tomei a decisão de entregar a minha vida a Cristo, meu Senhor e Salvador e hoje, 28 anos depois, dou graças por continuar esta jornada com Ele e por Ele.

Os acampamentos de jovens tiveram um impacto muitíssimo importante na minha caminhada, uma vez que coincidiram com alguns dos piores anos da minha vida, em que vivi no Porto, com a minha irmã, a minha mãe, avó e tio, após o divórcio dos meus pais. O convívio diário com duas pessoas com doenças psiquiátricas graves (mãe e avó) e o tio toxicodependente (e por isso muito agressivo), deixaram-nos à margem de uma realidade estruturante, funcional, harmoniosa, amorosa, enfim, saudável, que todos desejamos. Apenas no período de férias escolares, esta realidade em que vivíamos era brevemente ofuscada e o tempo de acampamentos era uma lufada de ar fresco, trazendo então uma nova força e esperança para os meses seguintes que enfrentaríamos. Muitas e importantes decisões foram tomadas, algumas levadas em frente, outras ficaram perdidas no tempo. Não obstante, as amizades que criei foram alicerces para a minha vida. Amizades sólidas, edificantes e, algumas que tenho a alegria de dizer que duram até hoje. Oh que bênção!

Numa outra fase, ainda na adolescência, depois de ter saído do Porto (primeiramente em Sesimbra e depois em Lisboa), num meio familiar mais favorável (embora ainda com muitas lacunas) e integrada na igreja local, participei, então como voluntária em vários acampamentos. E cada experiência recordo com carinho, apesar dos muitos desafios, de algumas vezes ter saído fora da minha zona de conforto, mas onde também me construí, conheci, fui “esticada” e, certamente, muito abençoada, porque “é mais bem-aventurado dar do que receber” disse o apóstolo Paulo, relembrando as palavras do Senhor Jesus.

Esta experiência de servir nos acampamentos é, para mim, e penso que para todos os que o fazem, muito diferente de servir na igreja local. Para além de ser um local diferente e uma semana fora da rotina habitual, envolve trabalhar com outras pessoas com quem não estamos habituados, isto quando são pessoas que não conhecemos de todo. Porém, o facto de sermos irmãos em Cristo e o objetivo primordial ser dar-Lhe toda a glória no que fazemos, contribuem sobremaneira para que o trabalho em equipa se desenvolva, apesar das diferenças de opinião e formas de trabalhar, estando “unidos no mesmo modo de pensar e no mesmo propósito.” (I Coríntios 1:10)

Quando comecei a trabalhar, casei e a família aumentou, o único Acampamento que nos foi possível fazer, foi o de Famílias. Sempre que participamos, saímos de lá edificados, mais capacitados para construir a nossa família de acordo com a visão de Deus e com a certeza de que as lutas, as dificuldades, os avanços e recuos que tantas vezes acontecem, não são exclusivas do nosso casamento.

No ano passado, tive oportunidade de poder voltar a trabalhar num Acampamento, o de jovens, juntamente com o meu marido. Os nossos filhos também estiveram, e para mim, esse foi um dos aspetos mais importantes, porque, assim como para mim sempre foi uma prioridade servir nos acampamentos, gostaria que eles tivessem também esta visão e, obviamente, pelo exemplo que lhes transmitimos, espero que também seja uma prioridade para eles.

Se me perguntarem o que significam para mim os acampamentos, de forma resumida, digo com toda a convicção que são um tempo de encontro com Deus. 

Tem sido esta a minha experiência ao longo dos anos.

Susana Fernandes

Mãe a tempo inteiro e formada em Enfermagem

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