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A Criança – o futuro da sociedade; o presente e futuro da igreja.

A Criança – o futuro da sociedade; o presente e futuro da igreja.

2560 1707 Aliança Evangélica Portuguesa

Chegam quase sempre com um sorriso imenso, gostam de dar abraços quentes cheios de afeto e de um modo extremamente sincero mostram os sentimentos. Gostam de brincar como ninguém, um brincar cheio de cooperação e interajuda, repleto de imaginação cheio de interações e de construção de novas relações. 

As crianças cheias de afetividade, de vontades, de desejos e de sonhos têm de ser celebradas todos os dias, e a nossa responsabilidade enquanto potenciadores do seu futuro e nunca obstáculos, tem de ser recordada. 

É nesta relação construída que a criança vai edificando o respeito pelo outro, desenvolvendo a sua capacidade de falar, de criticar, de escutar, de apoiar de entender praticamente o que os outros sentem. Através da relação e com base na Palavra de Deus, conseguimos dar-lhes um sentido e viver cada momento de uma forma completamente especial e única. 

As crianças vão crescer e vão sendo responsáveis por cada tarefa que executam, preocupados com o bem-estar dos outros, irão adquirir conhecimentos importantes ao longo da vida que lhes permitirão solucionar problemas e todas serão necessárias.  Esta é uma mensagem fundamental a ser transmitida: todas são importantes e todas têm um valor!  

Uma boa autoestima poderá também ser fortalecida pela noção de que a criança é amada por Deus e por outras pessoas que acreditam nela e nas suas competências. Existe uma segurança tão profunda que vem de saber que somos criados com valor e potencial por um Deus que nos conhece e está sempre perto de nós. Que maravilhoso será que as nossas crianças compartilhem desta fé, reconheçam o seu valor e o valor do outro, amando o outro.

Ao estarmos com a criança construímos um espaço de cooperação, de envolvência que promove o sentir, a realização de sonhos, que ajuda a criança a acreditar em si própria e a ultrapassar as suas dificuldades. Temos o dever de abraçar a criança, de a fazer sentir digna dos seus direitos, porque todos os dias a criança tem direito a ser feliz, a sentir-se importante para os outros, a continuar a sonhar, a imaginar e a brincar sem parar.  

A forma como motivamos as nossas crianças é determinante para o seu futuro.  

Todos os adultos envolvidos no processo educativo enquanto pais, família, professores, educadores, líderes de igreja, voluntários ou outros adultos significativos temos por objetivo apoiar a criança a ultrapassar os obstáculos, gerir as frustrações e as emoções num trabalho continuo de acompanhamento e motivação que desejamos que traga os seus frutos: crianças honestas, sensatas, resilientes, amorosas, motivadas e cheias de fé.  

Desejamos ser uma boa influência para que as nossas crianças não se tornem adultos arrogantes, egoístas ou até cruéis. Para promover o seu desenvolvimento adequado é importante refletir em algumas estratégias de motivação, na relação com as nossas crianças:

  • elogiarmos o esforço que a criança desencadeia em vez de nos centrarmos nas competências que tem ou que ainda não adquiriu ou nas capacidades cognitivas que exibe. A criança que é elogiada por trabalhar de uma forma determinada e motivada, tem maior probabilidade de conseguir abraçar novos desafios e de permanecer motivada ao longo de todo o processo. É importante que o elogio que se dá à criança seja motivador para uma constante aprendizagem e suplementação de desafios. 
  • outra estratégia é o encorajamento para que a criança possa experimentar coisas novas, mesmo que pareçam difíceis. A perseverança é composta por interesse, prático, propósito e a esperança. Na Associação Crescer com Amigos, por exemplo promovemos o desenvolvimento e, acreditamos que é no trabalho individual do voluntário com a criança que haverão possibilidades de crescer para um futuro com mais esperança. Neste trabalho de proximidade é importantíssimo que cada um de nós ao trabalhar com a criança seja caloroso e compreensivo, e torne todo o processo de aprendizagem de novas estratégias emocionais e comportamentais, bastante divertido. Quando a criança tem oportunidade de alcançar algo que faz com que se sinta bem, este sucesso trará mais confiança e será motivador para outros sucessos. 
  • uma estratégia também importante é a celebração após cada tarefa alcançada., no entanto, é nossa função não permitir que a criança dependa demasiado destas recompensas. Embora o sistema de recompensas possa ser profundamente útil em momentos específicos, usado incorretamente, pode minar por completo o interesse nas atividades que poderiam vir a ser gratificantes. Enquanto mães, professoras, educadoras devemos optar por encorajar as crianças a fazer aquilo que tem de ser feito, reconhecendo os seus sentimentos e oferecendo explicações alternativas ou escolhas. 

Como pessoas integrantes numa comunidade nem sempre defendemos a infância das nossas crianças e os seus verdadeiros interesses. Muitas vezes impomo-nos a cada uma delas, sem olhar a fundo as suas dificuldades ou fragilidades e sem pensar no impacto que criamos nas suas vidas. 

Há dias em que falamos um pouco mais alto, com falta de consciência ou de sensibilidade para entender o que se está a passar. 

Também levamos o nosso cansaço para dentro de casa e esquecemos que ficamos mais irritadas e com menos paciência. Deixamo-nos levar pelas emoções e preocupações que ultrapassam a calma e a capacidade de escuta. Por vezes não nos dispomos a compreender a atitude das crianças quando estão chateadas, quando se queixam, perdemos a capacidade de ouvir, escutar e abraçar quando tanto necessitam. Tantas vezes preenchemos excessivamente o tempo que devia ser de brincadeira, porque na verdade continuamos a considerar o tempo das crianças como nosso, dos adultos. Precisamos como adultas, saber agradecer mais e pedir mais vezes desculpa.  

Agradecer porque cada criança nos lembra que o brincar é mesmo importante, que todos os diálogos são partilhas das suas descobertas e que as ligações e conexões que realizam são fenomenais.  

As crianças, têm uma capacidade incrível e única de nos recordar que a educação se faz de relação.  Todos erramos, crescemos e ultrapassamos juntos as fragilidades e prosseguimos…  Saibamos nós não esquecer que um dia também já fomos crianças… 

As crianças são verdadeiramente o futuro, que cada uma de nós possa contribuir para um processo educativo que promova o crescimento de “boas pessoas” cheias de fé, crianças felizes equilibradas, motivadas e determinadas!  

Dizem que é preciso uma aldeia para criar uma criança. Com uma certeza inabalável nos nossos corações, que num mundo em constante mudança não podemos desistir de assumir a nossa responsabilidade como igreja, até que todas as crianças consigam ver e sentir que são amadas incondicionalmente.

Marisa Bossa

Psicóloga Clínica
Pós-graduação em Terapia de Casal e Terapia Familiar
Supervisão em Sociedade Portuguesa em Terapia Familiar (SPTF)

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